22.12.11

Ensaio pro fim

Sabe, às vezes eu fico procurando entender porque eu gosto tanto assim de você. Eu sei que você vai falar pra eu nao entender, pra eu só sentir, pra eu me entregar e um monte de pra eu's. Mas é difícil. Eu não gosto de dúvidas, de coisas mal resolvidas. E com a gente vai ser assim. Você sabe que vai. A gente vai se ver de novo. E você sabe o sentido do meu ver. É inevitável. Umas e outras cervejas e basta. Acende. Queima. E vai gritar. E vai procurar. E vai ceder, que no dicionário significa desistir de alguma coisa por alguém.

Por quantas vezes você desistiu de você por mim? Quantas vezes? Foi amor, eu também sei que você não gosta de rotular, mas é isso que tá dentro de você, foi isso que a gente viveu. É disso que a gente não consegue se livrar. E agora a gente tá aqui, sem saber lidar com o fim, meio indo, meio pedindo pra ficar. E não dá. Tá estragado. Tudo que começa errado termina errado. Não tem jeito.

E aí eu chorava sem você saber, deitada no teu colo, no teu peito. Fraca. Chorei em silêncio inúmeras vezes. Talvez você também não saiba disso. Chorei muito na sua frente. Só esqueci de te contar. Omissão. Meu estilo de vida. Que você insiste em dizer que não combina nada comigo. Me rasga de elogios. Engole o choro porque precisa ser forte. E cai nos minutos finais, meio que cavando a própria cova. Você
cavou sua cova em mim. É aqui que você vai morrer.
E é justamente nessas horas que o cérebro reúne as melhores cenas desde o começo e fica martelando a memória. Coisa chata. Pra gente fraca. Como eu. Enlouquece. O pensamento realmente atrai. Pensei tanto em você que te confundia nas ruas, pedia sua presença nos lugares, fui te trazendo devagarinho pra minha vida, fui te ganhando. E me perdendo.

Não sei se isso te conforta, mas a gente não vai se esquecer. Eu disse que era pra sempre, não disse? É, algumas coisas eu consegui dizer. Não pensa que eu já vou ter te esquecido se vc me vir com outra pessoa. Se eu sair de perto é pra não cair
em tentação, pra não deixar espaço pro seu olhar me encontrar. E toda aquelas coisas.
Eu aprendi. Todos os dias. Foi a maior dor que eu já senti. Pode me colocar num potinho se preferir, mas vão faltar alguns pedaços. Foi caindo conforme eu andava de volta pra casa. Tá na hora de crescer. Foi perfeito.
Preciso ir.
Vou almoçar.

20.12.11

Quando a gente lê

"E se tudo corresse pra longe? Assim, sem tempo de alcançar? E se nada fosse verdadeiro? Concreto. E se tudo o que você espera jamais chegasse? Pois é, o dia amanheceu cinza e da minha sacada mal se vê o sol a oeste. Tudo bem são só nove horas da manhã, quem sabe a meio dia o sol não aparece. Estou de férias mas resolvi acordar cedo, aproveitarei o dia cinza pra refletir o sentido das cores. Entro e me deparo com a parede vermelha do meu quarto, o vermelho meio vivo e meio queimado, talvez represente o "inside", coisas que só o subconsciente entenderia.
Corro pra cozinha preta e branca, talvez pense que seja um pouco demodê, afinal de contas, ninguém cozinha mais como antigamente. Na sala, uma parede coberta de pedras rústicas, brutas num tom nudi pra quebrar total o gelo da parede e do verde musgo do sofá. Chego no escritório em um tom amarelo bebe e olho nos olhos azuis piscina da minha mãe que, quando um pouco zangados, ficam verdes, assim, como um oceano poluído. Volto pra sacada e percebo que o sol ainda não apareceu para mim, desito das cores e volto a dormir. Meio tonta, acordando sem hora, volto pra sacada e percebo o sol a leste, tom do cinza foi quebrado e o laranja meio avermelhado tomou conta de parte do céu, perdi o dia e alguns sentidos de cores."

19.12.11

Com cuidado

Falando sério, agora, eu ainda não sei o que estamos fazendo juntos. Ambos sabemos onde isso vai dar. A dor que iremos sentir. É um abismo e estamos descendo lentamente. Optamos por isso. Juntos.
Tomar cuidado? Agora? "No vão da coisas que a gente disse?"
Desculpa, mas eu deveria ter tomado cuidado pra não deixar o seu olhar vestido de preto cruzar com o meu, inocente. Me encarando. Deveria ter zelado pela segurança do meu coração. Hoje ele chora. Como você, talvez.
"É estranho. Confuso. Escondido. Complicado.
E bom. E maravilhoso.
Me espera?" - suas palavras no bilhete hoje pela manhã.
Te espero sim, mas já vai saindo daí, onde quer que você esteja. Eu não aguento mais.

Lá na frente existe um muro. É o nosso ponto final.
Chegaremos de mãos dadas até lá, acredite. Na escalada nos tornaremos apoio. No topo a gente ri. E senta um pouco pra descansar. Recupera o fôlego, não se despede e salta.

Com cuidado.
Tudo anda frágil demais pro nosso lado.

16.12.11

Post-it

Incrível como eu te quero mais toda vez que eu tento parar de pensar em você. Toda vez que eu tento tirar essa sensação de possessividade e amor bandido de dentro de mim, te quero com mais intensidade. Parece que meu cérebro guardou as melhores frases, as melhores caras e todas as suas bocas. Tá com um Post-it amarelo escrito
"NÃO ESQUECER" em cima do teu nome. E assim faz com todos os lugares em que estivemos. É post-it que não acaba mais. Estou dizendo cabeça, porque o coração guarda tudo. Pra onde vou lá vem ele, um pouco atrasado, às vezes, com um pacote de você nominal a mim. Você se abre, eu me encontro.

Você é forte. Me derruba. Eu me rendo.
Chegou a lugares onde nenhum outro post-it alcançou.Queria poder contar pra todo mundo. Ou melhor, te mostrar pra todo mundo. Dizer que você, do meu lado, toma proporções gigantescas. Banquinho pra post-it. Aí vem você descontente me dando a infeliz definição desses pequenos adesivos: todos podem ser removidos com facilidade, sem deixar marcas ou resíduos, que são vários os seus tamanhos e que podem ser colocados em qualquer lugar. Usados por qualquer pessoa. E diz ainda, meio sem conseguir, que eu escolhi o menor deles pra te marcar. Que você aceita, mas esperava mais. Busca rápida por palavra de forte impacto. Nada vem. Post-it condicionado a você. Segue colado.

- Vem cá. Deita aqui.
Acalma esse seu desespero no meu peito enquanto eu te faço um cafuné. Sei que é difícil eu dizer essas coisas, mais ainda você ouvir. Logo você que tem sempre palavras prontas pra impressionar, pra dar um jeitinho aqui e ali. Pra esconder. Pra omitir. O SEU jeito. E as coisas não funcionam assim. Não sempre. Usa o seu jeito pra me tirar o fôlego de um jeito novo, pra me dizer um bom dia que me faça esquecer do calor, do frio, do trânsito. Esse ciúme, esse descontrole, essa coisa desnecessária, pra que isso? Olha pro lado. E olha pra mim. Não pede pra eu confiar em você, só constrói a base. Outra vez. Faz valer. Eu caí, eu chorei, doeu em mim também. Mas ao contrário de você não existe post-it na minha dor. Dor a gente esquece. E pra não doer a gente faz diferente.
Já suportei demais, em silêncio, em discussão, passei por cima, não lembrei de nada e você não lembrou de mim. E todas as horas depois te encarei. Te quis. Me esqueci.
É cansaço, não é falta de querer, amor, ou qualquer outra dessas coisas que você insiste em chamar. Não me impressiona. Descarrega post-it na coragem, no respeito, no amor. Muda! E vem.

Post-it nisso também.

12.12.11

I

Amanheceu.
Queria te ligar. Eu te liguei. Deu caixa postal.
Aí resolvi vir pessoalmente abrir a tua janela, acho graça o seu fugir das coisas que te irritam.
Como os raios quentes de sol atravessando o cobertor pra te roubar dos teus sonhos, por exemplo.
O que eu to fazendo aqui? É simples! Vim te visitar!
Sim, antes do trabalho, qual o problema?
Talvez eu nem vá trabalhar, tem uma mesa de café da manhã que eu trouxe.
Como pra quem? Pra gente! Pra você, pra quem quiser começar o dia. Aproveita, eu não sou sempre assim. Oras, como eu entrei, pela porta! Chega de perguntas!
Ajeita o cabelo, escova os dentes, tira o pijama, enquanto eu agradeço por essa sacada.
Ah! Deixa o humor matinal ir pela ralo também. Não estou com pressa. Tens quanto tempo quiseres.

II

Achei teu olhar meio confuso ontem quando desceu do carro, achei que pudesse ser alguma coisa comigo, afinal, te prometi um fim de semana e não fiquei nem algumas horas. Tá tudo bem?
Claro que você pode me dar um abraço!
Daqui pra frente você não precisa me pedir mais nada, chega e faz. Cadê o manual de como surpreender uma mulher?
Não existe mais a linha que barra, que repreende, eu sou tua e o pra sempre voltou.
Sabe o medo? Ele não existe mais, acabou a dor, o sofrimento. Tá vendo o meu sorriso?
É nele que você vai se sustentar. Claro que vai conseguir, olha pra mim.
Confia. Você ainda é reflexo de mim.
A leveza que você tanto me pediu chegou, ou melhor, voltou! Barulho na rua, no sinal, no bar da esquina, barulho no clube, risadas infinitas, som alto e demonstrações públicas de afeto. É disso que eu to falando. Lenine pediu paciência, Gil a paz, Deus a vida, eu o convite: vem dançar comigo?

III

Foi mágico, único, especial... foi tudo. Do jeito que eu imaginava.
E o melhor? Foi você.
A melhor parte? Foi você.
Foi o perigo mais perigoso. Escolhi correr com você.
Tudo teu. Em mim. Tudo meu. Em ti.
Se faltou alguma coisa? Jamais deixaria faltar.
Transbordou, se for pensar. Mas não deixa ninguém saber.
Não deixa ninguém saber que quando eu piscar é de saudade;
quando eu usar o teu adjetivo é pra te fazer lembrar;
quando tocar aquela música é pra chegar mais perto;
quando eu te ligar é pra tirar o chão dos seus pés;
quando eu fechar os olhos é por ciúme;
quando eu sair de perto é por não suportar ver ninguém te tocar
e você se entregar pra me esquecer.

Dessa parte ninguém precisa saber.
Nem eu. Nem você.
Escuta o teu coração.
Dobra a primeira esquina.
Te espero no farol.

8.12.11

Sobre provas de amor

Sempre fui da ideia de que quem espera por provas acaba sem amor. "Amar é tornar-se algo, tornar-se um mundo para si mesmo por causa de uma outra pessoa"- melhor definição que já encontrei nos livros, página 64 de um livro de bolso.
O amor é difícil sim, eu concordo. Por isso a opção de alguns, e muitas vezes minha, de ser sozinha. Mas esperar por provas é tornar-se prisioneiro e viver sob a sombra por trás das grades. Amor é entrega, é sentimento, é esperar pelo frio na barriga de montanha russa, é tentar controlar o emocional abalado por um motivo nobre: saudade. Mas isso varia de acordo com a facilidade de cada um. Sobre sentir. E esperar. Afinal, o que é prova de amor pra você?

