27.9.10

E se fosse você

E se fosse com você?
Pára pra pensar na cena, no escândalo que seria feito.
E era só um amigo, um ex que fosse.
Mas no maior papo?
Saudades, oras. Coisa boba. Já passou.
Mas imagina só como eu me senti. E não disse nada, ou melhor, estou dizendo agora, civilizadamente. E novamente eu pergunto, e se fosse com você?

Já posso ver a sua cara de fúria, me nocauteando com os olhos. Já sinto sua mão pesada calçando meu braço como quem troca uma sacola de lugar. Já decorei o teu discurso e você não muda.
Vai começar discreto pra ninguém perceber a movimentação estranha, por que nessa hora seria o beijo e não o final. Você vai perder o controle, me chamar de vagabunda, vai perder a cabeça dizendo coisas horríveis que não cabem a qualquer outra pessoa, nem à própria vagabunda, porque ela sabe que é. E nem ela faz questão de ser lembrada disso.
Tá doendo meu braço, você pode soltar?
Mas o que tá machucando mesmo é esse ciúme exagerado que toma conta de você. São esses termos baixos que você insiste em usar. É essa sua escrotice que aparece depois de dois ou três copos de wisky.
Agora é a hora do choro.
Você me olha nos olhos como se enxergasse o fundo da minha alma destruída no final. Me abraça, pede desculpas e eu não tenho reação. Eu amo você e sou completamente apaixonada pelos seus defeitos. Não quero entrar nas qualidades. Tá na cara e todo mundo vê.
Simulo um abraço. Aceito suas desculpas, como sempre. Quem é esse em você? Te domina em segundos e acaba com todo o eu do nós.
Pára com esse lance de perdão. Já perdoei tantas vezes.
Só esqueci de tentar esquecer.
Não quero conversar. Não, você não tá me forçando a nada.
Me dá um beijo?

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