16.10.18

Coma

Se me fosse dada a oportunidade de olhar nos olhos de Deus, eu pediria outra chance. 
A mesma família, o mesmo lugar, mas outra chance. De poder ter de novo 8 anos e começar do zero. Não exagerar em sentidos e sentimentos. Falar mais baixo e conseguir controlar qualquer emoção respirando profundamente 3x.
Outra chance de talvez poder ser quem eu sou de verdade. Uma chance de não carregar a dor que eu sinto em viver todos os dias. A chance de não saber que, se tudo vai bem, logo vai mal.

Tambem sei que Ele vai dizer que segunda chance temos todos os dias ao amanhecer, há 33 anos eu amanheço, me refaço e morro no final. Por ter apenas tentado e jamais conseguido. Tentado ser uma amiga melhor, uma filha melhor, uma pessoa melhor. Pro mundo. Mas ele me engole. E eu me destruo. Me destruo em pensamentos porque quando olho para as ruinas do passado, carrego a culpa. 
A força acaba, a vontade passa e a sensação de morte toma conta. 
único ruído que persiste é uma maquina que me mantem respirando...
E nada mais.
O quarto por fora é branco e iluminado, mas por dentro, ainda que haja luz, nunca faz sol.

5.8.18

A Lua e Eu


Eu tenho um caso de amor com a Lua. 
Já quis uma casa na árvore pra, do alto, ficar mais perto dela. Tipo paixão. 
Daquelas de tirar o fôlego. 
Também já morei no oitavo andar e fiz o melhor dos seus retratos. Em cores e PB. 
Uma inspiração constante. 
Que nunca passou. 

Me escondi no frio e cinza e achei que nunca mais a veria no meu céu. Tolice!
Me despertou do sono leve costumeiro e fizemos as pazes. Trocamos a sacada pelo frame perfeito da minha janela. Ela sempre soube da minha necessidade em vê-la    
Ainda mais em dias de saudades como hoje. 
Percebeu meus sinais e veio metade. 
Pra me completar. 




O problema é que a Lua sempre me traz porquês separados e nunca juntos. 
Gramática. 

Só a Lua é capaz de unir o que a dor destruiu. 
Questiono sem mover meus olhos.
Seguimos o baile olhando o mesmo céu. 
Literalmente. 

Continuo lutando. 
Respiro fundo. 
Eu não sei lidar. 

9.2.18

Talvez um dia eu morra de amor.
Talvez um dia eu ligue pra não morrer de saudades.
Talvez eu pegue o próximo avião 
e gaste todas as horas na porta da sua casa pra te ver chegar.
E sair.
E voltar.
Talvez eu me esconda pra ficar te (re)admirando.
Talvez você não goste de saber que, talvez, eu esteja por perto.
Não sei. Talvez.

Talvez um dia eu termine aquela canção sobre você.
Talvez um dia eu pare de sonhar sobre a sua voz.
Talvez um dia eu pare.
E deixo você ir.

Talvez.