21.5.12

Quando a gente lê III

"Teria por ai um lugarzinho? Um lugar qualquer, me ajeito em todo 2m² pra te ter pra sempre! Sabe aquele potinho do qual você fala? Serve! Pode ser! Corre pegar ele, antes que sua cabeça mude e você não me queira na sua estante ou em cima do seu piano. Pode ser na caixinha de música também, para poder abrir quando quiser lembrar; eu danço aquela coisa ridícula na ponta do pé pra te ver sorrir.

Me pendura na bolsa, cuja a qual, você jamais desgruda ou deixa alguém tocar. Estou sujeita a tudo pra te ter por perto.

E, naquele dia, você sentou e sua mão de dedos compridos e unha bem feita deslizava sobre o piano como se fosse cetim, e eu ali sentado como um dois de paus maravilhado, às vezes servindo até como peso de papel ou como encosto pra sua cabeça e valeta pras suas lágrimas.

Era a tardezinha, o sol estava pra se pôr e, a uma hora dessas, o céu estaria fazendo um show. Você sentou no piano como de costume, o tom era pesado, seus dedos apertavam as teclas de tal forma; sua raiva era grande e você se quer me deu o sorriso de sempre antes de começar, você não percebeu, mas o piano tremeu.

Você tinha total atenção em mim e naquele dia aquela musica não era pra mim, aquelas lágrimas não eram minhas e até o seu perfume era outro.  Quebrei!"

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