Há algum tempo, tive um namorado que nunca pediu nada além do meu exagerado afeto e algumas palavras pra temperar. Tranquilo, partindo de mim. Quando ele me deu a certeza do fim o meu silêncio falou por mim e eu virei as costas. E tive que ouvir, com aquela mão enorme segurando o meu braço, que eu nunca tinha feito nada pelo nosso amor. Varou o peito. Me defendi dizendo que o fato de eu não conseguir dizer nada naquele momento já dizia muita coisa a respeito da dor que se instalava no meu peito. Que sim, eu não levaria o meu sofrimento a lugares públicos como prova de amor e que jamais choraria aos olhos dos outros. Bastava o meu olhar carregado e a minha voz trêmula te pedindo pra me soltar. Quando ele assim o fez eu não olhei pra trás.

Eu (quase) parei de viver por esse amor. E até hoje se você cruzar e perguntar pra ele sobre nós, ele diz, de boa cheia, que eu nunca amei ninguém, quem dirá ele. Eu entreguei tudo e ele esperou exatamente pelo que não veio. Não soube interpretar a minha maior prova de amor, o meu silêncio. A sujeira está nos olhos de quem vê. E não de quem sente.
Busque o amor.

7.12.11

Ter alguém

Quem escolhe ser sozinho, abre mão de voltar pra casa acompanhado.
E voltar pra casa acompanhado é ter alguém que te espera dentro do seu coração.
O sozinho não conhece esse sentir.

Estar com alguém é ser o tudo todos os dias.
Com calma. Sem, ou não podendo cair, nunca, na mesmice.
Coisa chata.
Pra gente amarga.

O amor é muito mais.

Viver com alguém é redigir hábitos rotineiros,
inventar cafés da manhã, reinventar almoços-familiares-com-novos-beijos-aos-domingos; é surpreender com o olhar. Ter alguém é ser duas vezes romântico. É ter duas vezes ciúme e ainda assim te ganhar em querer mais por duas vezes. É dividir o pão. O sal e a manteiga.
O palito. E a escova de dente.
Ter alguém é ser duas vezes (mais) você.

6.12.11

Eu nunca consegui entender a parte que o amor faz mal.
Ou eu não sei amar ou não sei mesmo lidar com a dor.
Lembrar dói, deixar dói, gostar dói, ciúme dói.
Não beijar dói e parar de beijar também.
Distância e saudade, bom, deixa pra lá.

Que amor é esse? Que tipo de amor é esse?
Carrego um amor que fala pelo olhar, tão simples, tão puro e tão fora de moda.
Um amor que não é pra mim. Mas que funciona. Não dói. Eu acho.
Do outro lado, um amor que pulsa e transborda desejo, paixão.
Qual a diferença mesmo entre amar e estar apaixonado?
Confusão e dor, responderia.

Esquece.

Sabe, não me procura, não faz nada.
Não passa na rua da minha casa, não desvia teu foco.
Não procura meu carro entre os outros na sua avenida.
Não me faz falar em público sobre mim. O nosso nó tá na garganta, de castigo, pensando em tudo em que ele fez. Ele existe sim. Mas tá dolorido. E rola um medo de sair tanta coisa ruim da minha boca nesse momento que eu prefiro não dizer. Nada.
Não entende errado, isso também já aconteceu com você.
As coisas não mudam rapidamente por dentro da gente, mas elas mudam. E viram prioridades.
As minhas todas estão como cartas de baralho enfileiradas na mesa. Preciso definir uma ordem, escolher um começo pra ver no que vai dar no final.
Devagar, sem dor.

"Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead"

21.11.11

Tenho tantos amores. Amores reais, amores plastificados, amores não correspondidos.
E tenho você.

Dá vontade de rir se lembro das suas melodias desafinadas e seus trejeitos de baterista dos sonhos. Dá vontade de chorar quando te vejo dançando esse vai e vem. Que não me confunde, não me gasta e não me faz mal. Eu te moldei assim.

Não me importa sua loucura ser maior nesses tempos de ilusão onde você se esconde. Cura tua necessidade que amanhã eu curo tua carência. Teu olhar ainda me diz as mesmas coisas que da última vez. Só o cabelo que tá um pouco mais comprido. Tudo bem, depois a gente arruma o corte. Acerta o peso. Escolhe a calça. Corrige o lado. Implanta a paz. Esquece o mundo e se ajeita no escuro. Conforme for, do jeito que der.
Afinal, é você.

20.12

A que ponto chegamos.
Não sabemos desatar o nós.
Diariamente, algumas coisas começaram a mudar. Falamos sobre cuidados e carinhos. Mascaramos o amor para suportar a espera do nada novo que está por vir. E eu não falo das festas de fim de ano onde todos se embriagam e choram à meia noite com chuva de fogos. Falo da presença diária do teu olhar buscando o meu.

Não finge que tá tudo bem. Você não precisa disso.
Nem eu. Talvez.
Não troca a Adele pelo Gui Boratto porque quebra o clima. Aliás, isso nem combina com você, quem sempre quebra o clima sou eu. Tô falando demais, desculpa. Volta aqui.
Eu não quero prometer, jurar, esconder, mas algumas coisas tem mudado e algumas palavras estão mais difíceis de encaixar nesse contexto. Não é falta de vontade, não é falta de saudade ou barreira, como você faz questão de arremessar na minha cara. É cuidado. Eu sei que vai acontecer e você tem tanto receio de assumir por não saber da minha reação. Por não saber como vai ser depois disso. Você espera tudo, mas não diz nada quando é com seus segredos. Quando é sobre os seus (outros) amores. Me deixa aqui com o meu ciúme, com a minha carência e a minha falta de segurança. A gente se ajeita. Não se abala. Vou me cuidar.

