16.9.10

O vento

Sempre tem um homem que a noite caminha sozinho. De cabeça baixa fugindo dos faróis que vem na contra mão. Não quer saber do movimento. Não nota que na esquina por onde passa algumas mulheres testam seus truques na impura intenção de demonstrar habilidades. O vento refresca. Ele segue. Talvez o vento o conforte.

A lua se acomoda mais perto da terra. Cansou dos astros, quer saber dos pobres mortais. Mudou de cor. A forma é a mesma, está em estado de graça. Cheia. Como deve ser. O vento completa.

Pessoas que saem a meia noite, as três, elas saem. Sem destino? Perdidas? Em busca do que? Aquele carro, depois de tanto correr, parou desesperado. Passou por cima do orgulho e não sabe como voltar. Parou alguém pra ajudar. Não há resgate, só alguns sofrimentos leves. O vento soprou a dor.

As mulheres não souberam. O homem não fez questão.

As horas passam. No verão o vento tem brisa de saudade.

Nova estação.

Talvez todas essas histórias se encontrem num novo começo.

Amanheceu. É hora de dormir.

Nenhum comentário: