21.11.11

Tenho tantos amores. Amores reais, amores plastificados, amores não correspondidos.
E tenho você.

Dá vontade de rir se lembro das suas melodias desafinadas e seus trejeitos de baterista dos sonhos. Dá vontade de chorar quando te vejo dançando esse vai e vem. Que não me confunde, não me gasta e não me faz mal. Eu te moldei assim.

Não me importa sua loucura ser maior nesses tempos de ilusão onde você se esconde. Cura tua necessidade que amanhã eu curo tua carência. Teu olhar ainda me diz as mesmas coisas que da última vez. Só o cabelo que tá um pouco mais comprido. Tudo bem, depois a gente arruma o corte. Acerta o peso. Escolhe a calça. Corrige o lado. Implanta a paz. Esquece o mundo e se ajeita no escuro. Conforme for, do jeito que der.
Afinal, é você.

20.12

A que ponto chegamos.
Não sabemos desatar o nós.
Diariamente, algumas coisas começaram a mudar. Falamos sobre cuidados e carinhos. Mascaramos o amor para suportar a espera do nada novo que está por vir. E eu não falo das festas de fim de ano onde todos se embriagam e choram à meia noite com chuva de fogos. Falo da presença diária do teu olhar buscando o meu.

Não finge que tá tudo bem. Você não precisa disso.
Nem eu. Talvez.
Não troca a Adele pelo Gui Boratto porque quebra o clima. Aliás, isso nem combina com você, quem sempre quebra o clima sou eu. Tô falando demais, desculpa. Volta aqui.
Eu não quero prometer, jurar, esconder, mas algumas coisas tem mudado e algumas palavras estão mais difíceis de encaixar nesse contexto. Não é falta de vontade, não é falta de saudade ou barreira, como você faz questão de arremessar na minha cara. É cuidado. Eu sei que vai acontecer e você tem tanto receio de assumir por não saber da minha reação. Por não saber como vai ser depois disso. Você espera tudo, mas não diz nada quando é com seus segredos. Quando é sobre os seus (outros) amores. Me deixa aqui com o meu ciúme, com a minha carência e a minha falta de segurança. A gente se ajeita. Não se abala. Vou me cuidar.

Essa noite o coração pediu pra ser mais devagar. Coisa séria, disse que vai doer. Conversou com o desespero e o encaminhou para terapia com o tempo. Deixa que eles se acertam do jeito deles. Enquanto eu me acerto com você. Mas, antes, me diz, quanto tempo demora um mês?

17.11.11

Sobre criar expectativas

Eu acho mesmo que a culpa toda é dessa tal expectativa. Esperança fundada em promessas, viabilidades ou probabilidades. Ansiedade, segundo o dicionário. Coisa da sua cabeça, segundo eu. Encanação, simplificado por um amigo meu.

Tá, ninguém me prometeu nada até aqui e faz 6h que eu tô esperando você abrir essa porta e dizer que me adora. Sei lá, parecia tão fácil pra Adriana Calcanhoto. Resolvi descer. Ver o movimento mais de perto pode ajudar em alguma coisa, é quase Natal, as ruas ficam cheias e... e é claro que eu tô achando que é você em cada carro preto que dá seta pra entrar. Assim como os vermelhos, azuis, brancos - que se multiplicaram aos montes - e os pratas. Ufa! Virei uma caçadora do teu olhar. Que me faz lembrar aquele em cima de mim, meio fugindo, meio me convidando atiçadamente pra ficar. Aquele que provoca o beijo e depois embaça com a cortina de cabelo.

Expectativas. Toda a causa dos desesperados não são os amores não correspondidos, mas sim as expectativas criadas em torno deles. Pausa. Só eu penso assim? Foda-se! Mas é assim que me foi dado, elas nunca resultam num bom placar.
Nossas linhas se enroscaram sem querer, é só tirar o nó, mas repara que um lado desfiou e foi só você que bordou o resto. Que não existe. Não tem linha pra continuar. E remendar não é a solução. Isso só existe pra você. Plantou expectativa, colheu ilusão.

Há exceções.
Algumas cenas criadas mentalmente viram filmes quando na realidade. E naquela hora que você se pega rindo a toa, lembrando de como foi gravado, você acha mesmo que foi sonho. Complexo. Eu te ajudo. Tipo aquele dia no corredor da sua casa. Era o tempo do elevador subir 10 andares e descer mais dois. A cena ganhou 7 Oscars.

Te pegar no colo, levar pra cama, apagar a luz, deixar que Peter, Bjorn and John cantem por nós e te ouvir respirar. Dormir no teu silêncio. Isso é desejo ilusório de quem tromba nas expectativas pra aliviar qualquer coisa que esteja gritando por dentro. Enquanto você dorme e acorda sozinho vê que nada mudou e, começa a perceber que, não doeu metade do que pode doer a partir de agora, depois que ficar claro que, pro amor do lado de lá, já acabaram quaisquer esperanças fundadas em promessas quaisquer. Pra ficar mais fácil: acabaram as expectativas.
Tá tudo preto.
Feito tv desligada.

12.11.11

Sobra a (sua) vida

Hoje tudo é muito o presente. Tudo é agora. A segunda cansa, mas o futuro vem na sexta acompanhado de um energético e duas pedras de gelo. Quatro no seu rim com a velhice.
Ninguém conversa. Compartilha.
Ninguém abraça. Clica.
E as frases são todas feitas, usadas por qualquer um.