Essa noite o coração pediu pra ser mais devagar. Coisa séria, disse que vai doer. Conversou com o desespero e o encaminhou para terapia com o tempo. Deixa que eles se acertam do jeito deles. Enquanto eu me acerto com você. Mas, antes, me diz, quanto tempo demora um mês?

17.11.11

Sobre criar expectativas

Eu acho mesmo que a culpa toda é dessa tal expectativa. Esperança fundada em promessas, viabilidades ou probabilidades. Ansiedade, segundo o dicionário. Coisa da sua cabeça, segundo eu. Encanação, simplificado por um amigo meu.

Tá, ninguém me prometeu nada até aqui e faz 6h que eu tô esperando você abrir essa porta e dizer que me adora. Sei lá, parecia tão fácil pra Adriana Calcanhoto. Resolvi descer. Ver o movimento mais de perto pode ajudar em alguma coisa, é quase Natal, as ruas ficam cheias e... e é claro que eu tô achando que é você em cada carro preto que dá seta pra entrar. Assim como os vermelhos, azuis, brancos - que se multiplicaram aos montes - e os pratas. Ufa! Virei uma caçadora do teu olhar. Que me faz lembrar aquele em cima de mim, meio fugindo, meio me convidando atiçadamente pra ficar. Aquele que provoca o beijo e depois embaça com a cortina de cabelo.

Expectativas. Toda a causa dos desesperados não são os amores não correspondidos, mas sim as expectativas criadas em torno deles. Pausa. Só eu penso assim? Foda-se! Mas é assim que me foi dado, elas nunca resultam num bom placar.
Nossas linhas se enroscaram sem querer, é só tirar o nó, mas repara que um lado desfiou e foi só você que bordou o resto. Que não existe. Não tem linha pra continuar. E remendar não é a solução. Isso só existe pra você. Plantou expectativa, colheu ilusão.

Há exceções.
Algumas cenas criadas mentalmente viram filmes quando na realidade. E naquela hora que você se pega rindo a toa, lembrando de como foi gravado, você acha mesmo que foi sonho. Complexo. Eu te ajudo. Tipo aquele dia no corredor da sua casa. Era o tempo do elevador subir 10 andares e descer mais dois. A cena ganhou 7 Oscars.

Te pegar no colo, levar pra cama, apagar a luz, deixar que Peter, Bjorn and John cantem por nós e te ouvir respirar. Dormir no teu silêncio. Isso é desejo ilusório de quem tromba nas expectativas pra aliviar qualquer coisa que esteja gritando por dentro. Enquanto você dorme e acorda sozinho vê que nada mudou e, começa a perceber que, não doeu metade do que pode doer a partir de agora, depois que ficar claro que, pro amor do lado de lá, já acabaram quaisquer esperanças fundadas em promessas quaisquer. Pra ficar mais fácil: acabaram as expectativas.
Tá tudo preto.
Feito tv desligada.

12.11.11

Sobra a (sua) vida

Hoje tudo é muito o presente. Tudo é agora. A segunda cansa, mas o futuro vem na sexta acompanhado de um energético e duas pedras de gelo. Quatro no seu rim com a velhice.
Ninguém conversa. Compartilha.
Ninguém abraça. Clica.
E as frases são todas feitas, usadas por qualquer um.

É tudo bem intenso. E precoce.
Aos dezesseis vive-se o ecstasy puro.
Falta luz.

Você pode até apontar a grama do vizinho como sendo mais verde que a sua, mas vai temperar dizendo que "ele usa alguma coisa" pra que ela fique assim. E que natural mesmo é a sua, enquanto bate no peito, orgulhoso.
Essa mesma grama você não rega há duas semanas.
Falta caráter.
"Falta tempo" - desculpa-se.

Os valores se reinventaram.
Trocaram o dia pela noite.
Secou a fonte do amor. Próprio.
"Mas a cerveja tá gelada, vamos esquecer da vida esta noite".
Se toda ressaca do mundo fosse essa, eu tomaria um porre pra voltar a viver.

Falta fé.
Foco e direção.
Olha para o alto e pede pra sair dessa competição antes que seu som seja abafado com terra vermelha em dia de sol quente. E lembre-se, essa data ninguém comemora.

10.11.11

Retração

I

Saí de casa com música alta nos ouvidos. Liguei o foda-se pro mundo. Atravessei os sinais sem olhar. Não me agrada essa combinação do verde com o amarelo e o vermelho.

Convidei Cobain, Hendrix e Winehouse pra conversar. Era um lugar alto demais.
E eles sopravam aos meus ouvidos: Não olha pra baixo. Não bobeia com a vertigem que se sopra um vento é ela que vai te derrubar.

II

Era noite fria e de chuva, metade da cidade apagada.
O céu é cinza e carregado. O vento arrasta clarões pelas frestas da janela.
Dou a mão pro escuro.
Dispensei o sono.

III

Respira, vai passar.

9.11.11

00:22

Parei pra te procurar em mim e não te vi.
Tentei uma. Duas. Na terceira me preocupei.
Não é possível. Insisti. Fotos, beijos e afins.
Não foi o suficiente.
Aonde você se meteu?

Ouvi algum chiado entre a loucura e a razão.
Ignorei. E quis gritar por que eu já sei que
o que vem daí não termina bem.
Alguém faz parar?

Era você.
Eu ia voltar.
Ok, como explica isso pra razão?

Aí vem você e me diz pra curtir o coração.
Só por hoje.
Eu quero, mas tropeço a cada meio passo.
Tá confuso o caminhar.
Famoso "em cima do muro".

Melhor te arrancar logo daí.
Vem, Razão.

Enquanto arrumo um espaço pra você sair dessa,
reparo que tudo anda bem machucado pro seu lado.
Isso é falta de amor próprio. Nada a ver.
Alguma coisa por aqui anda fora do lugar.
Cuidado com as palavras.
Pode ter sido você quando chegou.

