26.1.11

Como você

Talvez seja a última vez que você pare pra me ouvir. Pode ser a última vez que encare a cor viva que tem esses seus olhos. Não te falei sobre eles na noite passada? Não deu tempo...
Eu descobri todas as suas mentiras. E não foi numa mesa de bar.

A real é que eu não sei porque eu ainda insisto em te ensinar a viver. Te falei sobre todas as coisas que você não conhecia. Te apresentei melodias. Te dei de presente algumas palavras. Te ensinei a escrever. Mesmo longe eu fiz questão de me certificar de que todas as minhas cartas chegariam até você. Te falei sobre sonhos. Fiz com que você participasse de alguns deles. Te levei pra almoçar. Te busquei no trabalho. Parei na rua quando te encontrei longe de casa. Aconselhei sobre todas as besteiras que você vinha fazendo. Foi um alerta. E você riu. Mostrei o ângulo preferido da sua virada. Conseguimos o abraço mais apertado. E o tempo entre um e outro era a cosquinha da saudade. Cada vez mais forte. Traçamos um plano. E ficou certo de que ele não entraria em prática tão logo assim. Projeto engavetado. É pra lá que estou colocando todas essas lembranças. Até reservei um lugar pra você lá no fundo. E você o que fez?
Sumiu.

Só pode ser coisa que colocaram na sua bebida em alguma dessas festas que você frequenta.
O que você deixou?
Em branco.
O que me fazia sorrir não era graça, era interesse; os abraços sugavam o melhor de mim. Era coisa nossa e você falhou mais uma vez. A mentira combina com você. Talvez seja esse o seu combustível sujo pra abastecer a vida.

Não usarei as palavras que um dia separei pra você. São só suas. Mas que agora andam perdidas.
Como você.

Um comentário:

meisi disse...

medooo.. mas belo como sempre Pi