4.4.12

Quem, além de você?


Queria invadir o teu espaço, a tua mente, pelas suas veias descobrir exatamente o que sente.
"Será que você ainda pensa em mim?", me diz, Leoni, "me leve pra qualquer lado; mentiras sinceras me interessam" de agora em diante.
Pedir ajuda a quem se nos cercamos no "apenas eu e você", mas me diz, agora, "o que faço eu da vida sem você?". Nem Caetano obteve respostas. Pobre de mim.

As frases dos últimos dias não combinam com você.
O último fim de semana não combina com o nosso.
Coração endurecido, olhar fixo, ora para baixo, ora para qualquer lado que não fosse o meu.
"Tô com sono".
Esse sono tem nome, eu já vi isso acontecer, mas não quero perguntar. Saio do quarto pra que você ganhe um pouco mais de tempo. O qual prefere gastar fingindo adormecer para espanar a dor, porque sabe que tão logo ela não se vai. Eu ajeito algumas coisas pela sala e cozinha. Não há muito o que fazer. É sábado e...
"Posso deitar?"
"Faz o que você quiser" - engoli seco, confesso. Respiro fundo, me ajeito e nada...
"Se você não falar comigo direito, eu vou embora"
"Faz o que você quiser", dessa vez encarando o meu olhar.

Eu nada tenho a fazer que nem do lugar eu sou capaz de sair, te pego a força trinta segundos depois e enfrento:
"Me fala o que tá acontecendo, a gente precisa conversar"
"Eu não aguento mais" - uma onda de lágrimas alaga o teu olhar. No instante entre buscar fôlego e fazer parar de tremer a voz, ela escorre. Nem uma lágrima fui capaz de deter.
Você soluça. Eu sigo atônito. Digo que vai ficar tudo bem, mas nisso você também não acredita mais. Na ânsia do ódio você repete todas as falhas desde o começo até agora. Peso todos os quilos, nessa hora. Peço pelo amor de Deus, e, pelo amor de todos os outros santos que eu nem acredito, que você pare, mas as minhas palavras soam mudas pra você. Palavras que um dia foram "gírias do seu vocabulário".
Você cai. Meu colo vira apoio pro desespero que suas lágrimas carregam...

Hoje, segunda-feira, já não consigo sentir que você me ama mais cada vez que me odeia. Está completamente vulnerável a qualquer um que te der um abraço mais confortável, qualquer um que conte uma piada nova que te faça sorrir de um jeito diferente, que te olhe mais desesperadamente, que te faça canções, poesias, que lhe escreva dedicatórias na capa de um livro; declarações públicas de afeto; alguém que dê sentido às suas frases desconexas; um beijo inexplicável à espera da sua total entrega. Só assim, "quando mais tarde me procures", saberá que era exatamente disso que precisava o teu coração. De cuidado. De amor de verdade. E não essa bolsa cheia de coisas desnecessárias que você carrega nas costas.

Agora você muda a casa, o quarto, a trilha sonora, toda a sua agenda, se refaz, troca roupa, maquiagem, celular; sai andando de mãos dadas com Caetano Veloso, assoviando a melodia de "só vou gostar de quem gosta de mim".

Quanto à mim...
não sei as horas, que dia é hoje,
se faz chuva ou sol,
"meu amor, cadê você
eu acordei não tem ninguém ao lado"

Um comentário:

daniela bonaldo disse...

Manoooo...sem palavras pra vc!!!