- Tá me ouvindo? - pergunta.
- Ouvindo o que? - resposta errada.
Já foi.
E ninguém viu.

Queria estar errada.

4.11.11

Eu poderia ficar horas olhando pra você.
Contemplando a meia luz que teu rosto ganha
quando o céu se faz de laranja no 8. andar.

Deixa a porta aberta pro vento bagunçar o teu lugar.
É só uma desculpa ficar pra arrumar.
Assim eu ganho tempo. E te ganho mais.

As coisas parecem ser mas fáceis com você;

viajei 10 anos pra te encontrar.
O céu pode ser laranja, a parede do quarto vermelha, mas
o mundo acordou mais cor de rosa depois daquele show.

Sem perguntas ou alucinações, só corre pra me ver quando
meu perfume te atordoar.
Aproveita o tempo por que eu não sei por quanto tempo mais
ele vai durar.

2.11.11

Pode entrar

Parei pra pensar em mim e me peguei pensando em você.
Já faz tanto tempo. Mais de um ano.
E era só uma vontade. Sem nexo.
Sem conteúdo. Quase sem sentido.
Completamente fora do contexto.
Que me trouxe a conhecer quem o mundo nunca viu.

O povo fala, aumenta, gosta de inventar.
Fechei os meus ouvidos e perdi a direção.
Teus olhos verdes me guiaram até aqui.
Passou da hora de dizer não.

Aí você some e fica esse seu cheiro em mim.

E quando a casa fica quase toda arrumada você volta
abrindo a porta correndo, dizendo que me ama e que
não valeu de nada a vida lá fora sem meu abraço pra te acalmar.
Sem a minha música pra te cantar.

Faz planos, muda o jeito, entrega a verdade.
Sente o coração bater mais forte se é meu carro que passa,
desacelera pra virar a minha esquina, compra um boné novo,
aparece no meu portão de calça apertada e me leva pra esquecer
do mundo na sua bagagem.
Passou da hora de ficar de uma vez.

Joga o jogo do vai e vem. Eu não ligo.
Eu não presto. A gente funciona assim.
Você vai saber a hora certa e quando a loucura bater...
... pode entrar.

1.11.11

Eu não aguento mais tudo isso. Esse cheiro.
Essa angústia do ter e não ter. Que dor.
Já não era pra ter acabado?
Ou será que você ainda não voltou?
Ou será que eu saí do meu lugar?

Nessa paixão não há paz.
E tudo que queima em mim
é o desejo de querer me enroscar em você.
Pra sempre.

Aí o mundo pára e as horas me avisam que é preciso ir embora.
Contra a tua vontade. Ok, a nossa vontade.
Você tem medo do caminho da volta.
Medo que eu me perca em alguém por aí.
Sossega, amanhã eu volto.
Amanhã é tempo demais.

Ter que te deixar é desesperador.

26.10.11

No turning back

Fica vago sem você. Sem essa de moral pro Lobão, que prefere dizer que fica sem cor.
Tipo cinza.
Que foi como amanheceu na minha janela. E por aqui temos o céu mais azul do país, acredita?
Alguma coisa deu errado.
Não combina. E fica vago. E por aí vai...

O mundo tá sempre tão machucado, sempre tão frio que quando a gente esbarra no amor ali na dobra, alguns fingem não se ver.
"Não é pra mim"
Olhar pro lado e se desculpar sem abrir a boca, é quase nada.

Da pra ser diferente.

Esse som me faz lembrar você. Deixa tocar.
Pode aumentar, se quiser. Mas coloca o braço pra dentro.
Parece criança.
Desculpa, eu dei uns goles a mais, virei na rua errada e fiquei assim.
Só hoje. Foi pra esquecer. É que o amor não desviou, me atropelou ali na esquina.
Se tá doendo? Coisa pouca, qualquer hora pára de latejar.
Foi assim da outra vez.

Mas tem coisa que não muda nunca.

Vendo de fora, é como se todas as oportunidades estivessem irritantemente expostas numa prateleira comum de supermercado. Isso mesmo, comum. Mas tira a tampa e sente o perfume. É tipo droga. Vai viciar.
Dito e feito.
Não tem como voltar atrás.

Encobre a barreira e manda pro gol. O caminho é mais rápido pelo alto.
Pelo chão pode tropeçar na grama molhada, nessa falha, o goleiro já espalmou e virou escanteio. Os detalhes se perderam. E de que valeu o tempo gasto pra armar a jogada?
Só não foi tempo perdido por que ainda grita dentro de você. E te tira do sério.
Abaixa a guarda. Se entrega.

Faz um café. Afina o violão.
Me chama pra tua sacada.
Acende um cigarro enquanto eu vejo como a lua inunda o teu céu perto do meu olhar.
Sai da inocência, me convida pra ficar.
De vez.

Se você enfraquecer eu te levo pra dormir.

24.10.11

Plural

Uma dose de coragem pra conseguir usar mais o não ao invés do sim, por favor.
É que desse jeito dá pra evitar bastante coisa. Sabia?
Até esse aperto no (teu) peito, que chego a sentir sem sair de casa.
Você sabe do que eu tô falando.

Um dia escrevi que quando o amor é de verdade o outro lado também sente.
Só esqueci de mencionar o lado. E só agora já são mais de dois.
Eu não sei lidar.
Definitivamente.

Me falta teu beijo.
Me falta tua loucura me fazendo rir.
Andei dizendo tanto sim que no desespero corri me esconder nos teus braços.
Acho que me dá um pouco mais de força na hora de voltar pra casa.
Tira de mim a sensação de estar vivendo algo de errado.
Penso menos nos outros.
Até meu telefone tocar me fazendo lembrar de tudo.
E te procurar. E de novo. Tipo um ciclo.
Não é pra esquecer. É pra me acalmar na tua paz.

