27.6.10

A vida que chamo de minha

É bom viver o que já foi vivido. O que já se viveu.
Viver de novo. Reviver.
Bom saber que tudo está em seu lugar.
Triste enxergar que tudo ainda está no mesmo lugar.
Nenhum passo. A mesma direção.

Tão bom saber que nada sai do lugar quando se quer voltar. Bom querer voltar. Mas não se trata de uma volta no sentido literal da palavra. É uma passagem. Um dia apenas, poucas horas.
Talvez ninguém saiba que isso seja assim. Todos comentam e acreditam, realmente, que seja um retorno. Uma volta.
Todos olham de dentro, ainda são os mesmos olhares.
Um pouco mais curiosos, talvez.
É muito simples para ser tratado assim.

Caí nesse espaço que um dia foi meu. Visitei esses lugares que um dia passei. Provei do amargo sabor do passado. O meu próprio passado. Revistei amores, pessoas por quem um dia eu morri, atitudes que um dia eu tomei.
Me senti livre no final. E pude provar o sabor de ser quem eu sou. O doce sabor de poder estar onde sempre desejei. De viver amores que sempre esperei, por mais complexos que fossem, por mais distantes que sejam. São meus. É a vida que eu chamo de minha.
Por ora lamento o que fui, agradeço o que sou. Dos outros retiro o melhor e carrego os que fazem valer o esforço. De resto mantenho a postura, apresento o sorriso e mostro o melhor de mim. Quem na verdade sempre fui.
Eu.

Um comentário:

i disse...

é bom também reviver o que ainda não foi vivido. esperar do futuro o que ainda não foi ou o que já pode ter sido. escolher outro lado, outro abraço, tomar outra direção. (re)viver com quem ainda não se viveu. e ter incerteza do que pode chegar, falar o que deveria ter sido falado e amar o tanto que deveria ter sido amado. e fazer como deve ser feito, respirar o ar pra dentro, reviver nos lugares certos com as pessoas certas, usar o que convier. reviver com passos largos. com frases curtas. reviver com tempo. reviver comigo, reviver contigo.