Hoje, depois de muito tempo, cantei a nossa canção.
Aquela que fiz pensando em você.
Traduzindo nossa história em melodias
fazendo de você meu principal instrumento.
Meu acorde preferido.
Foi estranho.
Custei lembrar a letra.
Fechei os olhos e na parte dos poetas me encontrei.
Foi como se todos eles tivessem me estendido a mão em solidariedade.
Não doeu.
Mas preciso confessar.
Tinha o velho costume de quando tocava violão olhar para cima e encontrar o seu olhar preenchendo meu mural.
Vazio. O seu “esquece" ecoou.
E mesmo assim não parei de cantar.
Passei por cada espaço e tudo era transparente.
Sei não ser novidade no seu mural,
o meu olhar e minhas poses preferidas já não ocupam mais o nosso quarto,
mas aqui, pra mim, eu nunca tive tamanha coragem.
Era o seu olhar que me guiava.
O choro veio e eu mandei embora.
O que mais me assusta?
O final. Da música.
“Se você me esquecer,
te convido a ficar como desenho
entre as nuvens pra eu pode te contemplar”
E da nossa história.
Foi como estourar o bom e velho balão de Cícero.
(efeito tv desligada)