22.2.12

Sobre trair

Traição é algo inesperado. Mesmo com todas as desconfianças, você não espera que o outro seja capaz, de fato, da traição. Mesmo porque ele carrega uma parte de você dentro dele. Até que acontece na sua frente, ou melhor, nas suas costas. Traição é algo frio, sem sentido. Traição é quando, no meio da noite, só um fala:

- Porque você me traiu? Você disse que me amava ontem. Você me ligou 5 minutos depois que me deixou em casa pra dizer que estava com saudades. E disse de novo, eu te amo. Quase um mantra. E você me traiu. O mesmo beijo não pode servir a duas bocas. Aprendi tanto com você. Me ensina a sair dessa, agora. As horas passam pra que eu te esqueça e não mais pra que você volte pra casa. Aliás, pra casa é o último lugar que eu quero que você volte. Me ensinar a te encarar de novo. Como é que faz pra não negar um abraço teu? Olha bem pra mim e me responde o porque de tudo isso estar acontecendo. Foi impulso? Bebedeira? Faltou o que? Porque falta de amor e carinho não foi. Eu separei os melhores beijos, os melhores dias, todas as horas, fiz parar de chover e não consigo te reconhecer em meio a essas atitudes. Pensando bem, não diz nada não. Nenhum argumento vai preencher esse negócio que está dentro de mim. Negócio, porque não encontrei definição pra isso. Arrisco apatia, falta de reação, morte interior, decepção. E ainda não é isso.
Não tenta nada. Não me pede nada. E não me olha assim. Me dá espaço pra eu lembrar como se respira. E pra todas as outras coisas que você possa vir a dizer, já lhe digo de antemão: eu só lamento.
Se cuida.


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