23.1.09

Arquivo Corrompido

* texto originalmente escrito em em Setembro de 2007.

Todo mundo espera alguma coisa do sábado à noite.
Se não for do sábado é da sexta, nunca do domingo.
O domingo é reservado pra ressaca, pra um almoço em família, pra saber o que aconteceu ontem, pra ficar com raiva de você mesma por ter feito a pergunta: 'meu, o que aconteceu ontem?' (pra que? Já foi, todo mundo já viu, pra que saber?) ou pra voltar pra casa quando se faz faculdade em outra cidade. Ultimamente é isso que anda acontecendo. Merdas e viagens. Ou seria amnésia e viagens? Não sei, já esqueci, alguém me ajuda?
Claro! Prestação de serviços também temos feito com freqüência.
Tipo pau pra toda obra: ajuda a levar a amiga pra casa, ajuda a amiga a acabar com a bebida do bar, ajuda a amiga a paquerar o cara certo, ajuda a amiga a abrir os olhos e entender a realidade de um mundo onde o amor não existe, ajuda a amiga a ficar de pé e depois, claro, ajuda a amiga a lembrar da balada que ela diz que não foi.
A gente quase não tem ido às baladas.
Na nossa memória falta um processador com uma compatibilidade maior para armazenamento de dados e fatos! E é aí que aquele lance de colaboração alheia entra...

...noite de sexta-feira. Último capítulo da novela, finalmente a pergunta ia ter uma resposta: quem matou Thais? O Brasil esperava por essa resposta e eu pelo bar. Ela vem de longe, esporadicamente. A outra ta sempre aqui, mesmo estando lá. A ordem é beber e esquecer de provas e relações amorosas mal resolvidas. Ok, qual é o plano pra hoje?
"balada só depois da novela"
"ok"
"meu, eu quero ver a novela bebendo"
"ok"
"vamos ver a novela bebendo"

Pra mim tudo tava "ok", eu tava a fim de beber, a fim de diversão e com elas isso era garantia na certa! O que não era certo era que a noite dava sinais de perigo. E depois dizem que fatos do acaso são inexistentes, pois é ele veio e a gente só soube bem depois. Era um sinal...

...ainda no supermercado aquela confusão de quem vai beber o que, quem vai pagar o que e a pergunta que não queria calar: já começou a novela? Eu não sabia que horas eram e também não tava dando a mínima pra isso, eu queria era ir embora dali porque já tava todo mundo dando risada de quatro solteironas querendo encher a cara. Tempos depois, Thais morta (thank, God!), um violão e o início do fim: vou fazer uma canção tema para a noite de hoje: “a maior expressão de angústia pode ser a depressão, algo que você pressente, indefinível, mas não tente se matar, pelo menos essa noite não".
Todas menos essa. Essa noite? Não! Essa música. Outro caso do acaso passado despercebido.
Era um sinal.

Copo daqui, caneca de lá, flash, foto, pose. Que horas são?
Calma, ‘tamo’ saindo. Enche aqui, calibra dali, xixi, sapato, to pronta!
A gente sabe que ta na hora de sair (ou de ir embora) quando falta uma, se faltar é que tá tudo certo. Vamos!
Vamos sim, vamos ter paciência porque a noite promete.
Promete um bando de comanda vazia, um bando de bolso estourado, uma meia rasgada e meia hora tentando dançar.
"tô passando mal"
"o que?"
"não sei, to morrendo"
...era um sinal! Aliás, não era um, era O sinal! Ele tentou avisar, dar um toque, mas sabe como é a juventude de hoje: tudo acontece com os outros, nunca com nós mesmos.
E dessa vez aconteceu...
...caminho de sempre. Parada obrigatória, comida, risada, voltas e casa. A única diferença é que dessa vez tinha trilha sonora um tanto quanto inusitada e não muito agradável e algumas paradas com portas que abriam e fechavam alternadamente e alguém que não parava de rir nunca (nem de comer).

Nunca foi assim. Nem quando o mundo acabou.
Nem mesmo quando eu me senti sozinha em meio a tanta gente.
Logo eu que estava na base do "ok".
Mas nem por isso foi ruim. O lugar nem tava lá essas coisas como de costume. As pessoas também não estavam muito interessantes. Ficar a noite inteira ou meia hora não ia fazer diferença, afinal, ninguém ia lembrar desses minutos a mais ou a menos.
A gente nunca lembra, não é? Espero que os outros também não lembrem que estivemos por lá.
Quem sabe não foi um sonho.
Quem sabe a gente nem foi nessa balada. Quem sabe a Thais nem morreu ainda.
Quem sabe hoje não é sábado 3 da manhã e quem sabe eu to em alguma balada e não sei.
Não sei.
Desencana, eu não vou lembrar.
Me ajuda?
Afinal, o que aconteceu ontem?

2 comentários:

Ana Cecília Pereira disse...

AH, HECA, FAÇA-ME O FAVOR! hahaha

Gostaaando daqui, viu?

Anônimo disse...

eu nao preciso nem comentar nada depois da foto q vc pois...
olhe bem pra carinha de cada uma de nós, descreve nosso estadinho! hehehehe