Faz uns dias acordei no plural.
Acho que é só uma questão de tempo.
Como das outras vezes.
Vai passar.
É o tempo, mas como abusar do tempo sem dar um tempo de você?

22.10.11

Eu fui até a sua casa, roubei o teu descanso e te descobri.
Cheguei tão perto que pude contar os cabelos brancos perdidos nesse eu cabelo tão claro.
Coisa de gente velha.Que não tem o que fazer.

- Ta saindo?
- Tô chegando.

Tua confusão me confundindo.
Dessa vez foi mais tempo que a vez passada.

- A gente não presta
- Por que?

Ainda você o meu tormento.
Sorrio enquanto você ajeita o meu corpo no seu.

- Esquece.
Me dá um beijo.

19.10.11

Refém

Tudo o que eu escrevo parece pouco pra você.
Me ajuda e diz se isso é bom ou ruim?
Me soa como prova de amor de um poeta
que tropeça nas palavras,
tamanho desespero.

Meia frase bastaria para tirar o fôlego de
qualquer carente desavisado.
Não funciona pra você.

E não é o mais que falta.
Tampouco detalhes.
Pode ser só uma mania besta de querer ser sempre perfeito.
Como seu sorriso bobo perto do meu rosto.

Se eu soubesse o que realmente te tira o fôlego e
te faz perder a graça, talvez essas palavras não seriam trava-línguas.
Você me ensinou a te amar e esqueceu como eu faço pra te surpreender.
Tirou de mim o sossego e me fez teu abrigo.
Sem avisar renovou o contexto e fez disso melodia
pra me ver cantar.

Virei refém.

13.10.11

Eu ainda acredito em amor a primeira vista.
Seguindo na contramão dos sentimentos, encontrei os que se perderam na banalização do dia dia.
Hoje são palavras, apenas. Uma pena.

Por conta disso, talvez, fui buscar aos mestres pra me inspirar.
Decorei alguns poemas pra te conquistar.

Eu não ligo se você insistir no zero a zero. Eu posso esperar pelo um a um.
Dizem que as pessoas tem uma mania horrível de querer o que não se tem.
Se eu tenho não sei, mas já sei bem o que eu quero.

10.10.11

7.10.11

Quantas vezes podemos nos apaixonar?
Todas.
Sempre me faço essa pergunta.
Também sempre acho que não dá pra ser a mesma coisa com outra pessoa.
Uma pessoa nova em um sentimento velho, não porque ele já foi usado, mas porque eu já senti isso antes.

"Então você não amou. Ou não se apaixonou de verdade".
Sempre essa resposta.
As pessoas pensam iguais, sabia?
Mas é verdade.
E como descobre quando é de verdade, uma vez que você jurou todas as outras serem?



Sigo sem resposta.

6.10.11

Eu aceito

Eu aceito todas as suas caras e todas as suas bocas.
Todos os seus olhares, trejeitos e todas as suas dificuldades.
Aceito o seu ciúme doentio, o seu descaso e as suas amizades.

Aceito toda cor para o seu cabelo,
todo decote meio rasgado.

Eu aceito suas poses em fotos que ainda não vi,
aceito toda a sua euforia adolescente de quem tem o mundo a descobrir.
Faço questão de aceitar os seus beijos desesperados.
Aceito teu colo amassado, o velho cobertor todo usado.

Eu aceito a sua loucura, a sua saudade, seu abraço apertado
e todas as suas vontades.
Eu aceito tudo teu para que não falte nada de você em mim.

3.10.11

Havia acabado o tempo, as chances, as horas.
Enquanto respirava fundo depois de separar o que levaria de volta pra casa, procurou por papel e caneta. Queria deixar registrado para sempre aquele momento.
Era difícil. Alguém especial. Acabou bem. Porém triste, como o desejo de todo final.

Dentro da gaveta o papel, na mesa da cozinha a caneta.
Ensaiou umas duas vezes.
Mão rápida na cabeça, um certo desconforto.
Nada encontrou.
"Me virem de ponta cabeça" - pensou - e ainda nada lhe sairia do coração.
Na última linha, depois de todo o espaço acima em branco, resolveu escrever em letras de forma:















Faltou espaço para o amor.

29.9.11

Falta alguém.

Tudo bem, não precisa ser você, mas também não qualquer um.

Isso não é o demais.


Demais é o deitar no colo, não dizer nada e sentir a sua respiração,

ganhar um abraço apertado, um beijo estalado, um conforto escondido num carinho inesperado;

Uma surpresa no meio do dia, um bilhete errado, amassado perto do lixo pra mudar meu dia;

Flores, bombons, viagens;

Ser lembrado;

O choro unido, o riso que não se contém , o pão de toda manhã;

Durante o dia e a noite.


Isso não é pedir demais.

É pedir pra ser feliz.

27.9.11

Quando acaba

- Sabe o que é engraçado? Você achar que ter me ligado daquele jeito e me ofendido daquele jeito da última vez é normal, todo mundo faz. Mais engraçado a mentira andar comigo, na sua visão. Engraçado também é você vir atrás só pra se sentir confortável ao encher a boca pra dizer "eu vim te procurar". Eu tô sempre bem, obrigada.
Mas e agora, o que a gente faz?

- Pára! Isso já faz um tempo. Nem uma cosquinha, uma saudade, uma porra de mensagem que fosse. Nada! Só frieza. Como se eu só falasse com você "daquele jeito", como se eu te procurasse só pra te por pra baixo. Você tá sendo egoísta.

- Responde a minha pergunta.

- Eu não sei o que a gente faz.

Ainda não entendi tudo o que aconteceu. Se olha no espelho, isso não é você.

