28.12.09

Malu

nasceu, um pingo de gente
cresceu, jajá vira gente
aprendeu, a ser diferente
a dar de presente o que é teu.

chegou, trazendo o futuro
mudou, todo o nosso mundo
ficou, completo assim
perfeito pra mim

mas a luz que eu vejo em você
não consigo ver em ninguém
o brilho de alguém mandado por Deus
pra nos proteger

pensei, de sonhos viver
sonhei, brincar com você
despertei, o dom em você
não dá mais pra esconder

tentei, me segurar
não sei, mas posso chorar
se você, no caminho errar
e me deixar escapar

mas cada passo que é teu
já é metade do meu
na tua mão vou pegar, te chamar pra dançar
e o teu mundo explorar.

já sei, vou fazer um pedido
a você, não vamos crescer
e talvez, ir lá fora aprontar
você vai adorar

e eu, atendo um pedido também
bala, pirulito e ninguém
pra te por pra nanar,
isso não vai acabar

ah! esse olhar eu conheço
invadiu o meu endereço
chegou pra ficar, você pode entrar
aqui é o teu lugar.

peço pra voltar no tempo
sinto que não é o momento
corro ver se vai dar tempo
de poder sentir o vento
que vai trazer pra mim
você

tenho pensado a todo instante
o porque de ser itinerante
vejo a vida da roda gigante
e não mais como um inciante
que certamente vai
se confundir


com uma caneta e papel
arrisco a desenhar o céu
quem traz a nuvem é você
pra no futuro descrever
quem é que vai
nos deter

tanta coisa vai mudar
se você acreditar
mudar o mundo, botar pra quebrar
se você se levantar
e o universo vai conspirar
a favor de você.

sorrir com o vento
esquecer do tempo
sonhar acordado
com você ao meu lado

21.12.09

I

Não é pra mim, mas qualquer sinal
já me acelera o coração
Não me faz mal, mas correr o risco
pode ser fatal

eu não vou dar sinais, provocar ou
falar explícitamente o que quero.
vou procurar ficar sempre por perto
e você vai saber que pode ser a qq hora.

II

é triste saber que parte de vc me conduz
e outra parte em você não descobriu onde estou.
fácil entender que por hora me entrego
difícil encontrar quem eu sou.

20.12.09

A verdade sobre Noel

Eu gosto do Natal.

Nessa época tudo é mais bonito. Eu nunca vi neve, mas o Natal em New York deve ser inesquecível. Por aqui eu sei que está por perto quando sinto o cheiro que Dezembro traz. O cheiro do Natal! Não penso em presentes, mas faz com que tudo tenha mais movimento e, no calor dos acontecimentos, você pode ser lembrado quando menos espera. E isso é bom. Contagia. A importância da data não entra em questão, uma vez em que Deus mostra sua existência em pequenos acontecimentos naturais.

Eu realmente gosto do Natal!

Casa cheia, luzes coloridas, perus, saladas, pratos e belas taças. Não há tristeza. Triste é quando chega o Papai Noel. Talvez eu não esteja presente quando ele vier fazer brilhar os olhos dos pequenos desavisados. Não tenho foto, histórias ou qualquer lembrança desse Noel que banca o Papai. E eu te explico o por que:

Papai Noel existe, de fato, porém somente os mais antigos tiveram oportunidade de ver o misterioso senhor de barriga farta, barba branca e vestimentas verdes que carregava um saco de presentes nas costas. Ninguém nunca soube o que o levava a ser assim. Ninguém se quer tocou nesse homem, os mais afoitos que conseguiam se manter acordado até a meia-noite do dia 25, puderam dormir com um presente a mais. Um leve sorriso e uma piscadela de cumplicidade. Essa rapidez do momento fazia a magia do Natal. Ninguém nunca soube desse homem que mudou vidas e se transformou na pessoa mais esperada durante todo o ano.

O tempo passou e numa noite fria dessas de Natal milhares o esperavam. Algo de estranho pairava no ar. Houve uma demora inesperada, uma roupa vermelha abarrotada. Não era aquele olhar e jamais seria aquele sorriso. Uma risada curta e sem sonoridade. Quem era esse Noel? Pra onde foi aquela magia, aquela discrição no olhar, o olhar despercebido?

Definitivamente, aquele não era Papai Noel.

Muitos buscaram respostas. Passaram-se décadas e foram obrigados a aceitar o que lhes foi (mais uma vez) imposto. Mudaras as cores, transformaram as vendas, comercializaram o bom velhinho. Presentearam-lhe com uma farta poltrona vermelha, lhe deram mulheres e um saco cheio de balas. E a verdade nunca foi revelada por medo ou sei lá o que.

Acontece que houve uma revolta num desses pequenos corações desavisados. Um garoto que durante todo um ano de sua vida resolveu desafiar a si mesmo. Não foi o garoto que todos esperavam. E aquele dia 25 para ele foi em branco. Depois disso um plano foi elaborado com detalhes, como quem busca a perfeição. Sua obsessão pelo Natal o levou a loucura e o fez com que encontrasse todas as respostas ocultas sobre aquele bom velhinho que, naquele ano, foi apagado. O garoto, que também ninguém sabe explicar sua origem, foi além. Construiu um império, utilizou-se da mão de obra escrava dos duendes para fabricar os mais complexos brinquedos. Multiplicou Papai Noel massivamente. Fechou acordos milionários valendo a vida do velho homem. Investiu de todas as maneiras e hoje o que vemos em todos os lugares é fruto de sua vingança a seco. Noéis sem vida, Noéis frios e desarrumados. Fez com que o Natal fosse visto à sua maneira e, desde então, acreditamos numa farsa.

E quem não viu nada foi Noel, que até hoje vive isolado de tudo que criou para aqueles que acreditam na verdadeira magia do Natal.

23.11.09

Relato a dois

Aconteceu uma única vez e bastou para ser inesquecível. Ele não deve saber o que eu sei, talvez nem se lembre do que aconteceu. Eu é que nunca me lembro de esquecer aquele olhar.
É claro que eu não vou dizer isso a ele e nem faço questão que ele saiba quem sou.
Eu também não sei quem ele é, mas tenho o encontrado com frequencia.
Se eu bobear meus olhos me revelam.
Tento não notar.
Talvez isso não seja pra mim.

II
Ela pode ter quem ela quiser, você já deve ter visto por aí.
Ela é linda.
Não estou pensando em (fazer) nada, só nessa vida besta que eu levo. Ela passou e eu não vi. Todo mundo viu ela passar. Ah! Se fosse hoje eu faria tudo diferente. Completamente diferente. Talvez ela nem saiba disso.
É claro que eu não vou dizer isso a ela. Ela não precisa saber.
Talvez nem queira me ouvir.
Eu fui um tolo.
Mas tenho cruzado com ela quase sempre. E quase sempre ela me nota. E quando ela sai, quase sempre finjo não ver. Prefiro ir para casa acreditando que, quando eu voltar, ela ainda vai estar lá.

-ficção ou nem tanto assim.

16.11.09

trecho de

Numa turma o drama sempre vem de alguém...

Fez-se o silêncio como quem espera pela ressaca moral no domingo em família, paralelo a isso, fez-se a loucura do mal. A cabeça cai violentamente no volante, buzina disparada e o carro segue em sua velocidade normal. O susto quebra o clima meu-Deus-o-que-eu-fiz-essa-noite e a frase põe fim a tudo, antes que o dia amanheça com mães desesperadas no celular:“eu queria morrer assim”.

E a cena se repete cada vez que não há nada melhor a se fazer e a vontade não é de ir embora pra casa.

(velhos) pensamentos noturnos

I
Já soaram as doze badaladas, é o final do tempo e a luz não se fez.
Sozinha, perdidos em pensamentos, sigo sem encontrar ninguém. Tenho vontades, sinto saudades e ando sem um vintém.

Mais meia hora. Até o silêncio se calou.
Fecho os olhos esperando adormecer.


II
Se a beleza da vida acabar é sinal do tempo que agora só é bom de se lembrar. Joguei o chapéu, pendurei a chuteira, daqui só saio para deitar ao pé de uma roseira.
Dormir.
Descançar.

III
E daqui de onde eu vejo o movimento é contínuo.
E eu continuo sem piscar.

7.10.09

Talvez

talvez seja uma vontade que vai passar, assim como fizeram todas as outras.
talvez seja agora um novo começo.
talvez seja um lance só meu, parte de uma história que só eu conheça.
ou talvez uma parte dos prós,
um lance a sós.
Talvez a certeza do nós.

27.9.09

O que você tem que eu não consigo ver, diz pra mim meu bem o que vai ser?
Sem você não tem nem pra onde correr.
Se o sol não sai, só o pensamento me distrai, vontade de te ver, o medo já não existe mais.
Um dia sem você e eu não tenho paz, não tenho paz, somos iguais, tão geniais.
Você sem querer me conquistou, me prendeu, me pegou, enlouqueceu...
Já não quero mais esquecer como é sentir e ter você, me entregar, te enlouquecer.
Não há nada que eu possa fazer, nada faz sentido sem você, só me diz porque, me diz porque

O seu olhar deixou escapar que sente o mesmo, mas tem medo não quer enxergar que talvez o novo possa mudar o que sentiu, não existiu ficou pra trás
Um amor assim não depende só de mim pra acontecer, realizar, se apaixonar e se eu perceber que o tudo é só ilusão não vejo mal só quero o bem por mim tudo bem.

20.8.09

Todo Sentimento, precisa de um passado para existir.
O Amor Não!
Ele cria como por encanto um passado que nos cerca.
Ele nos dá a Consciência, de havermos vivido anos a fio com alguém que há pouco era quase um estranho.
Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de .... Mágica!

[Ana Carolina]

30.7.09

Um recado, um sinal

Alô? Oi, já acordou?
Eu levantei cedo hoje, aproveitei que o tempo deu uma melhorada e fui correr no parque.
Algumas voltas só, você sabe que eu me canso fácil.
Você tem corrido por aí? Aé, esqueci que o tempo não anda colaborando.
Que coisa né? Esse seu lugar não combina com chuva! E pra que tanto chover?Eu sei, eu adoro quando chove, não precisa me lembrar, mas durante a semana é complicado, tem gente que precisa trabalhar e não é nada legal sair da cama com esse barulhinho gostoso de chuva batendo na calha. Eu gosto quando dá pra ver um filme, comer pipoca, ou ficar de bobeira conversando até amanhecer o dia.

Aliás, os dias andam estranhos por aqui sem você. Por isso eu to ligando. Pra ver se depois de
escutar a tua voz a vida tem mais sentido. Não, não é charme não, eu to falado sério. Aliás, tô pensando em ir te visitar, posso? Claro que posso, que pergunta besta a minha. Mas não sei nada sobre datas de chegadas e partidas. Acho que não vai ter problema. Qualquer coisa deixa a chave com alguém ou melhor, eu te espero em frente ao prédio. Porque é claro que não vou me desesperar se tiver que esperar duas ou três horinhas você chegar.
Depois a gente vê isso.

Por aqui? Tá tudo como você deixou. Um pouco mais molhado agora. Voltou a chover.
Eu desarrumei umas coisas, voltei no lugar outras. Nada que interesse muito. Ando mesmo é pensando
demais na vida, viu. Mas tá tudo bem, vai ficar. Aluguei uns fimes de comédia pra rir um pouco e
acreditar que tá tudo bem mesmo. Vai, vai passar, não se preocupe. Aliás, eu não quero mais tomar o seu tempo, olha a hora que já é! Você deve ter muita coisa pra fazer aí, o dia ainda nem acabou e eu aqui, né.Bom, fica bem, tá? Eu tô por aqui, sempre.
Liguei mesmo pra deixar esse recado gravado na secretária que é pra ser surpresa quando você chegar. Eu tinha certeza que você não estaria em casa nesse horário. Tá vendo como eu te conheço?

No mais eu fico por aqui disfarçando a realidade e diminuindo distâncias.
Não retorne se não quiser ou puder. É até bom né, parece que fica mais gostoso depois, uma cosquinha na saudade. No mais tardar te vejo no domingo.
Um beijo.

26.7.09

Paga-se um preço alto por querer ser realmente quem você é. Tem tanta gente por aí tampando o sol
com a peneira, imaginando personagens pra um conto que não existe.
Tem gente por aí (ainda) com medo do
que os outros vão dizer. Complicado, o que pode ser tão simples.

II

Ou será que eu quando acordo é que entro num mundo onde as regras são outras, os pensamentos livres e o medo já ficou pra trás? Será que tô sozinha na contra-mão ou todos eles é que não despertaram pro diferente da vida?
Depois penso nisso...

III

Não se sinta apontado, se sinta bem!

20.7.09

são frases recolhidas da minha mente que eu não tenho ideia de onde vai dar.
eu penso uma parte, você imagina a outra e o que eu imagino você não faz parte.
Ele quer saber de tudo e do tudo não sabe é nada.

12.7.09

no adress

Eu queria poder te dizer que toda vez em que eu fecho os olhos vejo você.
Te falar que depois de alguns anos eu reaprendi a gostar de alguém. Pensar. Lembrar.
E você nem sabe.
E eu não sei como fazer pra que você veja. Mas sente, eu sei.
O perto me agrada, o longe é que não me favorece. Talvez seja essa mania besta de querer sempre mais. Na tua loucura não te conheço e sigo a imaginar. A casa, os amigos, eu e você.

Eu precisava contar que o teu silêncio me conforta e fazer parte dele é maravilhoso, mas não sei por
onde começo, me perco ao te observar. Não quero te assustar e me afasto na ânsia de que você se aproxime. Te machucar também não quero.
Saiba que eu também tenho medos e sentimentos frustrados e claro, segurança nunca foi meu forte. Sofrer já foi.
Mudo a vida, recolho palavras, esqueço de mim mesmo pra tudo ser assim, do jeito que você imaginou. Sem me tocar eu sinto quando teu olhar encontra o meu e disso, e só disso, você sabe.

Queria sair dizendo como pode ser tão completo, até parece que sabia dos meus sonhos. E aqueles seus defeitos se tornaram apaixonantes no meu ponto de vista. É o oposto e muito me atrai.
Não sei dar nome pro que sinto, talvez nem exista ou não caiba ainda em nenhuma classificação, mas chega a ser confortavelmente instigante.
Você, sem querer, misteriosamente me prendeu.

Encerro certa em dizer que não tenho pressa, conheço o jogo e as cartas já foram lançadas à espera de um começo.
E que o meu seja com você.

Ps.: E se algo der errado não existe culpado. Não nos permitimos julgar.

8.7.09

Como pode ser tão doce com as palavras.
Saber a estrutura certa para cada sentença.
Que olhar usar. Tudo isso é quase música aos meus ouvidos.
Ele segue com pontos e vírgulas e eu insisto em não ter um ponto final.

2.7.09

Simples Assim

Primeiro me encantei com o olhar. Depois foi o sorriso que me chamou atenção. Reparei na forma como levas a vida e a vontade de aprender com você não passou despercebida.
Quem sabe eu não entro nessa sua viagem.
Você é grande, do tipo que aconchega. Que oferece colo, traz o cafuné e convida pra esquecer da vida enquanto acende o próximo cigarro.
Se perde na própria fumaça, ri de si, da vida. Ri pra mim.
Eu me (re)faço no encanto, vou pro canto e me perco em ti.
Simples assim.

Corintiá

Ser corintiano é decidir
Que todo ano a gente vai sofrer
Se enrolar no pano da bandeira
E reclamar se o time não vencer


Mas de repente o ano é santo, a gente tá no céu

O time é forte, a sorte é grande, o axé tá com a Fiel
O axé tá com a Fiel
Voa suave o gavião
O axé tá com a Fiel
Bate na trave o coração

Ser corintiano é mergulhar
No oceano da ilusão que afoga
Não importa o plano do destino
Cada jogo é o coração que joga


Bate na trave a ilusão da gente, vai que vai
Chuta de novo que o coração entra e o grito sai:
É gol!
Corintiá
É gol!
Corintimão

Gilberto Gil . 1984

19.6.09

Estranho pensar como a gente sabe desde criança o que quer fazer o resto da vida. É claro que são muitas as opções, mas existe uma que não sai de ti. Tá sempre ali em primeiro plano e ninguém sabe.
E nem precisam saber.
É engraçado pensar que tudo aquilo que um dia você pensou ou achou que fosse exagero pode acontecer. Ou melhor, está acontecendo.
Intrigante ver a forma como as pessoas sorriem pra você, te olham, te admiram por uma frase, um gesto ou uma nota alcançada.
Curioso o jeito como dizem que jamais esperariam isso ou aquilo de você.
E fabuloso a forma como isso te conforta. O sorriso que você devolve como agradecimento é quase egoísta quando você diz pra você mesmo "eu já sabia".
É mágico como na vida tudo se encaixa. Na hora e com as pessoas que tem de se encaixar.
A gente tenta retardar tais acontecimentos, mas eles realmente acontecem se você acreditar!
Tem coisas que eu sinto que na hora tenho que escrever.
E só na hora saberia dizer.
Ainda agora não consigo descrever, mas se você estivesse dentro de mim certamente iria saber.

Feliz!
Como tudo deve ser.

17.6.09

Junho

Junho tem cheiro de terra molhada, gosto de pé-de-moleque e paçoca,
tem som de dupla sertaneja.
Pra matar a sede tem quentão, vinho quente e uma branquinha na mesa.

Pra esquentar serve golão, fogueira ou uma coberta no c
olchão.
Junho tem um quê de saudade quando, por perto, soltam rojão.
Pra Junho bandeiras, trajes, amigos, família.
Junho é parada obrigatória em qualquer festa da cidade.
Mãe, tire o diploma da parede.
Ele já não serve pra nada.

8.6.09

O que você me fez

Ainda sonho com o dia que você irá chegar e dizer que tudo isso acabou,
que não sabe o que aconteceu que como eu sofreu... se perdeu.
Vai tirar de mim a dor do passado e desajeitado vai pedir pra esquecer.
E logo eu enfraqueço, não me reconheço... o que você me fez?
Eu não fui capaz de outra vez mais tentar te esquecer.

Ensaiei tantas frases, desviei os meus olhares só pra não sofrer,
a saudade eu driblei e comigo só fiquei, aprendi no vazio a te perdoar.
E de novo eu enfraqueço, não me reconheço... o que você me fez?
Eu não fui capaz de outra vez mais tentar te esquecer.

Já é quase de manhã esse dia não chegou, vou me levantar.
Só me diz o que restou o fim do nosso amor ou respostas que não soube me dar.

21.5.09

uma saudade

Eu escrevo sobre uma saudade.
Uma saudade que já tentei exilar, isolar, deixar de castigo num canto, guardar numa caixa e lacrar. Uma saudade que eu nunca tentei matar. Faltou coragem. Talvez eu goste de sentí-la. Talvez ela faça com que de ti eu não me esqueças.

Uma saudade que outrora e sem hora vem me visitar. Me traz esse alguém com quem ainda passo horas a confessar besteiras, rir de bobeiras e chorar de falsas tristezas. Esse alguém não sabe que por instantes tento transformá-lo em ninguém. Tolice. Me quebra com aquele sorriso e volta a ser o mesmo alguém. Mais intenso. Mais saudade.

Oh saudade que não se vai
óh alguém que de mim não sai.

18.5.09

Estou cansada das coisas que ando vendo por aí.
Algumas delas sei que posso mudar. Primeiro trago você pra minha vida e já começo a ver o mundo de outra forma. A forma que carrega todas as cores do arco-íris.
Quero saber de você, ouvir histórias e convidar a visitar lugares que passei.

Me encorajo enquanto vc ri.

17.5.09

A despedida do Palhuca

*texto originalmente escrito em 2007

Meu dia estava indo tão bem. Um pouco de frio, o sol que fazia não esquentava tanto quanto àquele do meio-dia. Era inverno de 2007. Não me importava, deixara tudo de lado pra ser feliz. Mas, não podia imaginar que no cair da noite viria uma notícia que deixaria a minha noite vazia.
Durante as férias todo mundo já fica tranqüilo, sem muita coisa pra fazer. No inverno então, nem se fala. Uns procuram um bom filme, uma cia. e pipoca, outros se afogam nas cobertas, uns passeiam com amante e outros resolvem acabar com o dia (a noite) daqueles que juram ser seus amigos.
Comigo foi assim.
Não me incluí nos edredons por preguiça de pegar e depois ficar gelada do mesmo jeito porque sempre tem àquela hora de levantar pra ir ao banheiro ou pegar alguma coisa pra comer, outra coisa que todo mundo faz quando não tem nada pra fazer. Não me inclui no filme porque só tem graça quando a gente perde hora esperando a Carmen chegar pra ir ao cinema. Me sobrou aquele programa de mensagem instantânea que consome a minha vida regularmente.


Uns contatos online aqui, outros off acolá, paquera que entra e sai, aquele que você já catou e que não tá mais afim que não pára nunca de encher o saco, tá todo mundo presente, não faltava ninguém. Foi quando numa subida de plaquinha o fim estava próximo e eu nem sabia. E depois falam que o mundo da gente pode mudar em questão de segundos e a gente não acredita. Pois é, comece a reparar, realmente acontece. “Fitta acabou de entrar”, ela dizia. Pronto, foi o começo do fim.
Entre uma introdução naquele papo de novidades daqui, frio por lá “nooooossa to congelada”, ela lança a bomba, sem dó nem piedade: “meu, o Palhuca foi vendido”.
Como assim, gente? Como alguém é capaz de dar uma notícia dessas pra uma jornalista, assim de sopetão? Como se ele não significasse nada pra mim, nem pra nenhum de nós mortais que nele já andamos? Não...isso não poderia estar acontecendo. Não comigo!
“Fitta, como assim?”
“É meu, vendeu?”
Cabou! Zéfini! Já era! Jaz!

Precisei de um tempo pra me recompor e acompanhar o resto da conversa. Apesar de que desastre maior não poderia vir. Só se ele fosse um avião em pleno caos aéreo. Mas não era. Era ele, o Palhuca.
Nesse tempo que tive foi o bastante pra passar um filme na minha cabeça. Esses mesmo de quando a gente gosta muito de alguém que se foi e que você começa a pensar em tudo de bom que já aconteceu. E pensa também no tempo que você não teve pra se despedir, no tempo que você deveria ter aproveitado bem mais, enfim, pensa nele... pensa em nós.

Pensa em quanta coisa aconteceu sem que nós soubéssemos que um dia iria acabar. Porque temos essa mania maldita de achar que tudo é pra sempre? Porra, eu devia ter aprendido com o Renato Russo que o "pra sempre sempre acaba"! Logo eu, que ouvia tanto Legião Urbana! E tinha também aquela versão com a Cássia Eller. Todo mundo conhecia, menos o Palhuca. Ele não sabia o que era música de verdade. Aliás, ele era mudo. Ele não sabia o que era música. Nunca um som alto, uma caixa estourada, nada. Ele não tinha som, mas esse era o charme. Sabe quando a beleza tá no simples? Ele era assim. Não precisava de funk, pagode, axé ou os meus sons alternativos que sempre rolam, ele só precisava de cinco elementos fundamentais: Fitta, Loira, Cãrmen, Heca e Dane (que depois abandonou o barco sem dó e piedade). Ele não precisava ouvir o resto, ele tinha o todo. O riso, o choro, o desabafo, o bafo (de pinga), os gritos e algumas tentativas em vão de se cantarolar uma balada ou outra. Até em russo a gente tentou cantar, mas o eskutchumopompeo não foi feliz, mas rendeu boas risadas que foram eternizadas nele próprio.

Era com ele que a balada tinha que sair. Era só dele a nossa alegria, as nossas bebidas, as nossas pegadas! Só ele fazia valer a pena. Na real ele nem era tão simples assim, sabia? Desconfio que ele tivesse um sistema de piloto automático desconhecido por todos nós, afinal quem desviou tão perfeitamente do Cata Entulho? A Fitta que não foi...não tinha como.
E ficamos sem essa resposta...e sem tantas outras! E agora? Como é que vai ser daqui pra frente?
Nunca nenhum outro veículo automotor de quatro portas preencherá esse vazio que ele nos deixou. Cia, Madalena, Habib’s, entre tantos outros lugares ele será lembrado, eternizado, canonizado. Penso em colocar uma foto no painel do próximo veículo de balada pra ele nunca se sentir sozinho.

Esquecê-lo, jamais. Todas as suas características estão guardadas em nós. O adesivo de medicina, o amassadinho no porta malas, a ausência de som, a sujeira interna, enfim, tudo. Porque aqui dentro o pra sempre não acaba. Fica bem, Palhuca. Faça do seu novo dono um rapaz feliz como você nos fez durante todo esse tempo. E passe sempre que der por entre nós.
Nos vemos por aí...

13.5.09

É pedir demais

Não faz muito tempo eu estive em uma situação digamos um pouco desconfortável, por parte do contexto casual, porém de extremo agrado pela viagem e cia e claro, também pelo cenário - o que não nos interessa agora. Entre um assunto e outro e algumas matérias lidas em voz alta uma frase chamou minha atenção:

- Vou ler tua mão.

Antes não tivesse lido. Doeu saber que várias linhas não
se encontram em mim. Importantes linhas. Curiosas linhas que fariam da minha vida uma vida completa. Que, de fato, não existe. Não existe linha da sorte, coração, cabeça até que tem um pouco, mas sucesso, carreira, nada disso aparece, nem um risquinho de leve onde se possa enxergar com o auxílio de uma lupa. NÃO. NO lupas, No linhas. Só consola um pouco o fato de ter o lado artístico aflorado e o bom relacionamento público, o que cai por terra quando, sem dó nem piedade (e seguido de risadas infinitas), é revelado que a linha da vida é curta.

Isso sim é lamentável. Receber uma notícia dessas friamente no auge dos 23 anos. é desadolador. Se eu soubesse teria bebido um pouco mais que 155 copinhos de cerveja na noite anterior. Eu jamais poderei citar que posso amar alguém pro resto da vida, que posso sequer esperar a pessoa amada pro resto da vida, que posso ser feliz pro resto da vida. Hoje em dia isso me dá uma ideia (já sem acento) muito vaga dos meus próximos dias vividos. Porém, algo me conforta. Não dá pra cantar, atuar, dançar (talento descoberto há pouco), cuidar da sobrinha, pensar, agir, dormir, ser multi-instrumentista (to confusa se mantém o hífen), fazer o social, beber, cair, levantar e ainda ter as linhas da mão completa. Definitivamente não dá! É pedir muito e relatos comprovam:

"mas cara, a tua vida nem existe mais de tanta linha ausente que vc tem na mão! hiuahiuahuahiuahiua elas estão de férias, crônicas néééé...
e a da sorte então? vish azarenta... ROCKO ! sabe aquele canguruzinho que usa uma roupa de baile do hawai? ahiuahuahiuhaiuhauia é VOce."

11.5.09

acordei com saudade da gente.
passei por velhas histórias, bilhetes rasurados e fotos sem cor.
pra você nada mais disso faz sentido.

passou.

passado.

é melhor deixar pra lá.

