O que me irrita é esse seu cinismo, essa tua cara de pau de chegar no meu portão com a cara amassada como se não tivesse dito coisas horríveis na noite passada. E aí que eu fico encarando esse verde que tem o seu olhar e tá feito. Me perco.
- Pode entrar, preparei torradas para o café da manhã.
Recomeçamos. De novo. Que de novo não tem nada.
Eu preciso lembrar de não cair nessa tua conversinha de sempre querer agradar. De sempre saber e fazer as minhas vontades. Parece que não funciona assim com os outros. Que coisa chata! Acontece que você sabe que suas desculpas acabam rolando e fazendo algum sentido minutos depois.Você ri enquanto eu me acalmo. Ou foi você que chegou trazendo a calma?
- Eu já gostava de você sem você saber - eu sempre solto algo impublicável. E me irrita saber que só você sabe dessas coisas.
Só queria você de calça apertada dizendo que me quer e tem que ser agora.
- Acontece que eu não sei se eu quero. Tá, eu quero, mas não assim.
- Mas é assim que dá pra ser.
- Pela metade?
- Não. Aos poucos.
Isso também me irrita.
E me irrita o fato de eu não conseguir te levar pra longe pra viver a vida que chamaremos carinhosamente de nossa. E isso não é fugir, como você faz questão de tacar na minha cara em todas as discussões. Aliás, chame do que quiser. Convém pra você.
Eu tô caindo fora. Escrevi com batom vermelho no espelho do banheiro. Vai ser difícil de sair. Vai te irritar. E você vai voltar correndo, me pegando pelo braço, enquanto grita no corredor que (de novo) eu fiz tudo errado.
Eu vou virar e dar de frente com o verde dos seus olhos. O mundo vai parar. E de novo eu vou esquecer da última noite em que você me deixou pra matar outras saudades.
Será um beijo de tirar o fôlego.
E um novo começo. De novo.
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