- Só queria que não fosse assim.
Que tivesse sido assim.
E se você não sabe como vai ser, é melhor eu ir embora de uma vez.

- Eu não consigo ficar longe...

- Eu não sei mais o que te dizer...

23.9.11

Pretérito Imperfeito

Eu confesso: morro de saudades.
Não como, não durmo e quando penso é sobre você.
Tentei te impressionar, como da última vez, mas acabei apagando
verdadeiramente o seu telefone. Mal sei o DDD.

Dessa vez sobrou coragem.
Mas talvez falte ao pedir pra alguém.
Talvez me esforce pra lembrar...
Não sei, mas tá ficando chato. Não tem você.
E a tua indiferença não me deixa sair do zero.

A cor forte do teu olhar, a espera pelo abraço apertado.
Nenhum sinal.

A hora errada nas palavras certas.
E você não vem.

Os planos, os segredos e a vontade.
O tropeço, o recomeço e o nada.

Enquanto eu amasso o desabafo, vira na minha rua e deixa minha paz na caixinha do correio.
É caminho pra você.
O verbo amar no pretérito imperfeito não foi feito pra conjugar.

18.9.11

Eu queria te ver outra vez.
Uma segunda vez sem ter que ser uma nova chance.
Só pra eu me ver.
Pra eu sentir se é tudo isso mesmo.

Eu não quero te ver pra não ter a velha sensação
de "começar do zero". Pra não fingir ser devagar.
Pra não arrastar um dia de cada vez.

Eu não quero te ver pra ter que editar mais um final.
Nós já sabemos, escrevemos juntos naquela noite.
Eu não quero te ver pra não ter que lembrar.

Seja forte, pois eu não espero pelo dia que não vai ter como fugir.
Vai ser quando uma das partes tiver esquecido por completo.
Triste num primeiro momento.

A reação de surpresa e o silêncio desesperador nos revelará
muito mais do que a saudade escondida por trás destas palavras.
Acredite.

O Alvo

Tudo acontece ao mesmo tempo e quase tudo é agora.
Na linha de fogo a seta se perdeu do alvo.

O alvo, por sua vez, anda cansado da rotina, é só tiro certeiro.
E tá sendo indiferente. Tipo tanto faz.
Tanto faz é perda de tempo, é perder a graça e o frio na barriga.
É perder o sorriso.
Tanto faz agora a forma como você me recebe.

Todo dia era um pra matar saudades.
Hoje, você ainda não saiu pra buscar o sorriso escondido na gaveta.

O alvo não quer mais ser o centro das atenções. Ele quer ser livre!
Mas logo o alvo encontra a seta e volta a ser alvo outra vez.

Da série curtinhos

- O que você sente?
- É uma cosquinha que a alma pede pra existir.

Cotidiano

A sensação de sentir o teu peito estourar de felicidade.
A satisfação eterna fora de si.
Dá até vontade de chorar.
E a tua cara de bobo domina a cena.

Guarda o carro, fecha a casa e vai dormir.

5.9.11

Go back

É que eu preciso de atenção.
Eu preciso todo dia ser um novo dia.
Eu gosto do bom dia, do boa tarde atrasado,
do boa noite tagarela. Ainda agora que já é bem noite, quase dia.

Eu preciso do seu atraso.
Da sua confusão musical
entre o si e o mi bemol.
Eu gosto da sua saudade.

E de repente esse nada que você é, me completa.
Eu me derreto.
Tudo se vai.

Acontece é que eu preciso da volta.
Da sofrida conquista. O prêmio de melhor coração da noite.
Eu gosto dessa violência apaixonada. Me encanto pelo choro final.
Que não acaba aí...

O choro é o recomeço do todo que virá.

2.9.11

A tua risada que gargalha e me faz perceber;

confunde e me traz a certeza de que tudo ainda me faz lembrar você.

Talvez eu só precise da tua voz pra aquecer meu coração.

Pra diminuir a saudade, deixar de sentir a tensão.

Rir a toae deixar que tudo seja em vão.

Fazer valer a pena alguem como você, inesquecível!
Estou mil anos a frente.
Há mil anos sentindo. Há mil anos buscando.
Eu fui, provei e (re)tornei.
Conto histórias ao falar.

Mil amigos alcancei, só um deles eu abracei.,
no final onde eu chorei.
Haja riso, haja dor, qualquer outro vai sonhar.
Estou vivo, um sonhador pronto para ancorar.

Os que escolhi lhes enviarei,
cada um no seu lugar.
O tempo certo de um ser.
Sei minha hora vai chegar!

31.8.11

Nosso crime

Me peguei pensando na nossa primeira vez.
Não era bem você o foco que os meus olhos buscavam.
Foi eu me distrair pra você me perturbar.

Poderia ter sido diferente
se algum dia houvesse existido verdade.
Quem sabe se você tivesse me mostrado o caminho
e não parado no meio dele.

Nós dois somos culpados.
Cúmplices e pagamos pelo preço de um crime
que nunca aconteceu.
Um crime que, suspeitamente, ninguém viu.

E como crime, as cores que escolhemos terminaram encharcadas de cinza no final.
Afogadas pela mágoa, dor e um certo desespero por ter chegado ao fim.
Estava pra acontecer.
Eu deveria me sentir culpado? Ou somente esperar pela sentença?

29.8.11

Sou triste

Eu sou triste. Tenho que confessar.

É mais uma coisa de ser e não de estar.

Pode tentar dizer que não, mas as suas reações precipitadas já não fazem sentido.



E quando isso exterioriza eu penso demais.

E pensar me faz perder a cabeça, o controle, o volume, o foco.

Eu saberia agir nessa horas se fosse com você. Mas não te preparei.

Pensar demais me faz sozinho toda vez. Me azeda. Esqueço de amar.

Ninguém tem culpa. Se for, sou eu! Paciência.

Eu não sei lidar.



