21.5.09

uma saudade

Eu escrevo sobre uma saudade.
Uma saudade que já tentei exilar, isolar, deixar de castigo num canto, guardar numa caixa e lacrar. Uma saudade que eu nunca tentei matar. Faltou coragem. Talvez eu goste de sentí-la. Talvez ela faça com que de ti eu não me esqueças.

Uma saudade que outrora e sem hora vem me visitar. Me traz esse alguém com quem ainda passo horas a confessar besteiras, rir de bobeiras e chorar de falsas tristezas. Esse alguém não sabe que por instantes tento transformá-lo em ninguém. Tolice. Me quebra com aquele sorriso e volta a ser o mesmo alguém. Mais intenso. Mais saudade.

Oh saudade que não se vai
óh alguém que de mim não sai.

18.5.09

Estou cansada das coisas que ando vendo por aí.
Algumas delas sei que posso mudar. Primeiro trago você pra minha vida e já começo a ver o mundo de outra forma. A forma que carrega todas as cores do arco-íris.
Quero saber de você, ouvir histórias e convidar a visitar lugares que passei.

Me encorajo enquanto vc ri.

17.5.09

A despedida do Palhuca

*texto originalmente escrito em 2007

Meu dia estava indo tão bem. Um pouco de frio, o sol que fazia não esquentava tanto quanto àquele do meio-dia. Era inverno de 2007. Não me importava, deixara tudo de lado pra ser feliz. Mas, não podia imaginar que no cair da noite viria uma notícia que deixaria a minha noite vazia.
Durante as férias todo mundo já fica tranqüilo, sem muita coisa pra fazer. No inverno então, nem se fala. Uns procuram um bom filme, uma cia. e pipoca, outros se afogam nas cobertas, uns passeiam com amante e outros resolvem acabar com o dia (a noite) daqueles que juram ser seus amigos.
Comigo foi assim.
Não me incluí nos edredons por preguiça de pegar e depois ficar gelada do mesmo jeito porque sempre tem àquela hora de levantar pra ir ao banheiro ou pegar alguma coisa pra comer, outra coisa que todo mundo faz quando não tem nada pra fazer. Não me inclui no filme porque só tem graça quando a gente perde hora esperando a Carmen chegar pra ir ao cinema. Me sobrou aquele programa de mensagem instantânea que consome a minha vida regularmente.


Uns contatos online aqui, outros off acolá, paquera que entra e sai, aquele que você já catou e que não tá mais afim que não pára nunca de encher o saco, tá todo mundo presente, não faltava ninguém. Foi quando numa subida de plaquinha o fim estava próximo e eu nem sabia. E depois falam que o mundo da gente pode mudar em questão de segundos e a gente não acredita. Pois é, comece a reparar, realmente acontece. “Fitta acabou de entrar”, ela dizia. Pronto, foi o começo do fim.
Entre uma introdução naquele papo de novidades daqui, frio por lá “nooooossa to congelada”, ela lança a bomba, sem dó nem piedade: “meu, o Palhuca foi vendido”.
Como assim, gente? Como alguém é capaz de dar uma notícia dessas pra uma jornalista, assim de sopetão? Como se ele não significasse nada pra mim, nem pra nenhum de nós mortais que nele já andamos? Não...isso não poderia estar acontecendo. Não comigo!
“Fitta, como assim?”
“É meu, vendeu?”
Cabou! Zéfini! Já era! Jaz!

Precisei de um tempo pra me recompor e acompanhar o resto da conversa. Apesar de que desastre maior não poderia vir. Só se ele fosse um avião em pleno caos aéreo. Mas não era. Era ele, o Palhuca.
Nesse tempo que tive foi o bastante pra passar um filme na minha cabeça. Esses mesmo de quando a gente gosta muito de alguém que se foi e que você começa a pensar em tudo de bom que já aconteceu. E pensa também no tempo que você não teve pra se despedir, no tempo que você deveria ter aproveitado bem mais, enfim, pensa nele... pensa em nós.

