Eu gosto do Natal.
Nessa época tudo é mais bonito. Eu nunca vi neve, mas o Natal em New York deve ser inesquecível. Por aqui eu sei que está por perto quando sinto o cheiro que Dezembro traz. O cheiro do Natal! Não penso em presentes, mas faz com que tudo tenha mais movimento e, no calor dos acontecimentos, você pode ser lembrado quando menos espera. E isso é bom. Contagia. A importância da data não entra em questão, uma vez em que Deus mostra sua existência em pequenos acontecimentos naturais.
Eu realmente gosto do Natal!
Casa cheia, luzes coloridas, perus, saladas, pratos e belas taças. Não há tristeza. Triste é quando chega o Papai Noel. Talvez eu não esteja presente quando ele vier fazer brilhar os olhos dos pequenos desavisados. Não tenho foto, histórias ou qualquer lembrança desse Noel que banca o Papai. E eu te explico o por que:
Papai Noel existe, de fato, porém somente os mais antigos tiveram oportunidade de ver o misterioso senhor de barriga farta, barba branca e vestimentas verdes que carregava um saco de presentes nas costas. Ninguém nunca soube o que o levava a ser assim. Ninguém se quer tocou nesse homem, os mais afoitos que conseguiam se manter acordado até a meia-noite do dia 25, puderam dormir com um presente a mais. Um leve sorriso e uma piscadela de cumplicidade. Essa rapidez do momento fazia a magia do Natal. Ninguém nunca soube desse homem que mudou vidas e se transformou na pessoa mais esperada durante todo o ano.
O tempo passou e numa noite fria dessas de Natal milhares o esperavam. Algo de estranho pairava no ar. Houve uma demora inesperada, uma roupa vermelha abarrotada. Não era aquele olhar e jamais seria aquele sorriso. Uma risada curta e sem sonoridade. Quem era esse Noel? Pra onde foi aquela magia, aquela discrição no olhar, o olhar despercebido?
Definitivamente, aquele não era Papai Noel.
Muitos buscaram respostas. Passaram-se décadas e foram obrigados a aceitar o que lhes foi (mais uma vez) imposto. Mudaras as cores, transformaram as vendas, comercializaram o bom velhinho. Presentearam-lhe com uma farta poltrona vermelha, lhe deram mulheres e um saco cheio de balas. E a verdade nunca foi revelada por medo ou sei lá o que.
Acontece que houve uma revolta num desses pequenos corações desavisados. Um garoto que durante todo um ano de sua vida resolveu desafiar a si mesmo. Não foi o garoto que todos esperavam. E aquele dia 25 para ele foi em branco. Depois disso um plano foi elaborado com detalhes, como quem busca a perfeição. Sua obsessão pelo Natal o levou a loucura e o fez com que encontrasse todas as respostas ocultas sobre aquele bom velhinho que, naquele ano, foi apagado. O garoto, que também ninguém sabe explicar sua origem, foi além. Construiu um império, utilizou-se da mão de obra escrava dos duendes para fabricar os mais complexos brinquedos. Multiplicou Papai Noel massivamente. Fechou acordos milionários valendo a vida do velho homem. Investiu de todas as maneiras e hoje o que vemos em todos os lugares é fruto de sua vingança a seco. Noéis sem vida, Noéis frios e desarrumados. Fez com que o Natal fosse visto à sua maneira e, desde então, acreditamos numa farsa.
E quem não viu nada foi Noel, que até hoje vive isolado de tudo que criou para aqueles que acreditam na verdadeira magia do Natal.
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