29.4.09

um conto em cinco

I
Foi um rebuliço na favela quando Daltinho chegou de mão dada com a bonitona da rua Debaixo.
Daltinho era menino bom, trabalhador, titular do Favelinha Futebol Clube. Fazia os "corre" do seu jeito, sem dar bandeira e corria à boca grande que os demais tinham inveja das mulatas que ele pegava.

Menino levado, moleque do samba, atrevido. Seu negócio era mulher sem compromisso.
- Que é que deu nele, ein?
- Tá apaixonado.
- Apaixonado? E ele lá é homem de falar de amor? Agora me aparece de mão dada com gentinha de fora. Deixa ele vir bater na porta de casa essa noite que eu lhe boto pra correr.
Iracema, como tantas outras, era apaixonada por Daltinho. Por morar perto era caso fixo no fim de noite, feriado ou de manhã bem cedinho.. Iracema sabia das outras, não se importava, mas no fundo esperava por um sentimento de Daltinho que nunca veio.

Na favela o comentário era geral. No bar os amigos contavam pra quem quisesse ouvir que Daltinho há dias não aparecia por lá. Não se via mulher pulando janela em nenhuma hora do dia e muito menos ele chegando tarde da noite em casa.
Daltinho realmente estava mudado.

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