6.1.12

Eu sei que eu não tenho o dom pra te fazer mudar, mas tenho a força certa pra te fazer acreditar que é possível. Senta. Pode sim acender um cigarro e tomar uma breja, como você diz. Eu vou dizendo e você me ouve, mas por favor, presta atenção.Entre um trago e outro alguma palavra há de surtir efeito nessa nuvem de fumaça que habita tua cabeça.

- Sabe, eu não sei porque você vive assim, ou melhor, insiste em viver. É um mundo imundo. Deus te fez perfeito: graça, carisma, carinho, carência e com um par de olhos que tantos dariam fardos e fardos de breja (pra falar a tua língua) para ter. Te fez homem forte, alto, diferente, te deu dom e nem pra lapidar e levar a sério você serviu. Preferiu a perna pra tirar som.
Ficou com o nada.
Priorizou a rua.
O vento na cara que a liberdade provoca.
E esqueceu de si. Um milhão de vezes.
Não me canso de dizer. 

Se perdeu na loucura e me encontrou saindo dela.e me pediu pra ficar quando ameacei ir embora. Pediu pra esperar uma, duas, inúmeras vezes. Eu fraquejei e nunca fui de verdade. Mas ainda não é hora do beijo.
Você corre porque gosta de me ver de longe, diz que prefere meu beijo depois da saudade. Quando dá tempo de dizer. O nosso tempo é escasso. Você me beija e se declara. E ri.

Hoje eu trombei nesse seu sorriso que ocupa um quarteirão. Pode ser sorriso pra quem vê de fora, mas só a gente sabe quão gargalhada foi por dentro. Em plena sintonia. Ainda. Ainda sem falar nos entendemos. Ora sorriso, ora olhar. Ora saudade, ora beijo.
De alguma maneira você vem pra ficar. Irritantemente perturbador.
O que é que você tem?

- Te respondo com um beijo.

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