26.4.12

Entre ventos e trovões de um dia cinza, uma música.
Uma música que não foi feita pra você, tão pouco eu quem fiz, mas uma música que me leva à você.
Apesar dos versos dizerem o contrário.
Quem chora quer ir pra lá.
Esse lá, quem dera fosse um acorde maior, desses que resultam numa canção feliz, que todo mundo sai do chão. 
O lá pode ser qualquer lugar frio que não tenha você.

Mas ele continua aqui.
Como eu. Do meu lado, talvez. Ou do seu?
Ele tem soprado algumas notas aos meus ouvidos.
Enxugo algumas lágrimas, enquanto rola a melodia.

Mas, agora o barulho da chuva abafa a sua voz quase rouca num computador 1997.
Tudo bem. Decorei suas frases; "apagar a tua marca de mim";
olho para frente, como ele, desejando o lá,
mas continuo aqui.
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"Lá pode ter um novo amor pra eu viver 
Quem sabe, uma nova dor pra eu sentir
A droga certa vai fazer te esquecer
Vai apagar a tua marca de mim
Tudo pode estar lá...
... e eu aqui."

10.4.12

Se um dia for errado
a gente se apaixonar,
se entregar de olhos fechados a quem não sabe amar.

Qual o preço da coragem?
O quanto pode suportar, 
um amor mal acabado
que acabou de começar?

Eu preciso de um tempo pra mostrar que aqui dentro
coração bate por ti.
E que nem um momento, tanto sentimento, se perdeu de mim.

E um dia eu escrevi 
"guardo tudo que for teu,
pra que não falte nada,
pra que não falte você.".

SP 348


No meio da serra não há nada.
No meio do nada só bate o vento.
Eu escrevi uma letra que não é uma canção, me falta estrutura para conitinuar.
No alto, as nuvens rabiscam o zul do céu de branco.
Agora é aquela hora em que eu falo besteiras e você rebate perguntando quantos anos eu tenho.

Ninguém ao lado.

Já se foram 100km e eu ainda não sei qual BR me leva até você.
Retorno a 500m.
Saída a 2km.
Me põe na sua rota,
escreve no meu céu.

4.4.12

Quem, além de você?


Queria invadir o teu espaço, a tua mente, pelas suas veias descobrir exatamente o que sente.
"Será que você ainda pensa em mim?", me diz, Leoni, "me leve pra qualquer lado; mentiras sinceras me interessam" de agora em diante.
Pedir ajuda a quem se nos cercamos no "apenas eu e você", mas me diz, agora, "o que faço eu da vida sem você?". Nem Caetano obteve respostas. Pobre de mim.

As frases dos últimos dias não combinam com você.
O último fim de semana não combina com o nosso.
Coração endurecido, olhar fixo, ora para baixo, ora para qualquer lado que não fosse o meu.
"Tô com sono".
Esse sono tem nome, eu já vi isso acontecer, mas não quero perguntar. Saio do quarto pra que você ganhe um pouco mais de tempo. O qual prefere gastar fingindo adormecer para espanar a dor, porque sabe que tão logo ela não se vai. Eu ajeito algumas coisas pela sala e cozinha. Não há muito o que fazer. É sábado e...
"Posso deitar?"
"Faz o que você quiser" - engoli seco, confesso. Respiro fundo, me ajeito e nada...
"Se você não falar comigo direito, eu vou embora"
"Faz o que você quiser", dessa vez encarando o meu olhar.

Eu nada tenho a fazer que nem do lugar eu sou capaz de sair, te pego a força trinta segundos depois e enfrento:
"Me fala o que tá acontecendo, a gente precisa conversar"
"Eu não aguento mais" - uma onda de lágrimas alaga o teu olhar. No instante entre buscar fôlego e fazer parar de tremer a voz, ela escorre. Nem uma lágrima fui capaz de deter.
Você soluça. Eu sigo atônito. Digo que vai ficar tudo bem, mas nisso você também não acredita mais. Na ânsia do ódio você repete todas as falhas desde o começo até agora. Peso todos os quilos, nessa hora. Peço pelo amor de Deus, e, pelo amor de todos os outros santos que eu nem acredito, que você pare, mas as minhas palavras soam mudas pra você. Palavras que um dia foram "gírias do seu vocabulário".
Você cai. Meu colo vira apoio pro desespero que suas lágrimas carregam...

Hoje, segunda-feira, já não consigo sentir que você me ama mais cada vez que me odeia. Está completamente vulnerável a qualquer um que te der um abraço mais confortável, qualquer um que conte uma piada nova que te faça sorrir de um jeito diferente, que te olhe mais desesperadamente, que te faça canções, poesias, que lhe escreva dedicatórias na capa de um livro; declarações públicas de afeto; alguém que dê sentido às suas frases desconexas; um beijo inexplicável à espera da sua total entrega. Só assim, "quando mais tarde me procures", saberá que era exatamente disso que precisava o teu coração. De cuidado. De amor de verdade. E não essa bolsa cheia de coisas desnecessárias que você carrega nas costas.

Agora você muda a casa, o quarto, a trilha sonora, toda a sua agenda, se refaz, troca roupa, maquiagem, celular; sai andando de mãos dadas com Caetano Veloso, assoviando a melodia de "só vou gostar de quem gosta de mim".

Quanto à mim...
não sei as horas, que dia é hoje,
se faz chuva ou sol,
"meu amor, cadê você
eu acordei não tem ninguém ao lado"