12.3.12

Radio edit


Foi um dia quente, de trabalho, começou cedo e ainda não terminou. Isso quase nunca acontece. Não sou das caminhadas, mas, sabe aquele dia em que você toma banho e procura por ar fresco? 
A reunião de terça à noite é sempre bem rápida. E produtiva em demasia. Por isso, as terças eu caminho. Reflito e falo. Comigo. E com Deus. Eu poderia, naquela noite, ter escolhido qualquer rua. Não haveria subidas, a cidade é plana e rasa nessa região, logo, sem cansaço. Todos os caminhos me levariam ao mesmo lugar: minha casa. Menos um como pude notar, mais tarde. Talvez, por isso, o tenha escolhido. Sem saber. Sem pensar. 
Quando dei por mim era a sua rua. Poucos quarteirões da sua casa. Entre uma arrumada e outra no cabelo – ventava fresco – avistei a tua janela. Acesa! 

Eu sorri, mas foi um pouco incômodo. Todos os quarteirões a seguir foram de olhar cravado para cima. Cozinha, quarto e banheiro, tudo aceso. Já não me preocupava mais o caminhar ou o atravessar de alguma rua. Qualquer buzina me detém. Deus é que anda no controle das coisas. Ele me trouxe aqui. A essa altura, não há dúvidas. Há uma luz de solidão. Essas janelas abertas gritam por socorro. Penso te ver. Confundo algo no parapeito da lavanderia que faz anexo com a cozinha, poderia ser o teu semblante. Estou no meio da rua e não é você. Minha vista anda mal. Ainda mais no escuro. Que solidão. É verão. Tem tanta gente nas ruas e você assim. Isso não combina com você. De uma vez por todas, não combina. Quem dera eu pudesse fazer alguma coisa. Quem dera? Eu vou fazer! É isso!
Engraçado, alguém decidiu isso por mim. O instante do “será?” dura 3 segundos, apenas e, a certeza, quando vem do coração, não há como negar.

Pronto! Era só disso que eu precisava. E você também.
Contato feito sem (con)tato. 

Os quarteirões que faltavam até em casa, você conseguiria ver nitidamente lá de cima. Não olhei pra trás. Segui na caminhada. Atravessei e agradeci. E voltei a refletir. E a conversar. Agora mais intimamente. Sobre você. Se eu pudesse continuar diria que isso é amor. O qual você não conhece. Não esse. Não assim. Que chega de repente e toma por completo. Na verdade, o meu abraço falaria muito mais coisas. E eu entenderia suas lágrimas sem você nada dizer.
Inexplicável, eu sei.

Não vou dizer agora tudo o que tenho e/ou gostaria de dizer, quero, devagar, acompanhar o abrir desses olhos para um novo dia dentro de você. Sem, sei lá, esse negócio que te atrapalha e eu não sei o que é. Esse azul merece mais. Mais sorriso. Mais verdade. Mais carinho. Mais amor. De novo. Quero dia-dia pra não enjoar, você de mim, porque eu jamais me enjoaria de você. Ainda mais agora. Te inclui de vez nas minhas orações. Vai ficar tudo bem e, lá no final, não precisa me agradecer. A gente conversa. Eu te explico. Você entende.

Já estou a poucos passos de casa e preciso escrever. Essas palavras são pra você. A lua cheia também. Repara, você tá mais perto do céu. Mas, talvez já estejas dormindo, o amanhã te espera de braços abertos.
Eu volto a sorrir antes, também, de me deitar. Fiz a prova. E as pazes com você.


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