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Showing posts from June, 2025

p. 169

Era cedo ainda quando ela me acordou com uma mensagem dizendo que viria passar o dia comigo. Chegaria em duas horas. Dei um salto da cama, tomei banho, preparei um café forte — não só pra acordar, mas pra perfumar a casa. O tempo ideal pra ter o espaço só pra mim. Me fiz bonito, exercitei a respiração e esperei o tempo passar. Para um ansioso, você pode imaginar o desafio. E então ele chegou. E me trouxe ela, pontual. Coisa de britânico. Quer dizer... enfim. Abri a porta com um sorriso largo. Mal podia acreditar: ela estava em casa. Um abraço longo, apertado, seguido de um beijo molhado de bom dia. — Não vai me convidar pra entrar? — ela pergunta. — You are already in! — Shoes off? — Clothes too. She laughed. Outro beijo. Ela vestida dela mesma. Olhar pra ela dentro da minha casa era como ter a sensação de que ela era minha. E só minha. — Vem, vou te mostrar tudo. Tour pela cozinha e sala. Mãos dadas. Downstairs. Chuveiro e cama. — Aqui onde tudo acontece? — ela pergunta co...

Vicious High

I sip reality in bitter shots, chased by dreams that burn like liquor. Each swallow was a revolt against the ache that moved in before I even had a name for it. My chest stays tight, and I am in a room with no windows. Anxiety doesn't knock; it lives here, unpacking bags into my breath, tapping its fingers on my ribs when I try to sleep. So I reach. For something, or someone, anyone who feels like silence in the storm of my thoughts. Drugs, drinks, touches, lies, all the same brand of escape. I don’t want joy. I just want less. Love? It’s a needle, too. Different syringe, same blood. I crave someone the way the sick crave a cure, forgetting some medicines kill you if you take too much. But I take it anyway— I always take it anyway. I don’t fall in love. I vanish into it. I let them drown me, softly, with hands I mistake for salvation. They hold me until I confuse their leaving with something I deserved. And when they’re gone, because they always go, I don’t just break. I return...

Marcador de Página

Escrevo sem saber se me ouve, se me sente, ou se apenas se esconde atrás do tempo. E  mesmo assim, eu falo.  Porque há palavras que não cabem no peito,  e há silêncios que gritam mais alto do que qualquer som. Não sei o que fomos pra você.  Talvez um capítulo leve, talvez só uma história breve.  Pra mim, fomos livro.  Não daqueles que se lê por curiosidade,  mas os que se vive linha por linha,  com a alma aberta e as mãos trêmulas.  E mesmo que o final tenha chegado sem aviso,  ainda releio nossas páginas em silêncio. Você, talvez, já o tenha fechado e guardado na estante, o u pior, talvez tenha lido tudo enquanto eu ainda tentava entender a primeira frase.  O s eu livro preferido? Eu n ã o li . E talvez por isso, mesmo agora  a história ainda vibra em mim. Há noites em que sua ausência ocupa o quarto todo,  e manhãs em que seu nome acorda comigo,  como um trecho sublinhado que nunca saiu da minha cabeça.  Não te...