28.11.10

Desabafo

Tenho tido intimidade com Deus.
Ele tem me mostrado algumas coisas, me dado de presente outras.
Mas essa eu nunca consegui.

Eu já pedi diversas vezes pra tirar esse lance de mim.
Algumas coisas Ele leva embora. É o bem.
Lance porque eu não consigo descrever o que é.
Eu não sei se é amor. Não. Amor é com certeza.
É saudade. São vontades. Que se arrastaram com o tempo junto comigo.
Eu posso talvez chamar de obsessão. Só sei que é.

Há pouco tempo eu não seria capaz de enxergar perfeitamente o teu rosto.
Nos meus sonhos tudo ainda era esboço.
E eu achando que era o fim. Que dali seria um novo tempo.
Bobagem.
Nada além de um mês. Retornava com força.
Era pior. E eu? Enlouquecendo.

Algo está (realmente) para acontecer.
Nesse último sonho já era tão real quanto o frio do inverno.
Os sinais.
De novo a tua voz. Que dia!
Talvez você tenha voltado.

Algo está (realmente) para acontecer.
E será a decisão. Eu vejo choros. Abraços.
Eternos abraços. Braços de quem guardou por anos os abraços pra te agradar.
E para algo (realmente) acontecer precisa de um encontro.
E está perto.
Muito perto.
É isso que me sangue. Me suga. Dói.
Corrói. Não sei do tempo.
Mais uma vez. Eu não sei do tempo.

Sei de sinais.
E todos me levam à você.

18.11.10

Tem dias

Você vai travar.
Sempre tem uma hora em que você trava.
Não pensa, não fala, não sai do lugar.
A mente não responde e o corpo se entrega.
Você luta por horas e nada, nada acontece.

Você pede a Deus pra que ele te ajude com o desespero.
Você chora. Sem motivo. Se esvazia de si mesmo. E chora outra vez.
Talvez isso não aconteça com frequencia.
Mas sempre tem um dia em que isso acontece.

Você não é fraco, não abaixa a cabeça e não é de se entregar.
Mas tem dias que você se desliga e não dá pra entender o porque.

Aí você toma um banho gelado, suas lágrimas se perdem com a água do chuveiro pela última vez naquele dia.
Mais tarde você dorme.
E amanhã acorda cheio e completo.
Novo e já sem memória do que aconteceu.
Não era eu.

12.11.10

Acabou?

Eu acho que acabou.
Ontem a noite eu reparei e você já não é a mesma pessoa.
Que postura é essa?
Você jamais abaixou a cabeça pra desviar do meu olhar. Qualquer que fosse.
Até os mais maliciosos você encontrou. E reclamou.
E agora? E agora, nada.

Eu acho mesmo que acabou.

Tanta simplicidade desfeita como um laço preso no melhor abraço.
Ou sei lá. Tá confuso pra mim.
A gente nunca soube lidar com a saudade, muito menos com essa falta de (con)vivência. Nunca.
Nunca aceitamos o vazio e desde então tudo é só silêncio.

O presente embrulhado há dias em cima da mesa releva a indiferença.
A falta de coragem - ou seja lá o que for que agora passa na sua cabeça- de encarar o que muitos chamam por aí de a última vez.

Talvez seja.
Feche a porta e não diga mais que eu nunca escrevi sobre você.

Para ler ouvindo: PInk - Love Song

10.11.10

Com você, todas as chances

O pior é saber que com você, todas as chances.
Mesmo sabendo que na primeira eu pouparia todas as outras.

Acordei com paixão acumulada e a culpa é do teu olhar.
No teu cheiro, me encharquei de paixão.
Queria te falar.
Contar do meu dia.
Invadir o seu.
Chegar de surpresa com aquela barra de chocolate que você adora.

Eu escrevi uma canção dessas de voz e violão que você tanto pede.
Quem sabe no intervalo daqueles filmes que separamos pra sábado a tarde.
Vai chover mesmo e eu... eu acho perfeito.
Já posso ver o ponto fixo que seus olhos vão cruzar. Você me beija e pede mais.

- É pra mim? - pergunta desdenhando a reposta.
Não sei o que responder, tais coisas não se explicam, se quer possuem alguma resposta plausível.
- É a primeira vez que alguém a ouve. Pode ser pra você -, convenci.
Sorriu acomodando-se novamente num espaço entre o sofá e a varanda, de onde sente o vento frio que a chuva fina traz. Agora, de frente pra mim, o ponto fixo sou eu.

Tenho frases guardadas em refrões que ainda nem mesmo criei. Há uma fila na espera de sentido.
Ainda que com você tenha todos eles, mas me esforço pra não lembrar pra evitar rotina, descaso e claro, pra todo dia poder te impressionar ao dizer 'bom dia'.

Algumas músicas depois... o violão descansa no canto do sofá enquanto a cama recupera o fôlego.

Faz sol na manhã dessa segunda. Você ainda dorme enquanto eu escovo os dentes.
Me despeço de ti com um beijo demorado sem fazer alarde.
Será um dia completo. O bilhete que deixei no pára-brisa do teu carro lhe fará sorrir.

9.11.10

Aos 25 rapidamente

Acordei com 25 anos um dia depois do meu aniversário. Abri os olhos vagarosamente como quem tem medo do novo. Resolvi acordar. Respirei aliviada. A sensação é a mesma de quando chegam os 18, e as piadas também. Tá bom, algumas delas, afinal já faz sete anos que eu já posso ser presa e, contando que eu já dirijo e JÁ renovei a minha carta depois de cinco anos... ok. Depressão. De quem foi a ideia de contar os anos. Minha. Passou.

E ai, como é chegar aos 25 anos?

Não é né, amigo?! Bobagem, é uma sensação de transição. Tá bom, vou explicar melhor. Pensa que você dormiu com uma única preocupação: não esquecer de tirar o uniforme e... de repente você perde o sono no meio da noite preocupada com o exame que não deu tempo de fazer, os arranjos todos atrasados, o trampo que não rolou, a gasolina que vai faltar, os amigos, os sobrinhos, o tempo... AAAAAAAHHH! PÁRA! Essa parte não é legal. Crescer não é legal.

Geralmente a gente surta ao pensar que algumas coisas que você imaginou pra você ainda não aconteceram aos 25. Mas é maravilhoso lembrar de todas as outras que foram inesquecíveis.Talvez algumas aconteçam logo agora, outras nem virão. Mas aí eu to falando de descrença e faz 25 anos que isso não rola por aqui. Ufa! Dá pra olhar pra trás e ver que no final das contas tudo aconteceu da melhor maneira. Ainda que algumas coisas ficassem presas no passado, todas elas foram escolhas. Hoje é um novo caminho. Dá pra sentir o pé amadurecendo e a primavera florindo. Uma nova vida daqui pra frente. Alguns hábitos mudando aqui, outros crescendo acolá, enfim... não quero me prolongar, eu não gosto de falar de mim, lembra?

A dica, conselho, sugestão ou seja-la-o-que-for é que esse lance de idade não existe. Mais um numerozinho que foi criado pra sei lá o que. Esquece isso, viva hoje, lembre-se do amanhã só pra mudar e/ou melhorar as suas atitudes; cresça sim, mas não muito porque o mundo ta precisando de gente alegre e com sorriso de criança. Assim permanecerei. Carinha de 19 pra uns, tia demais pra outros, tudo bem eu nem quero agradar a todos. Ando pensando mesmo é na farra que farei na Disney com todos os meus sobrinhos daqui 10 anos.