*texto originalmente escrito em 2007
Meu dia estava indo tão bem. Um pouco de frio, o sol que fazia não esquentava tanto quanto àquele do meio-dia. Era inverno de 2007. Não me importava, deixara tudo de lado pra ser feliz. Mas, não podia imaginar que no cair da noite viria uma notícia que deixaria a minha noite vazia.
Durante as férias todo mundo já fica tranqüilo, sem muita coisa pra fazer. No inverno então, nem se fala. Uns procuram um bom filme, uma cia. e pipoca, outros se afogam nas cobertas, uns passeiam com amante e outros resolvem acabar com o dia (a noite) daqueles que juram ser seus amigos.
Comigo foi assim.
Não me incluí nos edredons por preguiça de pegar e depois ficar gelada do mesmo jeito porque sempre tem àquela hora de levantar pra ir ao banheiro ou pegar alguma coisa pra comer, outra coisa que todo mundo faz quando não tem nada pra fazer. Não me inclui no filme porque só tem graça quando a gente perde hora esperando a Carmen chegar pra ir ao cinema. Me sobrou aquele programa de mensagem instantânea que consome a minha vida regularmente.
Uns contatos online aqui, outros off acolá, paquera que entra e sai, aquele que você já catou e que não tá mais afim que não pára nunca de encher o saco, tá todo mundo presente, não faltava ninguém. Foi quando numa subida de plaquinha o fim estava próximo e eu nem sabia. E depois falam que o mundo da gente pode mudar em questão de segundos e a gente não acredita. Pois é, comece a reparar, realmente acontece. “Fitta acabou de entrar”, ela dizia. Pronto, foi o começo do fim.
Entre uma introdução naquele papo de novidades daqui, frio por lá “nooooossa to congelada”, ela lança a bomba, sem dó nem piedade: “meu, o Palhuca foi vendido”.
Como assim, gente? Como alguém é capaz de dar uma notícia dessas pra uma jornalista, assim de sopetão? Como se ele não significasse nada pra mim, nem pra nenhum de nós mortais que nele já andamos? Não...isso não poderia estar acontecendo. Não comigo!
“Fitta, como assim?”
“É meu, vendeu?”
Cabou! Zéfini! Já era! Jaz!
Precisei de um tempo pra me recompor e acompanhar o resto da conversa. Apesar de que desastre maior não poderia vir. Só se ele fosse um avião em pleno caos aéreo. Mas não era. Era ele, o Palhuca.
Nesse tempo que tive foi o bastante pra passar um filme na minha cabeça. Esses mesmo de quando a gente gosta muito de alguém que se foi e que você começa a pensar em tudo de bom que já aconteceu. E pensa também no tempo que você não teve pra se despedir, no tempo que você deveria ter aproveitado bem mais, enfim, pensa nele... pensa em nós.
Pensa em quanta coisa aconteceu sem que nós soubéssemos que um dia iria acabar. Porque temos essa mania maldita de achar que tudo é pra sempre? Porra, eu devia ter aprendido com o Renato Russo que o "pra sempre sempre acaba"! Logo eu, que ouvia tanto Legião Urbana! E tinha também aquela versão com a Cássia Eller. Todo mundo conhecia, menos o Palhuca. Ele não sabia o que era música de verdade. Aliás, ele era mudo. Ele não sabia o que era música. Nunca um som alto, uma caixa estourada, nada. Ele não tinha som, mas esse era o charme. Sabe quando a beleza tá no simples? Ele era assim. Não precisava de funk, pagode, axé ou os meus sons alternativos que sempre rolam, ele só precisava de cinco elementos fundamentais: Fitta, Loira, Cãrmen, Heca e Dane (que depois abandonou o barco sem dó e piedade). Ele não precisava ouvir o resto, ele tinha o todo. O riso, o choro, o desabafo, o bafo (de pinga), os gritos e algumas tentativas em vão de se cantarolar uma balada ou outra. Até em russo a gente tentou cantar, mas o eskutchumopompeo não foi feliz, mas rendeu boas risadas que foram eternizadas nele próprio.
Era com ele que a balada tinha que sair. Era só dele a nossa alegria, as nossas bebidas, as nossas pegadas! Só ele fazia valer a pena. Na real ele nem era tão simples assim, sabia? Desconfio que ele tivesse um sistema de piloto automático desconhecido por todos nós, afinal quem desviou tão perfeitamente do Cata Entulho? A Fitta que não foi...não tinha como.
E ficamos sem essa resposta...e sem tantas outras! E agora? Como é que vai ser daqui pra frente?
Nunca nenhum outro veículo automotor de quatro portas preencherá esse vazio que ele nos deixou. Cia, Madalena, Habib’s, entre tantos outros lugares ele será lembrado, eternizado, canonizado. Penso em colocar uma foto no painel do próximo veículo de balada pra ele nunca se sentir sozinho.
Esquecê-lo, jamais. Todas as suas características estão guardadas em nós. O adesivo de medicina, o amassadinho no porta malas, a ausência de som, a sujeira interna, enfim, tudo. Porque aqui dentro o pra sempre não acaba. Fica bem, Palhuca. Faça do seu novo dono um rapaz feliz como você nos fez durante todo esse tempo. E passe sempre que der por entre nós.
Nos vemos por aí...
Meu dia estava indo tão bem. Um pouco de frio, o sol que fazia não esquentava tanto quanto àquele do meio-dia. Era inverno de 2007. Não me importava, deixara tudo de lado pra ser feliz. Mas, não podia imaginar que no cair da noite viria uma notícia que deixaria a minha noite vazia.