As respostas estão nos livros que a gente não lê.

Alguém veio pra me ensinar. Ainda tem muita coisa pra mudar.

Muito do que eu falo, algumas pessoas ainda não entendem.

Não há preparo. Sozinho não consigo.


Também quero o que faz bem. Só precisam lembrar.

Lembrar de quem ama. Não custa.

Uma ligação, por segundos que seja, pode mudar o dia de alguém, confesso (outra vez).


Menos egoísmo e mais amor muda o mundo, ainda que o teu, dentro do teu quarto sem ninguém saber.

14.8.11

Da série curtinhos

I

- Da pra esquecer Mesmo um amor?
- Completamente.

Resposta rápida. Dá quase pra acreditar.
Parei de ouvir quando começou a doer.

II

Entre o freio e o grito, o instante que não se imagina.
Perturbação plena da paz.

8.8.11

Segunda triste

O dia tá estranho.
Fazia sol. Muito sol. Quente.
E agora as nuvens levaram seu brilho.
Assim como o vento levou alguns amores.

Hoje pela manhã o café era doce,
mas desceu amargo na esquina da desilusão.
Ninguém sabia de nada.
Fingiam saber.

Foi uma noite mal dormida.
Interrompida por crises intensas de ansiedade.
Desespero, pra alguns.
Ninguém sabia de nada.
Fingiam dormir.

Agora, no cair da tarde não veremos o sol pintando o céu de vermelho.
Tão pouco o mar se perdendo no azul infinito.
O dia foi programado pra ser cinza.
Mas algo deu errado. O sol de verão não combina com dia de inverno.
Começamos pelo fim.
Eu parei. E mudei o dia.

O vento vai soprar mais forte, mais frio.
Mais pesado.
Talvez se fosse terça...

3.8.11

Quase perfeito

Pode soar poético: "Queria ver e vi".
Foi como jogar uma moeda e o pedido se realizar horas depois.
Ainda é o mesmo olhar; a mesma graça que me faz rir.
Ainda é você. No seu estado quase perfeito.

31.7.11

Querido diário

Não existe nada entre a gente,
mas o fato de ser todo dia, há alguns anos,
faz existir todo o resto.
Muitas vezes mais gostoso do que se tivéssemos.

Desculpa, eu vou ter que ficar.

- Férias de Julho, sábado, frio e garoa.
Todo cinza.
Lindo!
I
Não dá pra falar de amor
com quem nunca teve o coração quebrantado
Não dá pra falar de paz
com quem vive no inferno
Não dá pra falar de sonho
com quem nunca acordou
Não dá pra falar de vida
com quem esqueceu de viver.

II
Mas tudo tem um tempo.
Uma hora acontece.

Apesar de ainda ser difícil falar de transformação
com quem está aprendendo a ler.
Não dá pra falar de saudade
com quem não conhece a dor
Não dá pra falar de morte
com quem nunca trombou com ela numa esquina
Não dá pra falar de recomeço
com quem nunca nem tentou
Não dá pra falar de mundo
com quem acabou de chegar.

III
Não dá pra falar de liberdade
com quem nunca se jogou
Não dá pra falar de felicidade
com quem nunca está completo

Algumas coisas (ainda) não se fala.
Desafie a sua emoção.

24.7.11

Pra essas coisas, não tem jeito.
Não é a gente que escolhe.
Definitivamente.

É como se o coração tivesse vida própria,
dezoito anos e uma vida revolta.
Insiste no errado.

E a gente que sofre as conseqüências
de uma aventura adolescente, ou de uma paixão repentina.
Não tem graça.
E mesmo assim compensa.

Compensa porque é de coração.
Mais uma vez.
E a gente nem liga se não é correspondido.
Ainda é bom de sentir.
Mesmo que pra um lado só.
Ganhamos porque sentimos.
É amor.

22.7.11

A outra metade

Tudo pode estar do outro lado
e ninguém saber como ir buscar.
Mas um dia eu irei te encontrar.

Tudo pode ser mais simples do que realmente é,
e ninguém acorda antes do sol para limpar a janela da alma.
Mas ainda assim, irei te encontrar.

Tudo pode ser só uma questão infalível do tempo
que se lançou no cinza pra deixar gotas em meio as nuvens.

Não falta amor nessa manhã.
Falta alguém. A outra metade.

13.7.11

O que não é amor

Não tem nada a ver com amor.
É duro, perverso e egocêntrico.

Vive sozinho, mas te acha, te molda,
te envolve e te suga.

Leva jeito, fala bem e sabe levar.

Finge que vai, mas volta.
Gosta quando dói.
Porque não é amor o que é
frio, pesado e sem cor.

11.7.11

O amor como vento

É como se tivesse deixado escapar por entre os dedos.
Foi esmagado pelo vento que passou.
Ventania.

É como se tivesse deixado de ser o que sempre foi.
Nada. Que vira pó. E vai com o vento.
Com ventania.

Mas é como se fosse novo todo dia.
Vai e volta. E nunca pára no mesmo lugar.
Uma bagunça. Que você não sabe (mais) controlar.
Perdeu o controle.
Como numa ventania.

Às vezes demora pra chegar.
Tem gente que sente falta. Tem gente que tem medo.
Tem gente que se esconde que é pra nem se aproximar.
E tem gente que pára o mundo pra ver chegar.
A ventania.

Mas algumas folhas ficam pelo chão.
Como quem fica pra trás. Vagando.
Esperando de novo acontecer. Pra se entregar.
Se envolver. Deixar levar pra onde for o vento.
Porque é mágico sentir força, se encontrar, fechar os olhos e sentir o vento.
Só sentir. Se muito forte sai lágrimas dos olhos. E você ainda ri.
Uma aventura pelos ares. Surreal.
Como ventanias.

Mas agora já falo de amor.