10.7.13

Eu tô indo embora. Assim, curto e grosso. 
Tá vendo aquela sacola de coisas? São suas e as minhas eu já separei. Não, não fala nada não, aliás, continua sem falar. Ao contrário de você eu apresento os meus motivos, não quero que você sinta o peso e (mais) dor que o silêncio pode trazer. 

Eu aguentei por muito tempo todas as suas falsas caras de amor, os seus "te amo" sem sentido e fora de contexto, os seus olhares desviados e o seu falso desespero quando eu expressava alguma reação não direcionada a você. Dói, sabia? Dói mais que um tapa na cara, que uma noite não dormida perdida em pensamentos tentando entender. Eu já quis, e como você coloquei uma pedra, só que eu não sei fingir. Eu quebrei a casa, o celular, chorei como criança quando nasce e descobre um mundo onde ela não sabe nada, caí, me desesperei, sentei e fundo respirei. E nada. Acordei, levantei, tentei outra vez, achei que fosse sei lá, coisa de momento, ledo engano, lá estava eu aos prantos outra vez. No teu colo. A sua frase? Para! Dura. Firme. A mão que afaga não dá o tapa. O beijo que completa não desvia. O corpo que grita não se cala. E o choro que vem não se engole. Esquece tudo. Ou melhor, continua esquecendo. Vai em frente com esse alguém no lugar. Alguém bem grande que é pra tapar o buraco enorme que eu deixei. Que eu sei que eu deixei. Nisso não há erros. Apesar de todos os outros. Esquece todas as frases, todos os dias, a história toda se você prefere chamar de história. Pra mim história tem começo, meio e fim e os personagens nunca vão embora sem que o espectador saiba a conclusão do filme. Eu, como protagonista, ou coadjuvante, fui espectador e tô levantando da cadeira com a pipoca entalada no meio da garganta que nem a Coca-Cola ajuda a descer. Cansei de gritar por qualquer frase. Então mente, sei lá, seria mais fácil. Eu não vou esperar os planos do futuro, meu futuro tá quase indo embora de mãos dadas com você. Eu já vi demais. E não, eu não tô criando to escrevendo o final que você deixou em branco em todos os bilhetes e livros. Dizem que a oportunidade bate e a gente tem de agarrar bem forte. Foi feito. Pra um lado. É sempre assim nesse lance de amor: sempre acaba primeiro pra um. E o outro o que faz? 
O mesmo beijo não serve a duas bocas. E o sentimento que preenchia o teu coração não tinha brechas pra outra paixão. Eu entendi. Tá tudo bem. Só não esquece que dez anos não são nada pra quem encontrou o amor da sua vida. Não esquece também de deixar o quarto (quase) sempre arrumado, escovar os dentes antes de dormir, o horário do busão, o almoço no forno e das toalhas do banho. Pode não ser a mesma coisa quando outro buscar. São lugares que quase nem todo mundo tem acesso com facilidade. 
Vai passar. 
Se eu volto?
Eu já fui embora de dentro de você, o físico é questão de reestruturação.
Eu sou pra sempre. Mas é melhor não criar expectativas, não é mesmo?
Fica bem. Se protege. Se cuida e se cobre. 
Assinado Coragem