É tudo bem intenso. E precoce.
Aos dezesseis vive-se o ecstasy puro.
Falta luz.

Você pode até apontar a grama do vizinho como sendo mais verde que a sua, mas vai temperar dizendo que "ele usa alguma coisa" pra que ela fique assim. E que natural mesmo é a sua, enquanto bate no peito, orgulhoso.
Essa mesma grama você não rega há duas semanas.
Falta caráter.
"Falta tempo" - desculpa-se.

Os valores se reinventaram.
Trocaram o dia pela noite.
Secou a fonte do amor. Próprio.
"Mas a cerveja tá gelada, vamos esquecer da vida esta noite".
Se toda ressaca do mundo fosse essa, eu tomaria um porre pra voltar a viver.

Falta fé.
Foco e direção.
Olha para o alto e pede pra sair dessa competição antes que seu som seja abafado com terra vermelha em dia de sol quente. E lembre-se, essa data ninguém comemora.

10.11.11

Retração

I

Saí de casa com música alta nos ouvidos. Liguei o foda-se pro mundo. Atravessei os sinais sem olhar. Não me agrada essa combinação do verde com o amarelo e o vermelho.

Convidei Cobain, Hendrix e Winehouse pra conversar. Era um lugar alto demais.
E eles sopravam aos meus ouvidos: Não olha pra baixo. Não bobeia com a vertigem que se sopra um vento é ela que vai te derrubar.

II

Era noite fria e de chuva, metade da cidade apagada.
O céu é cinza e carregado. O vento arrasta clarões pelas frestas da janela.
Dou a mão pro escuro.
Dispensei o sono.

III

Respira, vai passar.

9.11.11

00:22

Parei pra te procurar em mim e não te vi.
Tentei uma. Duas. Na terceira me preocupei.
Não é possível. Insisti. Fotos, beijos e afins.
Não foi o suficiente.
Aonde você se meteu?

Ouvi algum chiado entre a loucura e a razão.
Ignorei. E quis gritar por que eu já sei que
o que vem daí não termina bem.
Alguém faz parar?

Era você.
Eu ia voltar.
Ok, como explica isso pra razão?

Aí vem você e me diz pra curtir o coração.
Só por hoje.
Eu quero, mas tropeço a cada meio passo.
Tá confuso o caminhar.
Famoso "em cima do muro".

Melhor te arrancar logo daí.
Vem, Razão.

Enquanto arrumo um espaço pra você sair dessa,
reparo que tudo anda bem machucado pro seu lado.
Isso é falta de amor próprio. Nada a ver.
Alguma coisa por aqui anda fora do lugar.
Cuidado com as palavras.
Pode ter sido você quando chegou.

- Tá me ouvindo? - pergunta.
- Ouvindo o que? - resposta errada.
Já foi.
E ninguém viu.

Queria estar errada.

4.11.11

Eu poderia ficar horas olhando pra você.
Contemplando a meia luz que teu rosto ganha
quando o céu se faz de laranja no 8. andar.

Deixa a porta aberta pro vento bagunçar o teu lugar.
É só uma desculpa ficar pra arrumar.
Assim eu ganho tempo. E te ganho mais.

As coisas parecem ser mas fáceis com você;

viajei 10 anos pra te encontrar.
O céu pode ser laranja, a parede do quarto vermelha, mas
o mundo acordou mais cor de rosa depois daquele show.

Sem perguntas ou alucinações, só corre pra me ver quando
meu perfume te atordoar.
Aproveita o tempo por que eu não sei por quanto tempo mais
ele vai durar.

2.11.11

Pode entrar

Parei pra pensar em mim e me peguei pensando em você.
Já faz tanto tempo. Mais de um ano.
E era só uma vontade. Sem nexo.
Sem conteúdo. Quase sem sentido.
Completamente fora do contexto.
Que me trouxe a conhecer quem o mundo nunca viu.

O povo fala, aumenta, gosta de inventar.
Fechei os meus ouvidos e perdi a direção.
Teus olhos verdes me guiaram até aqui.
Passou da hora de dizer não.

Aí você some e fica esse seu cheiro em mim.

E quando a casa fica quase toda arrumada você volta
abrindo a porta correndo, dizendo que me ama e que
não valeu de nada a vida lá fora sem meu abraço pra te acalmar.
Sem a minha música pra te cantar.

Faz planos, muda o jeito, entrega a verdade.
Sente o coração bater mais forte se é meu carro que passa,
desacelera pra virar a minha esquina, compra um boné novo,
aparece no meu portão de calça apertada e me leva pra esquecer
do mundo na sua bagagem.
Passou da hora de ficar de uma vez.

Joga o jogo do vai e vem. Eu não ligo.
Eu não presto. A gente funciona assim.
Você vai saber a hora certa e quando a loucura bater...
... pode entrar.

1.11.11

Eu não aguento mais tudo isso. Esse cheiro.
Essa angústia do ter e não ter. Que dor.
Já não era pra ter acabado?
Ou será que você ainda não voltou?
Ou será que eu saí do meu lugar?

Nessa paixão não há paz.
E tudo que queima em mim
é o desejo de querer me enroscar em você.
Pra sempre.

Aí o mundo pára e as horas me avisam que é preciso ir embora.
Contra a tua vontade. Ok, a nossa vontade.
Você tem medo do caminho da volta.
Medo que eu me perca em alguém por aí.
Sossega, amanhã eu volto.
Amanhã é tempo demais.

Ter que te deixar é desesperador.