5.5.09

Top 5

Mart'nália - Entretanto
The Big Pink - Velvet
Shout Out Louds - Go Sadness
Yeah Yeah Yeahs - Hysteric
Velvet Revolver - Fall to Pieces

29.4.09

um conto em cinco

I
Foi um rebuliço na favela quando Daltinho chegou de mão dada com a bonitona da rua Debaixo.
Daltinho era menino bom, trabalhador, titular do Favelinha Futebol Clube. Fazia os "corre" do seu jeito, sem dar bandeira e corria à boca grande que os demais tinham inveja das mulatas que ele pegava.

Menino levado, moleque do samba, atrevido. Seu negócio era mulher sem compromisso.
- Que é que deu nele, ein?
- Tá apaixonado.
- Apaixonado? E ele lá é homem de falar de amor? Agora me aparece de mão dada com gentinha de fora. Deixa ele vir bater na porta de casa essa noite que eu lhe boto pra correr.
Iracema, como tantas outras, era apaixonada por Daltinho. Por morar perto era caso fixo no fim de noite, feriado ou de manhã bem cedinho.. Iracema sabia das outras, não se importava, mas no fundo esperava por um sentimento de Daltinho que nunca veio.

Na favela o comentário era geral. No bar os amigos contavam pra quem quisesse ouvir que Daltinho há dias não aparecia por lá. Não se via mulher pulando janela em nenhuma hora do dia e muito menos ele chegando tarde da noite em casa.
Daltinho realmente estava mudado.

19.4.09

Cadê pezinho, mãinha?

Fico com medo quando é sábado à noite e eu estou em casa. Me espanta saber que algumas amigas estão fazendo-algo-sem-mim e eu estou em casa. Me espanta o que eu posso encontrar na tv num sábado à noite. Em casa. Alguns filmes antigos, programas reprisados, notícias rotativas, tudo bem last week. Recorro à internet que me remete à tv: Miss São Paulo 2009.
Ah! A Band.


Nota de esclarecimento: Rio Clarense na tv é parar pra ver! (soa como título para um futuro post).


Confesso que a tal moça eu não vi porque o que foi visto antes me deixou chocada e, claro, cheia de dúvidas. Além do moicano last year by Nove Mil Anjos e bigode surrado emprestado do Latino ele não estava descalço. Sim, sapato, meia, calça social bem pastor. Completamente trajado. Esqueça blusas cavadas, calças brancas na linha saí agora da capoeira, pés sujos e calejados. Não. Xandy voltou como manda o figurino.
Desculpa decepcioná-los, mas Xandy deixou pra trás toda uma história de diminutivos, esqueceu o agachadinho e já não passa mais o rodo na paradinha. Já não é mais da muvuca-ca.
Xandy é new generation! Xandy é phino! Usou o Pires de base e voltou para falar de amor sem sair do chão. Já posso ouvir a multidão gritando que o Xandy é Mara. Só faltou deixar de viver em Harmonia, perder o sotaque e trocar de loira. Vem neném, que eu vou nanar!

16.4.09

Não importa como é chamada, que estilo tem, que rótulo carrega.
Te emociona, te arrepia, faz parte da tua vida.
Isso é música.


http://www.youtube.com/watch?v=2QtWpeIuOi0

15.4.09

Igual a você

Existe alguém igual a você
que me persegue.
me sangue
me suga.

Existe alguém igual a você
que não me deixa esquecer
insiste, aparece
sem nada a dizer.

Existe alguém igual a você que não é real.

Existe alguém igual a você
que só quando eu saio de mim
é que ela vem.


II

eu sonhei com você essa noite.
avisa aos desavisados que isso tem nome: saudade.
eu já ando berrando por aí.
e não vou desistir até te fazer escutar.
pode apostar.


14.4.09

e depois do show na tv, ela, sorrindo, diz:

- só faltou você querer ter uma banda de rock! Do resto você quis tudo...

eu pensei e não pude evitar. seriamente lhe respondi:

- eu ainda quero, mãe.


http://www.youtube.com/watch?v=iu7qpOPqS9Q

6.4.09

Casa de praia

Deve ser verdade quando dizem ser aconchegante ter uma casa na praia.
Morando nela é possível sentar em frente ao mar e, sozinho, ouvir o que o silêncio tem a lhe falar.
Olhando o ir e vir das ondas, nota-se que são como as coisas da vida. E acredita-se que uma hora pode transbordar.

Na praia não moro, casa de praia não tenho.
Conheço poucas delas, mas ainda tenho tempo para descobrir quantas cores o mar é capaz de ter.

3.4.09

Como 2 e 2

Tudo certo num lugar onde nada pode dar errado. Mas algo saiu errado nesse lugar que tudo é para dar certo. Ou não, nós é que estávamos errados. Tudo estava certo.
De longe só mais uns. Passando batido. Rotina. Montagem. Tudo (e todos) no seu devido lugar.
Começa em 5,6,7,8. A contagem seguia e eu não queria que parasse. E se desse jeito, que fosse mais devagar. Pra não cansar. Pro tempo não passar. Mas passou. E não pra mim.

Ainda dá tempo de rever em câmera lenta os sorrisos, as gargalhadas, os foras, alguns tropeços, a emoção. Aí, eu descobri que não foi só a hora que não passou pra mim. O mundo é que se rendeu. Tirou milhares de pessoas de circulação pra fazer acontecer de perto o que antes atendia por inalcançável.
Nós. Acumplicidade explítica no olhar, o riso incontido. Mágico e nada mais saiu errado. Não ali. Não pra mim. Eles não entenderiam. Indescritível. E se felicidade são momentos, mais uma vez eu fui feliz ao teu lado, seguindo teus passos.
"tudo certo como 2 e 2..."

1.4.09

diz quem foi o errado, esqueço o meu passado e vou correndo pros teus braços.
como um qualquer namorado, eu vou.

26.3.09

Luz, Câmera, Ação

Se algum dia eu parasse para escrever sobre nós, pensaria em algo grande.
Algo onde eu pudesse colocar toda a sede que a gente tem dessa vida. Tudo detalhadamente mostrado.
Eu não sei quanto tempo eu teria se fosse uma novela. Não gosto da ideia de prazos. E também não saberia dividir em capítulos, me perderia nos dias. Eu precisaria de algo mais.
Eu faria um filme! Desses independentes, sem pretensão alguma, mas que no final rendem prêmios. Só uma ideia na cabeça e uma câmera na mão.

Pro meu roteiro - se é que ele existisse - eu separaria de cada um as melhores feições, as gargalhadas mais gostosas, as frases mais inusitadas. Tudo sonoramente pensado. Pro making off eu separaria a má fase, os dias ruins, aquilo que não deu certo. Porque dessa forma é que são encaradas as coisas que não saem do jeito que a gente imagina. Corta. Começa e faz de novo. Quantas vezes for preciso e sem guardar ressentimentos.

Na nossa trilha todos os sons seriam bem vindos. Apesar de alguns de nós não dançarem conforme a música. Nosso filme talvez não entrasse em cartaz. Não por trazer cenas censuradas, mas por que a censura ainda não é capaz de barrar a inveja. E também (ainda) não protege contra dor de cotovelo.
O figurino? Eu não parei pra pensar no figurino. Mas seria algo entre o mainstream e o underground.
Um filme calmo, com algumas paisagens, porém um filme intenso. Com a duração que cada um quisesse dar.

A cena final seria escrita como a continuação de algo que nunca termina. Num cenário colorido, a alegria da festa atingiria até os mais desacreditados, os carentes de sorriso e até aquelas pessoas que perderam o jeito de como é que se faz.
Com a câmera captando de cima somos cinco abraçados em meio a uma multidão que nos rodeia. O som alto não impedia de ouvir uns soluços emocionados e alguns ruídos que de lá saíam. Nessa hora, o quadro fecha em nós e aquela música se faz tocar. Mesmo que só pra nós.
Permanecemos assim sem querer que chegue a hora de levantar da poltrona, que acendam as luzes e subam os créditos.
E assim ele não se faz.
A cena congela.
Somos um e milhares de pessoas a nos olhar.

25.3.09

Eu te amo?

"Eu te amo não é bom dia", frase dita por um anônimo qualquer ou autônomo que amava alguém.

Não amava. Era a única coisa que sabia dizer para se sair bem nas situações tenebrosas. Não se diz eu te amo assim da boca pra fora, todo dia, toda hora. Tem de ser forte, vir de dentro, buscar o olho e ser verdade. Não precisa ser recíproco, mas tem de fazer nascer um sorriso, parar uma lágrima. Não é um grito de socorro e nem pode ser usado como moeda. Passou por mim um milhão de vezes. Não me compraram, eles é que se venderam sem nada levar. Lamentável. Há de se ter medo desse ser que é humano, mas que não aprende e é incapaz de amar. Sozinho, tem alguns dos seus fingindo dizer o que se esquece minutos depois. Pode olhar, em qualquer relação um desses há de achar.

20.3.09

Dezfina-se

(em 10 segundos, 10 frases, 10 dias, 10 vezes)

Mulher em constante movimento. Mulher pra quem de longe vê. Criança pra quem de perto enxerga. Ama absurdamente profundo aquele da forma que lhe convém amar. Apaixona-se. Se entrega. Desapego. Palavra-chave. Quando chora, ri. Nenhuma decisão tomada até aqui. Mas fala por si e por quem vier de lá ou de cá. Deixa marcas acolá. Vai longe. Pra longe. Passos leves. De se admirar. Fez do sonho a vida. A girar.

18.3.09

desordem

Engraçado como as coisas mudam de uma forma inesperada.
Rápido. De repente.
Você sai pra olhar a janela e quando volta várias coisas já estão fora do lugar.
Deve ser o vento que bate forte por aqui. Evito fechar a janela e arrumar o estrago. Não, não é uma negação da realidade. Mas o medo de colocar as coisas em ordem e descobrir que você já não estava preso na desordem.

Sonhos II

Hoje eu tive aquele lance do sonho outra vez.
A mesma pessoa agora vestida de branco.
Não a toquei, como das últimas vezes, mas a senti como se fosse real.
Explicações não achei.
Mas sorria e tinha os olhos vidrados em mim como quem diz "te amo".

Pisquei e ela se foi sem nada dizer, como da última vez.

11.3.09

quando chove

Eu gosto quando chove.
Quando pequena não gostava dos trovões, hoje os aceito melhor.
Daqui da janela dá pra ouvir os carros passando no chão molhado e já nem preciso forçar a imaginação pra ver que os respingos deixados pelos pneus vão molhar quem vier logo atrás.
Às vezes, daqui da janela, também dá pra ouvir os pingos mais fortes e o vento que chega a balançar. Dormindo, eu já tive muito medo.

Hoje, pra entrar de uma vez nessa viagem molhada ligo o som. Quase sempre funciona.
E cada dia que chove vou pra um lugar diferente.
Há pouco estava na estrada, num dia frio, com vidros embaçados e ninguém por perto. O caminho eu conhecia bem, só não sei dizer porque é que eu fui parar por lá outra vez. Por ora ninguém me conhece por aquelas bandas, não sobrou um sequer pra contar a história, como dizem por aí. O engraçado é que eu consegui de fato visualizar algumas pessoas. Os lugares por onde passei. Consegui lembrar como tudo ficava quando chovia por lá também. Algo me diz que eu voltei só pra ter a certeza de como era bom e de como poderia ter sido melhor.
Quem sabe numa outra viagem, uma nova capa de chuva, um outro dia frio ou quando chover novamente.
Eu gosto quando chove.

10.3.09

TOP 5

Mallu Magalhães - J1
Marcelo Camelo e Mallu Magalhães - Janta
Matt Costa - Sunshine
Lady Gaga - Just Dance
Jonh Mayer - Free Fallin

7.3.09

Fenomenínthians

Eu não sei se eu gosto de futebol. Tenho um time grande de coração desde criança.
Penso ser um bom começo. Não conheço estádios, no máximo o Maracanã do alto (e longe), não vi clássicos, muito menos meu time em campo mais perto de mim. Até hoje jogo sempre foi sinônimo de bar ou churrasco ou vamos-fazer-alguma-coisa-porque-é-dia-de-jogo.
Mas confesso, que, com esse falatório sobre o Ronaldo no Timão, eu parei cinco minutos para conferir a sua estréia. E foram oa cinco minutos mais arrepiantes da minha vida, futebolísticamente falando.
Chorei.
Pode soar ridículo para um Corinthiano não praticante dizer que ficou emocionado. Mas eu desafio qualquer um de vocês a ouvir uma nação fiel e não se sentir diferente.
Quarta-feira eu descobri o que é ser Corinthiano, o que é ser "louco por ti Corinthians".
Oba, Domingo tem mais.

3.3.09

pra ganhar teu coração

Eu queria quebrar esse gelo,
pular a barreira e ser campeão.
Desfazer esse laço que me traz o teu abraço
em forma de coração.

Se eu pudesse lhe traria os desenhos feitos nas nuvens
em forma de algodão.
E se eu tivesse coragem, te levaria até o céu
para quem sabe vê-los de perto.

Mas eu não sou atleta e tampouco tenho um balão;
quem sabe um dia eu viro poeta, escrevo um bilhete
e ganho o seu coração.

2.3.09

eunãoseidizersobreessasaudadequeadistânciacriou.
masaoolharcada(velha)fotosoucapazdedizerquenadamudou.

25.2.09

Melanfolia

A cidade está em silêncio. As serpentinas penduradas nos fios e os confetes pisoteados pelo chão anunciam o fim de mais um carnaval. Já se fez claro, os foliões se põe a dormir e os saudosos levantam pro trabalho. Todos mandaram seu recado no desfile de plumas e bundas na “passarela do samba” que, agora, braços fortes se encarregam de desmontá-la.
Tudo religiosamente igual.

Algumas coisas perderam a graça por aqui. Quando se é criança tudo é folia, afinal é carnaval. Arquibancada era pique-esconde e rua fechada, pega-pega. Desfile era churrasco e matinê é que era festa.

Tenho de te me conformar com os “novos tempos”. Carnaval agora é longe daqui, como dizem a maioria. Já se foi a Folia de Reis e o Galo da Madrugada viu o sol nascer. Os bonecos de Olinda foram guardados, acenderam as luzes do salão, mas Arlequins e Colombinas vão se ver no ano que vem.
Penso nisso tudo enquanto tiro de mim o cheiro do Carnaval e tento fazer com que o único (e último) confete vá pelo ralo.

Vou dormir e lembro: ainda é Carnaval em Salvador.

21.2.09

saudade de algumas pessoas,
alguns lugares,
de algumas frases ditas sem querer e que faziam todo o sentido.
Carnaval não leva embora a saudade?
vai ter que levar.

17.2.09

Porta 102

Chegou cedo.
Com a mochila nas costas subiu as escadas para evitar o barulho do elevador. Queria mais que surpresa. Queria excitação. Sorriso no rosto. Respira fundo. Aperta a campainha. Duas vezes e nada. Era de se esperar.
Inquieto deu as costas pra porta, coçou a cabeça como fazia quando algo o preocupava. Cumprimentou o vizinho que saía do elevador. Virou-se e ali na sua frente, de toalha na cabeça e feição assustada, ela emudeceu. O vizinho que tudo vira, sorrindo, colocou o jornal debaixo do braço e se contentou em imaginar o que aconteceria depois do bater da porta 102.

quadros

Eu gosto de coisas rápidas, práticas e objetivas.
Por isso lanço aqui no blog alguns futuros quadros que falam muito dizendo pouco.

- Top 5

(as cinco músicas maaaaais ouvidas no dia ou numa hora específica)
- Êmeéssiêni
(coisas estranhas, frases ou comentários inusitados que surgem quando a tua vida é virtual)
- Certezas do dia
(certo hoje, amanhã não sei)
- Da Série curtas
(fragmentos de textos, diálogos, etc)
- Passo a Passo
(muito bem estreiado com o miojo)

aproveitem.

16.2.09

Ai, a Kelly

*originalmente escrito em 2006.
Ninguém acredita quando eu paro pra contar que uma tartaruga minha fugiu.
Sério. Isso me deixa super mal só de lembrar. Lembro exatamente da cena quando minha mãe me contou chorando....de rir!
Todas as tardes, depois do almoço, as duas eram liberadas para tomar um sol, dar uma espichada. Répteis, sabe como é, não dá pra prender um animalzinho desses o dia todo numa bacia cheia d'água.
E o quintal aqui de casa tem um bom espaço para que ambas se dediquem ao ócio. Elas correm, se espreguiçam e somem! Uma até que é mais tranqüila, mas a Kelly...
Desde pequeninha quando eu fui buscá-la ela já demonstrava sinais de que seria um terror. Tão pequena e já tão espertinha. A outra não foi batizada*. Na real ela veio pra substituir a Sofia, que era de uma raça diferente que minha irmã comprou e acabou vindo a óbito. Até enterrada ela foi, mas isso é assunto para um outro texto.

E a Kelly, dias desses foi lá tomar o seu banho de sol com sua irmãzinha.
Passaram a tarde toda por lá, mas na hora de recolher...
A outra era fácil, fica sempre embaixo do vaso no meio do quintal. A Kelly não. Tá sempre nos lugares mais difíceis e quando você pensa que vai pegá-la...vupt...ela já correu dali.
"Uma tá aqui, cadê a outra?"
Pois é, o desespero se implanta, uma correria geral, procura dali, levanta daqui, agacha, pega, senta, levanta, entra, sai e nada da Kelly aparecer.
"Procura na rua, o portão tava aberto"
E nada. Ela tinha sumido mesmo.
O pior nem foi isso. Quando eu fiquei sabendo eu virei uma fera. Até ameacei umas lágrimas, mas elas não caíram. Fiquei mal. Chegava pra contar e todo mundo caia na risada antes mesmo de eu terminar. Era um saco, mas no final eu acabava rindo também.
Bom, isso durou uma semana até que...

"Achei!"
"o quê?"
"A tartaruga, achei mesmo, é a Kelly"
E nisso eu corri lá fora pra fazer o reconhecimento do corpo. Toda sujinha, coitada.
Com fome, frio e sede. Fazia muito calor, pensa, tava desnutrida.
A alegria foi geral.
Pra outra então nem se fala. Até os banhos de sol estavam suspensos por um tempo pra não correr o risco de perder-la também.
Depois de um tempo eles foram liberados e eu até que arrisquei dar umas olhadinhas de vez em quando pra ver aonde é que estavam as duas moçoilas, mas aí eu achei que isso seria coisa de gente maluca, né? E eu não sou. Talvez esteja ficando com essas duas tartarugas que arrumei.
Uma se esconde, a outra corre e foge.

Só faltou pedir resgate...
*Hoje em dia "a outra" foi batizada: deem as boas vindas à Stephanie.

13.2.09

da série curtas

I
- A gente casa amanhã, então?
- Casa agora, sem padre nem testemunha porque eu posso ser o que você quiser.

II
- Nossa, que cara é essa?
- Não dormi a noite toda
- Mas aconteceu alguma coisa?
- Não. Fiquei te vendo dormir.

III
- Ah, o amor.
- Quero me apaixonar também
- Aé? E que tipo de homem você gosta?
- Tipo você.

11.2.09

Passo a Passo

.heca diz:
o fer como eu faço pra fazer miojo com molho?pomarola
Fer diz:
ahh entao faça o miojo e coloca o pomarola ihaihahiahiahaiihaiaiha
.heca diz:
JUNTO NA ÁGUA?não né
Fer diz:
naaaaaaaaao desculpe tire a agua e coloca o pomarola
.heca diz:
mesmo o pomarola gelado ele esquenta?
Fer diz:
ah deixa um pouco de agua dai vc coloca o pomarola e deixa no fogo baixo pra esquenta um pouco
.heca diz:
tá, to adorando esse ensinamento, eu vo fazer.

Alguns minutos depois...

Fer diz:
deu certo?
.heca diz:
tá amolecendo o macarrone
Fer diz:
hahiaihahiahia isso nao deixa amolece mto c nao vai fica ruim
nao esquece de deixa um pouco de agua pra nao gruda tudo na panela
.heca diz:
e o tempero dele q hr eu coloco?
Fer diz:
ahh coloca antes do pomarola
Mais tarde...

.heca diz:
ta mt quente essa po#$%¨, caR$%¨&**&
Ana Flávia. diz:
poe no ventilador
eh BA TA TA
.heca diz:
BOA
Curiosidades: Na tentativa de diminuir o fogo eu desliguei por completo. Quatro vezes.
Esse meu lado culinário me assusta às vezes.

10.2.09

Sonhos

Todo dia eu sonho ou acredito sonhar. Cada dia um sonho diferente. Tem sonho que passa batido e sonho engraçado. Alguns sonhos eu conto outros apenas guardo. Outros sonhos se repetem. Isso me interessa, de certa forma, mas não chega a me assustar.
O que me faz acordar diferente são os que eu chamo de "reais". Eu consigo tocar objetos e pessoas e senti-las intensamente. É estranho explicar. É muito íntimo.
Já aconteceram algumas vezes. Muda-se o contexto mas nunca o personagem. Talvez seja saudade recíproca ou porque ando pensando demais em você. Me toca pra me acalmar, quem sabe pra dizer que não se foi totalmente.
Acordo perdida e chego a ficar horas pensando, sem saber se aconteceu ou sonhei. Fecho os ohos e a cena se repete do mesmo modo, do mesmo jeito. Mas com a claridade lá fora fico cada vez mais longe e já não consigo sentir tão perto como tal.
Penso em dormir, mas tenho a certeza de não ser igual.
(continua...)

9.2.09

o poder de um i

inevitável
imprescindível
incurável
indescritível
irremediável
inesquecível
indiscutivelmente
a melhor
.

7.2.09

B.O

* texto baseado em fatos reais.
Sempre que se sai entre amigos muitas coisas inesquecíveis acontecem.
Quase sempre não se sabe ao certo o que aconteceu, mas com uma conversa daqui, um vídeo dali a noitada é reconstituída. E quando a coisa ferve mesmo a gente se finge de morto e vai pra casinha.
Mas existem alguns fatos que são marcantes e merecem ser contados de geração pra geração, no dia de casa cheia, tipo Natal, Ano-Novo, que já pega a família toda: pai, mãe papagaio, sobrinho, tia e cunhado. Ninguém vai querer perder.

“Cara, fudeu”
Pra que fazer suspense? Nesse um segundo que eu usei pra ler a maldita frase, um milhão de coisas passaram pela minha cabeça. Ta grávida, colocou fogo na casa, o cachorro morreu, vão lançar o filme Eu sei o que Vocês Fizeram Segunda Passada e pior já tão pensando em dar continuidade no roteiro, sei lá, qualquer coisa já me apavorava. E isso apavorava muito a mim e algumas outras pessoas também. Enquanto isso, ela não tinha fim. Respirei fundo e mandei um, já óbvio, “o que aconteceu?”. E é esse o primeiro sinal de que essa sexta seria daquelas.

“Mano, eu fiz tudo certo só esqueci de puxar a cordinha.”
Ok. As pessoas costumam esquecer com freqüência e, não sei se você notou, nas instruções tem uma notinha de rodapé que explica como sair dessa furada.
Antes de tentar buscar qualquer ajuda o riso foi incontrolável e fato que levei uns petelecos. A pessoa ta desesperada. Pedi pra relaxar, literalmente, que alguma solução nós encontraríamos.
Quando a gente tem um probleminha é sempre bom ficar perto de alguém que tem um problema maior. A gente se sente melhor. Funciona.
Buscas em vão e o ponto final seria um médico pra tirar aquilo de lá de dentro. “Vamos?”
“Claro que não, to morrendo de vergonha da minha mãe, de mim mesma, da minha vida e você quer que eu faça isso no hospital? Não vou.”
E não foi.

Hora marcada, camisa rasgada, rolha estourada, é hora de cair na gandaia e a pergunta que não calava: saiu?
Nessa já tava todo mundo sabendo, homem é pior que mulher e não foi preciso esconder, ta na chuva é pra se molhar e ali tava tudo é bem encharcado.
Ri, brinca, bebe, pega, ajeita, todo mundo pronto?
“Não, praga de mãe é foda, vamos comigo tirar esse negócio agora de dentro de mim.”

Confesso que ela tava nervosa sim, até cantarolava algumas frases pro meninão e eu lá, trocando meu copo cheio de coca gelada pra ir ao hospital. Amigo né. Vambora.
Eu já tive algumas experiências inenarráveis, já foram diversas situações bizarras, mas essa foi impagável. Umas dez da noite, ainda tudo calmo antes daqueles saltos ensurdecedores e aquelas blusas pretas amarradas passarem porta adentro.
“Qual é o seu problema moça?”
“Então, eu esqueci de puxar a cordinha.”
A cena foi tão linda que nem a atendente (lê-se chefe do noturno) foi capaz de segurar o riso.
“Calma, respira, o doutor vai te ajudar.”
Fato que não era nem um pouco comum na vida daquelas pessoas que isso estivesse realmente acontecendo.
Senta e espera. E como se nada mais fosse capaz de dar errado duas moçoilas conhecidas também esperavam pra serem atendidas. Agora sim, amanhã a cidade inteira vai saber do meu deslize. Deslize? Na boa, a última coisa que ele quer é deslizar gata, fica tranqüila.

E vem a enfermeira com a mesma pergunta. A moça já sem condições de repetir que esqueceu de puxar a porra da cordinha eu já mandei logo um resumão da história: “tem um ob entalado dentro dela moça, alguém ajuda, por favor!”. E mais uma vez a enfermeira pediu desculpas e caiu na gargalhada. Era outra enfermeira e tudo fazia sentido. Segundo ela, no dia anterior elas tinham passado horas conversando sobre isso. E justo no dia seguinte você me aparece aqui pra ilustrar o papo. Fizemos o dia delas mais feliz. E vamos já já fazer o seu.

Nessa hora o nervosismo tomou conta e até em sala errada ela foi parar.
Segue abaixo as frases que jamais sairão das nossas vidas:
“Deita aqui o doutor já ta vindo. Só pra saber, é a primeira vez que você usa?” – a resposta deveria ter sido sim, seria melhor.
“Com licença” – bonitinho e educado o moço.
“O senhor quer uma lanterna?” – tava escuro ein, já tinha um holofote praticamente dentro dela. E o pior é que ele aceitou!
“Não consegui, vou precisar fazer o toque” – que não é o transtorno obsessivo compulsivo.
“Faz o que o senhor quiser doutor, mas tira esse negócio daí de dentro.”
“ããããããããaaaaaaaaaaaaaahhhh” – alívio.
“Quer guardar de lembrança?”
“Pelo amor de Deus, joga isso fora que eu to querendo é voltar pra minha vida normal”.

Respiramos todos aliviados. Caras, bocas e sons produzidos pela paciente eu prefiro esquecer e não tentar mencionar. Seria deselegante demais para sua imagem. Foi como ver um filho nascer, saindo pelo mesmo lugar da onde entrou. Ou melhor, de onde ele jamais deveria ter sido colocado sem as devidas precauções.
Mas se não fosse assim não seria ela, não seríamos nós e não seria a ida mais divertida ao hospital.