17.1.12

Aí vem você me ligando às 5e20 da manhã, bêbado, cheirando à outra que acabou de chegar e implorando pela minha presença.
- Amanhã, sem hora pra acabar.
- Me espera?
- Não vou dormir.

Tortura

Quero chorar. Meu peito guarda uma sensação estranha.
Um arrepio. Não é angústia. É dor.
O arrepio vem da dor que deveras sente.
Vertigem. Ânsia.
Um respirar fundo que carrega o soluço de uma alma que clama por um tanto de paz. 
Já se somam todos os dias. E não perde intensidade.
Faça isso, como estou vendo agora, entregue-se nos braços de outro alguém, enquanto abasteço essa imensa dor física que chamo de "teu amor".

13.1.12

- E o que eu faço com tudo isso?
- Cospe na boca de alguém.
Beija qualquer um e deixa lá.

11.1.12

Amor em Desespero

Sou eu que sempre tudo diz.
E só assisti o teu silêncio.
Mas era eu dar as costas pra você se desesperar.
E sair falando tudo.

- Eu te amo. Amo tudo em você. O teu ciúme, os teus defeitos, o seu tempo pra troca de marchas no seu carro, teu som, teu sorriso de canto de boca, tudo. O tudo inclui o todo que vem com você.
Eu não quis. Mas não deu pra ser diferente. Meu coração é tolo. E frágil. Estou entregue.

E você acabava dizendo coisas no contexto errado.
- Eu estou indo embora. Isso deveria ter sido dito há meses. Claro que não, pode falar. Tira isso de dentro de você.

E nada.
Era o meu olhar te calando outra vez.
Aí o desespero era meu. Você choraria em poucos segundos e eu estava no instante entre a fala e a lágrima. Que seria única. E arrastaria todas as outras. O esforço para limpá-las seria nulo.
Recomecei.

- Todas as minhas frases até aqui começaram com eu te amo; virou clichê. Você já sabe. Já sentiu. Até chorei dizendo que te amava. Mas agora eu queria acordar em outro ano, em outra vida, onde você fosse apenas uma brisa que bate no rosto e logo vai embora, só um perfume sereno, uma lua grande no céu.
Eu não queria mesmo esse seu cheiro dentro de mim. Não queria o meu ciúme. Não queria o arrumar do seu cabelo meio olhando de baixo, meia cabeça inclinada. Como alguém que imagina um espelho em qualquer lugar.
Quantas vezes eu servi o teu reflexo?
Enquanto espelho, sei de todos os gestos que te completam. Os que passam despercebidos eu decorei. Quer casar comigo? Eu não suporto a ideia de estar e ser longe, a ideia de te perder,  a ideia de outro alguém.

- Chega -, é essa a sua defesa.
- Vai, pode ir. Tá tudo bem. E o que eu acho já não importa mais -, e essa a tua insistência.
- Não me procura - a minha proposta.

Durmo à meia-noite. Você perde o sono às duas. Eu acordo às nove com você chorando frases pelo meu celular.

- O nó na garganta o dia todo. A angústia dando nó no peito. Eu já não dormi bem a noite passada, lembrei disso hoje, antes de deitar. Procurei na cama o que faltava, olhei pro lado e tudo certo: são três travesseiros e um cobertor, tudo no lugar. Abri o guarda roupa e tirei o presente de Natal que eu tinha enterrado. Junto com o teu cheiro. Eu tentei, mas nele dormi soluçando outra vez, antes que você pergunte.

São nove da manhã do outro dia. Ainda chove porque ainda é verão.
E o frio ainda insiste fora de época.
Tá cinza.
E como dói.

10.1.12

Eu te conheci e já tinha um outro alguém.
Por isso não me importa as outras camas em que dormes.
No levantar vais voltar pra mim.
Virei amigo da dor.

9.1.12

Tem coisas que só eu sei sobre mim.
E a verdade é que eu penso demais.


Vou de Machado de Assis.

Chuva de verão

Gosto do verão porque chove. Só.
Por que deveria ser frio. Cinza.
Quase pálido.
Mas é chuva de verão que é feito vento fresco no sertão.
Hoje me senti mais velho.
Agora o Pêlo, o dono do bar, frequenta o próprio (ex) bar.
no meu tempo não era assim.
Como é pequena essa cidade!
E quão velho nós estamos!
Parece que daqui eu vejo as coisas mais de fora. Atravessei a rua. Tô na outra esquina.
Talvez tudo isso seja fruto da minha imaginação, afinal, tudo é gerado primeiro no pensamento.
Eu não li as teorias, tenho base própria. O coração.
Com ele posso sentir e viver.

7.1.12

Amanheceu

É verão e faz frio.
Chove, como pede a estação.
Essa noite eu não dormi e ainda assim acordei chorando.


Coisas inexplicáveis tem acontecido.

6.1.12

O dia em que eu parei em você

Não precisei de trinta segundos para ter um fim de tarde completo. Não era o céu, não eram as nuvens, nem a garoa fina que tanto me faz delirar, era mais. Abri o carro, aumentei o som, número ímpar de volume, escolhi o óculos que combinava com a ocasião de simplesmente voltar pra casa, manias.
Engatei a primeira, segunda, dobrei a esquina, era pare. Algo do outro lado da rua me chamou atenção, poderia ter sido um acidente, meus olhos poderiam ter buscados outros ângulos, mas, inexplicavelmente, fizeram o cruzamento a 15° do teu olhar.
Sabe riso? Incontido? Você me viu. Não disfarçou. E riu também.
Felicidade explícita a meio metro da reciprocidade. Pena uma cena dessas não ter espectadores. Ficou pra nós. Como sempre. Mais uma vez.
Vou guardar feito foto na memória o dia em que na primeira equina eu parei em você.
Eu sei que eu não tenho o dom pra te fazer mudar, mas tenho a força certa pra te fazer acreditar que é possível. Senta. Pode sim acender um cigarro e tomar uma breja, como você diz. Eu vou dizendo e você me ouve, mas por favor, presta atenção.Entre um trago e outro alguma palavra há de surtir efeito nessa nuvem de fumaça que habita tua cabeça.

- Sabe, eu não sei porque você vive assim, ou melhor, insiste em viver. É um mundo imundo. Deus te fez perfeito: graça, carisma, carinho, carência e com um par de olhos que tantos dariam fardos e fardos de breja (pra falar a tua língua) para ter. Te fez homem forte, alto, diferente, te deu dom e nem pra lapidar e levar a sério você serviu. Preferiu a perna pra tirar som.
Ficou com o nada.
Priorizou a rua.
O vento na cara que a liberdade provoca.
E esqueceu de si. Um milhão de vezes.
Não me canso de dizer. 

Se perdeu na loucura e me encontrou saindo dela.e me pediu pra ficar quando ameacei ir embora. Pediu pra esperar uma, duas, inúmeras vezes. Eu fraquejei e nunca fui de verdade. Mas ainda não é hora do beijo.
Você corre porque gosta de me ver de longe, diz que prefere meu beijo depois da saudade. Quando dá tempo de dizer. O nosso tempo é escasso. Você me beija e se declara. E ri.

Hoje eu trombei nesse seu sorriso que ocupa um quarteirão. Pode ser sorriso pra quem vê de fora, mas só a gente sabe quão gargalhada foi por dentro. Em plena sintonia. Ainda. Ainda sem falar nos entendemos. Ora sorriso, ora olhar. Ora saudade, ora beijo.
De alguma maneira você vem pra ficar. Irritantemente perturbador.
O que é que você tem?

- Te respondo com um beijo.
Te ver já não é mais como antes.
E hoje eu estourei o som ouvindo a sua música preferida.
Eu chorei, só que ao contrário.
I
É isso que me barra. Ontem você estava aqui me jurando amor, dando base aos planos, de mãos dadas comigo. Agora você ri como se não houvesse nada. Nunca. Algo zero pra você. Sem valor.
E eu lá quero saber de carinho?
Não sobrou nada aí dentro, não esconde. Por favor.
Já vive feliz em um outro alguém que eu sei. Me tornei história pra contar. Nos tornamos, não é mesmo?
Foi assim com um.
Será assim com dois.
Ainda não dá pra recomeçar.

II
Ainda continua a chamar minha atenção.
Já foi. Não vi. Esperei. 
O nosso nada ficou por aqui, vagando.
Virou pétala seca que a gente guarda em meio de livro.
Pedaço especial

Quando a gente lê II

"Preciso me tratar pra parar de querer você só pra mim. 
Só fico bem com você por perto.
Chega a me dar desespero e vontade de chorar em ficar muito tempo longe.
Promete que não vai deixar nem o tempo nem a distância mudar tudo isso?" 

Setembro/2010

Ano Novo de novo

Virou o ano, mas não virou a vida. Janeiro férias, Fevereiro carnaval. 
Vida nova lá pra Março, regime depois de Abril. 
Tudo igual.
Aspen em Junho, Julho Disney. 
O vento forte levou pra Agosto, bom em Salvador que também ficou pra trás.
Setembro quase fim.
Outubro o mais legal. 
Novembro meio termo, quase tudo pro Natal.
Em Dezembro tudo é meia noite. 

Alguns (sobre)vivem assim. 
Outros correm atrás.
É ano novo de novo.