Pensa em quanta coisa aconteceu sem que nós soubéssemos que um dia iria acabar. Porque temos essa mania maldita de achar que tudo é pra sempre? Porra, eu devia ter aprendido com o Renato Russo que o "pra sempre sempre acaba"! Logo eu, que ouvia tanto Legião Urbana! E tinha também aquela versão com a Cássia Eller. Todo mundo conhecia, menos o Palhuca. Ele não sabia o que era música de verdade. Aliás, ele era mudo. Ele não sabia o que era música. Nunca um som alto, uma caixa estourada, nada. Ele não tinha som, mas esse era o charme. Sabe quando a beleza tá no simples? Ele era assim. Não precisava de funk, pagode, axé ou os meus sons alternativos que sempre rolam, ele só precisava de cinco elementos fundamentais: Fitta, Loira, Cãrmen, Heca e Dane (que depois abandonou o barco sem dó e piedade). Ele não precisava ouvir o resto, ele tinha o todo. O riso, o choro, o desabafo, o bafo (de pinga), os gritos e algumas tentativas em vão de se cantarolar uma balada ou outra. Até em russo a gente tentou cantar, mas o eskutchumopompeo não foi feliz, mas rendeu boas risadas que foram eternizadas nele próprio.

Era com ele que a balada tinha que sair. Era só dele a nossa alegria, as nossas bebidas, as nossas pegadas! Só ele fazia valer a pena. Na real ele nem era tão simples assim, sabia? Desconfio que ele tivesse um sistema de piloto automático desconhecido por todos nós, afinal quem desviou tão perfeitamente do Cata Entulho? A Fitta que não foi...não tinha como.
E ficamos sem essa resposta...e sem tantas outras! E agora? Como é que vai ser daqui pra frente?
Nunca nenhum outro veículo automotor de quatro portas preencherá esse vazio que ele nos deixou. Cia, Madalena, Habib’s, entre tantos outros lugares ele será lembrado, eternizado, canonizado. Penso em colocar uma foto no painel do próximo veículo de balada pra ele nunca se sentir sozinho.

Esquecê-lo, jamais. Todas as suas características estão guardadas em nós. O adesivo de medicina, o amassadinho no porta malas, a ausência de som, a sujeira interna, enfim, tudo. Porque aqui dentro o pra sempre não acaba. Fica bem, Palhuca. Faça do seu novo dono um rapaz feliz como você nos fez durante todo esse tempo. E passe sempre que der por entre nós.
Nos vemos por aí...

13.5.09

É pedir demais

Não faz muito tempo eu estive em uma situação digamos um pouco desconfortável, por parte do contexto casual, porém de extremo agrado pela viagem e cia e claro, também pelo cenário - o que não nos interessa agora. Entre um assunto e outro e algumas matérias lidas em voz alta uma frase chamou minha atenção:

- Vou ler tua mão.

Antes não tivesse lido. Doeu saber que várias linhas não
se encontram em mim. Importantes linhas. Curiosas linhas que fariam da minha vida uma vida completa. Que, de fato, não existe. Não existe linha da sorte, coração, cabeça até que tem um pouco, mas sucesso, carreira, nada disso aparece, nem um risquinho de leve onde se possa enxergar com o auxílio de uma lupa. NÃO. NO lupas, No linhas. Só consola um pouco o fato de ter o lado artístico aflorado e o bom relacionamento público, o que cai por terra quando, sem dó nem piedade (e seguido de risadas infinitas), é revelado que a linha da vida é curta.

Isso sim é lamentável. Receber uma notícia dessas friamente no auge dos 23 anos. é desadolador. Se eu soubesse teria bebido um pouco mais que 155 copinhos de cerveja na noite anterior. Eu jamais poderei citar que posso amar alguém pro resto da vida, que posso sequer esperar a pessoa amada pro resto da vida, que posso ser feliz pro resto da vida. Hoje em dia isso me dá uma ideia (já sem acento) muito vaga dos meus próximos dias vividos. Porém, algo me conforta. Não dá pra cantar, atuar, dançar (talento descoberto há pouco), cuidar da sobrinha, pensar, agir, dormir, ser multi-instrumentista (to confusa se mantém o hífen), fazer o social, beber, cair, levantar e ainda ter as linhas da mão completa. Definitivamente não dá! É pedir muito e relatos comprovam:

"mas cara, a tua vida nem existe mais de tanta linha ausente que vc tem na mão! hiuahiuahuahiuahiua elas estão de férias, crônicas néééé...
e a da sorte então? vish azarenta... ROCKO ! sabe aquele canguruzinho que usa uma roupa de baile do hawai? ahiuahuahiuhaiuhauia é VOce."

11.5.09

acordei com saudade da gente.
passei por velhas histórias, bilhetes rasurados e fotos sem cor.
pra você nada mais disso faz sentido.

passou.

passado.

é melhor deixar pra lá.

5.5.09

Top 5

Mart'nália - Entretanto
The Big Pink - Velvet
Shout Out Louds - Go Sadness
Yeah Yeah Yeahs - Hysteric
Velvet Revolver - Fall to Pieces