22.12.11

Ensaio pro fim

Sabe, às vezes eu fico procurando entender porque eu gosto tanto assim de você. Eu sei que você vai falar pra eu nao entender, pra eu só sentir, pra eu me entregar e um monte de pra eu's. Mas é difícil. Eu não gosto de dúvidas, de coisas mal resolvidas. E com a gente vai ser assim. Você sabe que vai. A gente vai se ver de novo. E você sabe o sentido do meu ver. É inevitável. Umas e outras cervejas e basta. Acende. Queima. E vai gritar. E vai procurar. E vai ceder, que no dicionário significa desistir de alguma coisa por alguém.

Por quantas vezes você desistiu de você por mim? Quantas vezes? Foi amor, eu também sei que você não gosta de rotular, mas é isso que tá dentro de você, foi isso que a gente viveu. É disso que a gente não consegue se livrar. E agora a gente tá aqui, sem saber lidar com o fim, meio indo, meio pedindo pra ficar. E não dá. Tá estragado. Tudo que começa errado termina errado. Não tem jeito.

E aí eu chorava sem você saber, deitada no teu colo, no teu peito. Fraca. Chorei em silêncio inúmeras vezes. Talvez você também não saiba disso. Chorei muito na sua frente. Só esqueci de te contar. Omissão. Meu estilo de vida. Que você insiste em dizer que não combina nada comigo. Me rasga de elogios. Engole o choro porque precisa ser forte. E cai nos minutos finais, meio que cavando a própria cova. Você
cavou sua cova em mim. É aqui que você vai morrer.
E é justamente nessas horas que o cérebro reúne as melhores cenas desde o começo e fica martelando a memória. Coisa chata. Pra gente fraca. Como eu. Enlouquece. O pensamento realmente atrai. Pensei tanto em você que te confundia nas ruas, pedia sua presença nos lugares, fui te trazendo devagarinho pra minha vida, fui te ganhando. E me perdendo.

Não sei se isso te conforta, mas a gente não vai se esquecer. Eu disse que era pra sempre, não disse? É, algumas coisas eu consegui dizer. Não pensa que eu já vou ter te esquecido se vc me vir com outra pessoa. Se eu sair de perto é pra não cair
em tentação, pra não deixar espaço pro seu olhar me encontrar. E toda aquelas coisas.
Eu aprendi. Todos os dias. Foi a maior dor que eu já senti. Pode me colocar num potinho se preferir, mas vão faltar alguns pedaços. Foi caindo conforme eu andava de volta pra casa. Tá na hora de crescer. Foi perfeito.
Preciso ir.
Vou almoçar.

20.12.11

Quando a gente lê

"E se tudo corresse pra longe? Assim, sem tempo de alcançar? E se nada fosse verdadeiro? Concreto. E se tudo o que você espera jamais chegasse? Pois é, o dia amanheceu cinza e da minha sacada mal se vê o sol a oeste. Tudo bem são só nove horas da manhã, quem sabe a meio dia o sol não aparece. Estou de férias mas resolvi acordar cedo, aproveitarei o dia cinza pra refletir o sentido das cores. Entro e me deparo com a parede vermelha do meu quarto, o vermelho meio vivo e meio queimado, talvez represente o "inside", coisas que só o subconsciente entenderia.
Corro pra cozinha preta e branca, talvez pense que seja um pouco demodê, afinal de contas, ninguém cozinha mais como antigamente. Na sala, uma parede coberta de pedras rústicas, brutas num tom nudi pra quebrar total o gelo da parede e do verde musgo do sofá. Chego no escritório em um tom amarelo bebe e olho nos olhos azuis piscina da minha mãe que, quando um pouco zangados, ficam verdes, assim, como um oceano poluído. Volto pra sacada e percebo que o sol ainda não apareceu para mim, desito das cores e volto a dormir. Meio tonta, acordando sem hora, volto pra sacada e percebo o sol a leste, tom do cinza foi quebrado e o laranja meio avermelhado tomou conta de parte do céu, perdi o dia e alguns sentidos de cores."

19.12.11

Com cuidado

Falando sério, agora, eu ainda não sei o que estamos fazendo juntos. Ambos sabemos onde isso vai dar. A dor que iremos sentir. É um abismo e estamos descendo lentamente. Optamos por isso. Juntos.
Tomar cuidado? Agora? "No vão da coisas que a gente disse?"
Desculpa, mas eu deveria ter tomado cuidado pra não deixar o seu olhar vestido de preto cruzar com o meu, inocente. Me encarando. Deveria ter zelado pela segurança do meu coração. Hoje ele chora. Como você, talvez.
"É estranho. Confuso. Escondido. Complicado.
E bom. E maravilhoso.
Me espera?" - suas palavras no bilhete hoje pela manhã.
Te espero sim, mas já vai saindo daí, onde quer que você esteja. Eu não aguento mais.

Lá na frente existe um muro. É o nosso ponto final.
Chegaremos de mãos dadas até lá, acredite. Na escalada nos tornaremos apoio. No topo a gente ri. E senta um pouco pra descansar. Recupera o fôlego, não se despede e salta.

Com cuidado.
Tudo anda frágil demais pro nosso lado.

16.12.11

Post-it

Incrível como eu te quero mais toda vez que eu tento parar de pensar em você. Toda vez que eu tento tirar essa sensação de possessividade e amor bandido de dentro de mim, te quero com mais intensidade. Parece que meu cérebro guardou as melhores frases, as melhores caras e todas as suas bocas. Tá com um Post-it amarelo escrito
"NÃO ESQUECER" em cima do teu nome. E assim faz com todos os lugares em que estivemos. É post-it que não acaba mais. Estou dizendo cabeça, porque o coração guarda tudo. Pra onde vou lá vem ele, um pouco atrasado, às vezes, com um pacote de você nominal a mim. Você se abre, eu me encontro.

Você é forte. Me derruba. Eu me rendo.
Chegou a lugares onde nenhum outro post-it alcançou.Queria poder contar pra todo mundo. Ou melhor, te mostrar pra todo mundo. Dizer que você, do meu lado, toma proporções gigantescas. Banquinho pra post-it. Aí vem você descontente me dando a infeliz definição desses pequenos adesivos: todos podem ser removidos com facilidade, sem deixar marcas ou resíduos, que são vários os seus tamanhos e que podem ser colocados em qualquer lugar. Usados por qualquer pessoa. E diz ainda, meio sem conseguir, que eu escolhi o menor deles pra te marcar. Que você aceita, mas esperava mais. Busca rápida por palavra de forte impacto. Nada vem. Post-it condicionado a você. Segue colado.

- Vem cá. Deita aqui.
Acalma esse seu desespero no meu peito enquanto eu te faço um cafuné. Sei que é difícil eu dizer essas coisas, mais ainda você ouvir. Logo você que tem sempre palavras prontas pra impressionar, pra dar um jeitinho aqui e ali. Pra esconder. Pra omitir. O SEU jeito. E as coisas não funcionam assim. Não sempre. Usa o seu jeito pra me tirar o fôlego de um jeito novo, pra me dizer um bom dia que me faça esquecer do calor, do frio, do trânsito. Esse ciúme, esse descontrole, essa coisa desnecessária, pra que isso? Olha pro lado. E olha pra mim. Não pede pra eu confiar em você, só constrói a base. Outra vez. Faz valer. Eu caí, eu chorei, doeu em mim também. Mas ao contrário de você não existe post-it na minha dor. Dor a gente esquece. E pra não doer a gente faz diferente.
Já suportei demais, em silêncio, em discussão, passei por cima, não lembrei de nada e você não lembrou de mim. E todas as horas depois te encarei. Te quis. Me esqueci.
É cansaço, não é falta de querer, amor, ou qualquer outra dessas coisas que você insiste em chamar. Não me impressiona. Descarrega post-it na coragem, no respeito, no amor. Muda! E vem.

Post-it nisso também.

12.12.11

I

Amanheceu.
Queria te ligar. Eu te liguei. Deu caixa postal.
Aí resolvi vir pessoalmente abrir a tua janela, acho graça o seu fugir das coisas que te irritam.
Como os raios quentes de sol atravessando o cobertor pra te roubar dos teus sonhos, por exemplo.
O que eu to fazendo aqui? É simples! Vim te visitar!
Sim, antes do trabalho, qual o problema?
Talvez eu nem vá trabalhar, tem uma mesa de café da manhã que eu trouxe.
Como pra quem? Pra gente! Pra você, pra quem quiser começar o dia. Aproveita, eu não sou sempre assim. Oras, como eu entrei, pela porta! Chega de perguntas!
Ajeita o cabelo, escova os dentes, tira o pijama, enquanto eu agradeço por essa sacada.
Ah! Deixa o humor matinal ir pela ralo também. Não estou com pressa. Tens quanto tempo quiseres.

II

Achei teu olhar meio confuso ontem quando desceu do carro, achei que pudesse ser alguma coisa comigo, afinal, te prometi um fim de semana e não fiquei nem algumas horas. Tá tudo bem?
Claro que você pode me dar um abraço!
Daqui pra frente você não precisa me pedir mais nada, chega e faz. Cadê o manual de como surpreender uma mulher?
Não existe mais a linha que barra, que repreende, eu sou tua e o pra sempre voltou.
Sabe o medo? Ele não existe mais, acabou a dor, o sofrimento. Tá vendo o meu sorriso?
É nele que você vai se sustentar. Claro que vai conseguir, olha pra mim.
Confia. Você ainda é reflexo de mim.
A leveza que você tanto me pediu chegou, ou melhor, voltou! Barulho na rua, no sinal, no bar da esquina, barulho no clube, risadas infinitas, som alto e demonstrações públicas de afeto. É disso que eu to falando. Lenine pediu paciência, Gil a paz, Deus a vida, eu o convite: vem dançar comigo?