Durante as férias todo mundo já fica tranqüilo, sem muita coisa pra fazer. No inverno então, nem se fala. Uns procuram um bom filme, uma cia. e pipoca, outros se afogam nas cobertas, uns passeiam com amante e outros resolvem acabar com o dia (a noite) daqueles que juram ser seus amigos.
Comigo foi assim.
Não me incluí nos edredons por preguiça de pegar e depois ficar gelada do mesmo jeito porque sempre tem àquela hora de levantar pra ir ao banheiro ou pegar alguma coisa pra comer, outra coisa que todo mundo faz quando não tem nada pra fazer. Não me inclui no filme porque só tem graça quando a gente perde hora esperando a Carmen chegar pra ir ao cinema. Me sobrou aquele programa de mensagem instantânea que consome a minha vida regularmente.
Uns contatos online aqui, outros off acolá, paquera que entra e sai, aquele que você já catou e que não tá mais afim que não pára nunca de encher o saco, tá todo mundo presente, não faltava ninguém. Foi quando numa subida de plaquinha o fim estava próximo e eu nem sabia. E depois falam que o mundo da gente pode mudar em questão de segundos e a gente não acredita. Pois é, comece a reparar, realmente acontece. “Fitta acabou de entrar”, ela dizia. Pronto, foi o começo do fim.
Entre uma introdução naquele papo de novidades daqui, frio por lá “nooooossa to congelada”, ela lança a bomba, sem dó nem piedade: “meu, o Palhuca foi vendido”.
Como assim, gente? Como alguém é capaz de dar uma notícia dessas pra uma jornalista, assim de sopetão? Como se ele não significasse nada pra mim, nem pra nenhum de nós mortais que nele já andamos? Não...isso não poderia estar acontecendo. Não comigo!
“Fitta, como assim?”
“É meu, vendeu?”
Cabou! Zéfini! Já era! Jaz!
Precisei de um tempo pra me recompor e acompanhar o resto da conversa. Apesar de que desastre maior não poderia vir. Só se ele fosse um avião em pleno caos aéreo. Mas não era. Era ele, o Palhuca.
Nesse tempo que tive foi o bastante pra passar um filme na minha cabeça. Esses mesmo de quando a gente gosta muito de alguém que se foi e que você começa a pensar em tudo de bom que já aconteceu. E pensa também no tempo que você não teve pra se despedir, no tempo que você deveria ter aproveitado bem mais, enfim, pensa nele... pensa em nós.
Pensa em quanta coisa aconteceu sem que nós soubéssemos que um dia iria acabar. Porque temos essa mania maldita de achar que tudo é pra sempre? Porra, eu devia ter aprendido com o Renato Russo que o "pra sempre sempre acaba"! Logo eu, que ouvia tanto Legião Urbana! E tinha também aquela versão com a Cássia Eller. Todo mundo conhecia, menos o Palhuca. Ele não sabia o que era música de verdade. Aliás, ele era mudo. Ele não sabia o que era música. Nunca um som alto, uma caixa estourada, nada. Ele não tinha som, mas esse era o charme. Sabe quando a beleza tá no simples? Ele era assim. Não precisava de funk, pagode, axé ou os meus sons alternativos que sempre rolam, ele só precisava de cinco elementos fundamentais: Fitta, Loira, Cãrmen, Heca e Dane (que depois abandonou o barco sem dó e piedade). Ele não precisava ouvir o resto, ele tinha o todo. O riso, o choro, o desabafo, o bafo (de pinga), os gritos e algumas tentativas em vão de se cantarolar uma balada ou outra. Até em russo a gente tentou cantar, mas o eskutchumopompeo não foi feliz, mas rendeu boas risadas que foram eternizadas nele próprio.
Era com ele que a balada tinha que sair. Era só dele a nossa alegria, as nossas bebidas, as nossas pegadas! Só ele fazia valer a pena. Na real ele nem era tão simples assim, sabia? Desconfio que ele tivesse um sistema de piloto automático desconhecido por todos nós, afinal quem desviou tão perfeitamente do Cata Entulho? A Fitta que não foi...não tinha como.
E ficamos sem essa resposta...e sem tantas outras! E agora? Como é que vai ser daqui pra frente?
Nunca nenhum outro veículo automotor de quatro portas preencherá esse vazio que ele nos deixou. Cia, Madalena, Habib’s, entre tantos outros lugares ele será lembrado, eternizado, canonizado. Penso em colocar uma foto no painel do próximo veículo de balada pra ele nunca se sentir sozinho.
Esquecê-lo, jamais. Todas as suas características estão guardadas em nós. O adesivo de medicina, o amassadinho no porta malas, a ausência de som, a sujeira interna, enfim, tudo. Porque aqui dentro o pra sempre não acaba. Fica bem, Palhuca. Faça do seu novo dono um rapaz feliz como você nos fez durante todo esse tempo. E passe sempre que der por entre nós.
Nos vemos por aí...
2 comentários:
Só de ler esse texto já me dá vontade de chorar. Época q nao volta nunca mais, né?!
Só o palhuca sabe de TUDO oq foi aprontado....!!
Esse texto é MARA e demonstra em poucas palavras UM pedaço da nossa história q eu vo guardar pra sempre.
Beijo ;*
" algumas tentativas em vão de se cantarolar uma balada ou outra." cantar? sim...ele tinha som pq eu estava la dentro, CANTANDO, ALWAYS!
e ele era o unico com piloto completamente automatico, já tinha ate o caminho da roça guardado, pq afinal, quem voltou pra casa do bessa?
éééé... saudade!
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