26.10.11

No turning back

Fica vago sem você. Sem essa de moral pro Lobão, que prefere dizer que fica sem cor.
Tipo cinza.
Que foi como amanheceu na minha janela. E por aqui temos o céu mais azul do país, acredita?
Alguma coisa deu errado.
Não combina. E fica vago. E por aí vai...

O mundo tá sempre tão machucado, sempre tão frio que quando a gente esbarra no amor ali na dobra, alguns fingem não se ver.
"Não é pra mim"
Olhar pro lado e se desculpar sem abrir a boca, é quase nada.

Da pra ser diferente.

Esse som me faz lembrar você. Deixa tocar.
Pode aumentar, se quiser. Mas coloca o braço pra dentro.
Parece criança.
Desculpa, eu dei uns goles a mais, virei na rua errada e fiquei assim.
Só hoje. Foi pra esquecer. É que o amor não desviou, me atropelou ali na esquina.
Se tá doendo? Coisa pouca, qualquer hora pára de latejar.
Foi assim da outra vez.

Mas tem coisa que não muda nunca.

Vendo de fora, é como se todas as oportunidades estivessem irritantemente expostas numa prateleira comum de supermercado. Isso mesmo, comum. Mas tira a tampa e sente o perfume. É tipo droga. Vai viciar.
Dito e feito.
Não tem como voltar atrás.

Encobre a barreira e manda pro gol. O caminho é mais rápido pelo alto.
Pelo chão pode tropeçar na grama molhada, nessa falha, o goleiro já espalmou e virou escanteio. Os detalhes se perderam. E de que valeu o tempo gasto pra armar a jogada?
Só não foi tempo perdido por que ainda grita dentro de você. E te tira do sério.
Abaixa a guarda. Se entrega.

Faz um café. Afina o violão.
Me chama pra tua sacada.
Acende um cigarro enquanto eu vejo como a lua inunda o teu céu perto do meu olhar.
Sai da inocência, me convida pra ficar.
De vez.

Se você enfraquecer eu te levo pra dormir.

24.10.11

Plural

Uma dose de coragem pra conseguir usar mais o não ao invés do sim, por favor.
É que desse jeito dá pra evitar bastante coisa. Sabia?
Até esse aperto no (teu) peito, que chego a sentir sem sair de casa.
Você sabe do que eu tô falando.

Um dia escrevi que quando o amor é de verdade o outro lado também sente.
Só esqueci de mencionar o lado. E só agora já são mais de dois.
Eu não sei lidar.
Definitivamente.

Me falta teu beijo.
Me falta tua loucura me fazendo rir.
Andei dizendo tanto sim que no desespero corri me esconder nos teus braços.
Acho que me dá um pouco mais de força na hora de voltar pra casa.
Tira de mim a sensação de estar vivendo algo de errado.
Penso menos nos outros.
Até meu telefone tocar me fazendo lembrar de tudo.
E te procurar. E de novo. Tipo um ciclo.
Não é pra esquecer. É pra me acalmar na tua paz.

Faz uns dias acordei no plural.
Acho que é só uma questão de tempo.
Como das outras vezes.
Vai passar.
É o tempo, mas como abusar do tempo sem dar um tempo de você?

22.10.11

Eu fui até a sua casa, roubei o teu descanso e te descobri.
Cheguei tão perto que pude contar os cabelos brancos perdidos nesse eu cabelo tão claro.
Coisa de gente velha.Que não tem o que fazer.

- Ta saindo?
- Tô chegando.

Tua confusão me confundindo.
Dessa vez foi mais tempo que a vez passada.

- A gente não presta
- Por que?

Ainda você o meu tormento.
Sorrio enquanto você ajeita o meu corpo no seu.

- Esquece.
Me dá um beijo.

19.10.11

Refém

Tudo o que eu escrevo parece pouco pra você.
Me ajuda e diz se isso é bom ou ruim?
Me soa como prova de amor de um poeta
que tropeça nas palavras,
tamanho desespero.

Meia frase bastaria para tirar o fôlego de
qualquer carente desavisado.
Não funciona pra você.

E não é o mais que falta.
Tampouco detalhes.
Pode ser só uma mania besta de querer ser sempre perfeito.
Como seu sorriso bobo perto do meu rosto.

Se eu soubesse o que realmente te tira o fôlego e
te faz perder a graça, talvez essas palavras não seriam trava-línguas.
Você me ensinou a te amar e esqueceu como eu faço pra te surpreender.
Tirou de mim o sossego e me fez teu abrigo.
Sem avisar renovou o contexto e fez disso melodia
pra me ver cantar.

Virei refém.

13.10.11

Eu ainda acredito em amor a primeira vista.
Seguindo na contramão dos sentimentos, encontrei os que se perderam na banalização do dia dia.
Hoje são palavras, apenas. Uma pena.

Por conta disso, talvez, fui buscar aos mestres pra me inspirar.
Decorei alguns poemas pra te conquistar.

Eu não ligo se você insistir no zero a zero. Eu posso esperar pelo um a um.
Dizem que as pessoas tem uma mania horrível de querer o que não se tem.
Se eu tenho não sei, mas já sei bem o que eu quero.

10.10.11

E o presente que você me deu não sai do carro com medo de que eu te esqueça.

7.10.11

Quantas vezes podemos nos apaixonar?
Todas.
Sempre me faço essa pergunta.
Também sempre acho que não dá pra ser a mesma coisa com outra pessoa.
Uma pessoa nova em um sentimento velho, não porque ele já foi usado, mas porque eu já senti isso antes.

"Então você não amou. Ou não se apaixonou de verdade".
Sempre essa resposta.
As pessoas pensam iguais, sabia?
Mas é verdade.
E como descobre quando é de verdade, uma vez que você jurou todas as outras serem?



Sigo sem resposta.

6.10.11

Eu aceito

Eu aceito todas as suas caras e todas as suas bocas.
Todos os seus olhares, trejeitos e todas as suas dificuldades.
Aceito o seu ciúme doentio, o seu descaso e as suas amizades.

Aceito toda cor para o seu cabelo,
todo decote meio rasgado.

Eu aceito suas poses em fotos que ainda não vi,
aceito toda a sua euforia adolescente de quem tem o mundo a descobrir.
Faço questão de aceitar os seus beijos desesperados.
Aceito teu colo amassado, o velho cobertor todo usado.

Eu aceito a sua loucura, a sua saudade, seu abraço apertado
e todas as suas vontades.
Eu aceito tudo teu para que não falte nada de você em mim.

3.10.11

Havia acabado o tempo, as chances, as horas.
Enquanto respirava fundo depois de separar o que levaria de volta pra casa, procurou por papel e caneta. Queria deixar registrado para sempre aquele momento.
Era difícil. Alguém especial. Acabou bem. Porém triste, como o desejo de todo final.

Dentro da gaveta o papel, na mesa da cozinha a caneta.
Ensaiou umas duas vezes.
Mão rápida na cabeça, um certo desconforto.
Nada encontrou.
"Me virem de ponta cabeça" - pensou - e ainda nada lhe sairia do coração.
Na última linha, depois de todo o espaço acima em branco, resolveu escrever em letras de forma:















Faltou espaço para o amor.