III

Foi mágico, único, especial... foi tudo. Do jeito que eu imaginava.
E o melhor? Foi você.
A melhor parte? Foi você.
Foi o perigo mais perigoso. Escolhi correr com você.
Tudo teu. Em mim. Tudo meu. Em ti.
Se faltou alguma coisa? Jamais deixaria faltar.
Transbordou, se for pensar. Mas não deixa ninguém saber.
Não deixa ninguém saber que quando eu piscar é de saudade;
quando eu usar o teu adjetivo é pra te fazer lembrar;
quando tocar aquela música é pra chegar mais perto;
quando eu te ligar é pra tirar o chão dos seus pés;
quando eu fechar os olhos é por ciúme;
quando eu sair de perto é por não suportar ver ninguém te tocar
e você se entregar pra me esquecer.

Dessa parte ninguém precisa saber.
Nem eu. Nem você.
Escuta o teu coração.
Dobra a primeira esquina.
Te espero no farol.

8.12.11

Sobre provas de amor

Sempre fui da ideia de que quem espera por provas acaba sem amor. "Amar é tornar-se algo, tornar-se um mundo para si mesmo por causa de uma outra pessoa"- melhor definição que já encontrei nos livros, página 64 de um livro de bolso.
O amor é difícil sim, eu concordo. Por isso a opção de alguns, e muitas vezes minha, de ser sozinha. Mas esperar por provas é tornar-se prisioneiro e viver sob a sombra por trás das grades. Amor é entrega, é sentimento, é esperar pelo frio na barriga de montanha russa, é tentar controlar o emocional abalado por um motivo nobre: saudade. Mas isso varia de acordo com a facilidade de cada um. Sobre sentir. E esperar. Afinal, o que é prova de amor pra você?

Há algum tempo, tive um namorado que nunca pediu nada além do meu exagerado afeto e algumas palavras pra temperar. Tranquilo, partindo de mim. Quando ele me deu a certeza do fim o meu silêncio falou por mim e eu virei as costas. E tive que ouvir, com aquela mão enorme segurando o meu braço, que eu nunca tinha feito nada pelo nosso amor. Varou o peito. Me defendi dizendo que o fato de eu não conseguir dizer nada naquele momento já dizia muita coisa a respeito da dor que se instalava no meu peito. Que sim, eu não levaria o meu sofrimento a lugares públicos como prova de amor e que jamais choraria aos olhos dos outros. Bastava o meu olhar carregado e a minha voz trêmula te pedindo pra me soltar. Quando ele assim o fez eu não olhei pra trás.

Eu (quase) parei de viver por esse amor. E até hoje se você cruzar e perguntar pra ele sobre nós, ele diz, de boa cheia, que eu nunca amei ninguém, quem dirá ele. Eu entreguei tudo e ele esperou exatamente pelo que não veio. Não soube interpretar a minha maior prova de amor, o meu silêncio. A sujeira está nos olhos de quem vê. E não de quem sente.
Busque o amor.

7.12.11

Ter alguém

Quem escolhe ser sozinho, abre mão de voltar pra casa acompanhado.
E voltar pra casa acompanhado é ter alguém que te espera dentro do seu coração.
O sozinho não conhece esse sentir.

Estar com alguém é ser o tudo todos os dias.
Com calma. Sem, ou não podendo cair, nunca, na mesmice.
Coisa chata.
Pra gente amarga.

O amor é muito mais.

Viver com alguém é redigir hábitos rotineiros,
inventar cafés da manhã, reinventar almoços-familiares-com-novos-beijos-aos-domingos; é surpreender com o olhar. Ter alguém é ser duas vezes romântico. É ter duas vezes ciúme e ainda assim te ganhar em querer mais por duas vezes. É dividir o pão. O sal e a manteiga.
O palito. E a escova de dente.
Ter alguém é ser duas vezes (mais) você.

6.12.11

Eu nunca consegui entender a parte que o amor faz mal.
Ou eu não sei amar ou não sei mesmo lidar com a dor.
Lembrar dói, deixar dói, gostar dói, ciúme dói.
Não beijar dói e parar de beijar também.
Distância e saudade, bom, deixa pra lá.

Que amor é esse? Que tipo de amor é esse?
Carrego um amor que fala pelo olhar, tão simples, tão puro e tão fora de moda.
Um amor que não é pra mim. Mas que funciona. Não dói. Eu acho.
Do outro lado, um amor que pulsa e transborda desejo, paixão.
Qual a diferença mesmo entre amar e estar apaixonado?
Confusão e dor, responderia.

Esquece.

Sabe, não me procura, não faz nada.
Não passa na rua da minha casa, não desvia teu foco.
Não procura meu carro entre os outros na sua avenida.
Não me faz falar em público sobre mim. O nosso nó tá na garganta, de castigo, pensando em tudo em que ele fez. Ele existe sim. Mas tá dolorido. E rola um medo de sair tanta coisa ruim da minha boca nesse momento que eu prefiro não dizer. Nada.
Não entende errado, isso também já aconteceu com você.
As coisas não mudam rapidamente por dentro da gente, mas elas mudam. E viram prioridades.
As minhas todas estão como cartas de baralho enfileiradas na mesa. Preciso definir uma ordem, escolher um começo pra ver no que vai dar no final.
Devagar, sem dor.

"Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead"