4.6.15

Com certeza eu vou esperar você se arrumar e puxar a toalha até que esteja bom para nós dois.
Sentar, cruzar a perna e dizer com o sorriso completamente aberto "pronto!"- e eu com aquela cara de idiota medindo cada centímetro do seu passo certo.

- O que foi?
- Nada
- Fala - me passando a água porque é nítido a secura da minha boca.

Quem dera fosse nervoso. Tiraria de letra.
Todos os milhões de pensamentos que eu tenho a cada segundo sugaram até a minha saliva.
Imagina aqui dentro.

Sabia que eu fiz uma playlist que é pra você? Sério, nesse lance de agora poder carregar seu 'radinho' no celular, eu faço playlists, pen drives, cd's e já copiei muita fita K7.
Inusitado! K7 é velho, né?! Só um iPod que eu não consegui...

Mas, voltando ao digital, todas as músicas que eu desejo ouvir do seu lado eu coloco lá. Em algum vinho depois das 18h vai rolar. A vontade mesmo era ouvir num dia de domingo de chuva, segunda de sol, terça faxinando, quarta na Faculdade, quinta na volta pra casa, sexta no carro, sábado no bano antes de sair. Domingo na hora de acordar e fazer amor. E não ter que viver sonhando,  criando cenas incertas.

Realidade.
Eu disse outra vez que seu carro me contava uma história.
Já parou pra pensar que a rotina é um quebra cabeça?
Sem hífen, mas é. Repara.
Você faz as coisas todos os dias na mesma hora. Passa pelos mesmos lugares, quase vê as mesmas pessoas, quase para seu carro no mesmo lugar. Às vezes ele fica muito longe da guia, tá? Abandono de veículo chama isso, mas eu sei, "é por causa da correria". Todo dia, o dia corre. Pra você, literalmente. É uma rota. Rota gira em círculos. Se você der as coordenadas certeiras (como fez pra mim) a pessoa completa e sabe onde você está quase que o tempo todo. O seu carro me diz quem está e que horas eu posso falar com você. Tá confuso?
Calma!
Cada coisa no seu dia.

Quarta eu acordo mais feliz por poder dar bom dia.
Passo a tarde respirando mias leve por poder falar.
E tiro a noite de folga para esperar a quinta que é quase igual.
Entendeu?
Aquele carro branco, igual era o meu, me traz a certeza de onde você está.
Ainda que não te vejo, realidade outra vez.

Me fala quem é você.
Você 10 anos atrás.
Não quero começo de histórias. Quero a sua.
A sua por você. Numa festa. Seus amigos.
Onde eles foram parar?
Ou a pergunta é: aonde você se estacionou?
Relaxa, eu demorei pra entender aonde estava escrito PARE. 
Porque ler, muita gente sabe, mas compreender é diferente.

Te abraço.

E aí você vai dizer coisas que eu jamais imaginaria escutar. Vou admirar ainda mais a sua criação, a sua maturidade e evolução. Nessa hora te dou fórmulas de como me destruir. Sim, eu entrego as armas que atirarão em mim mesmo.
O seu caráter e a sua maturidade eu aplaudo em pé.
Mesmo sabendo que as pessoas são falhas, eu espero que você nunca me decepcione nesse sentido.

Dor. Não. Nem pra mim nem pra você.

O seu sorriso é o mesmo?
A sua risada?
O olhar eu sei que mudou, queria ter guardado aquelas fotografias. Analisar melhor.
Tudo bem, conta que eu acredito cegamente em você.
Confiança.
Segurança.
Paz.
Um pouquinho de ciúme pode e essa parte deixa comigo.
Você ri.
E eu te beijo.
Devagar, pra dar tempo de você se apaixonar.
Meia hora.

Será que é hora de listar as coincidências?
Lembra da listinha que você me mostrou?
Vamos fazer uma de coisas boas? E nossas.
É como escrevermos um livro juntos. Só que você me desenha na sua rotina e muda algumas peças de lugar. Troca o lado da cama, eu tenho lado certo. Pelo menos nisso. Mas podemos intercalar, tá? Tá!

Tô sonhando, né?!
Mas escritores geralmente fazem isso bem. E levam alguém com eles. Hoje é você. Mas não é só. É escrever o roteiro de uma história. Que pode ser publicada ou deixar no monte em cima do arquivo morto.
A escolha? Eu já sei duas coisas: a minha e que não depende dela.

Vontades.
Eu quero te ensinar tanta coisa, sabia?
Não porque todos os dias eu aprendo muito com você ou só de pensar em você eu já cresço um pouco mais. Mas porque é como um ímã. E aí as coincidências começam a chegar. Por isso eu quero completar o meu quebra cabeça e o seu passado precisa estar aqui só pra eu me sentir no real.
Tem piano, tem voz e tem violão.
Claro e obviamente a voz seria a primeira.
Fazer segundas, terças e quintas eu choraria só de ouvir nossas vozes casadas.
O violão viria depois.
Depois que você tivesse o seu no quarto.
Depois do tempo que você tivesse para tocar mais durante a semana.
Ok, esquece o violão.
Deixa que no fim de semana rola intensivo e aí já demos um passo.
Certo?

Incerto.
"Uma coisa de cada vez, primeiro eu preciso te descobrir, conhecer o seu corpo e depois a gente vai adaptando e chegando nos objetivos, tudo bem?"
Foi a primeira coisa que você me disse.
E eu uso "contra" ti.
"Uma coisa de cada vez". Mesmo eu não sendo assim, sendo sem jeito e querendo tudo pra ontem.
O tempo me esmaga. E você veio pra me ajudar a entender realmente o que eu já quase não entendia: "não somos donos do tempo". O tempo não é nosso.
Terei isso na perna.

Tatuagem
Só as borboletas pra representar a liberdade?
A sua?
Você é livre ou você voa?
Intenso. (Pro)fundo.
Curioso. Inteligente.
Interessante.
Esse caso de não ter caso nenhum.
Mas trilha sonora com certeza já tem.

Te gosto.

Nenhum comentário: