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Marcador de Página

Escrevo sem saber se me ouve, se me sente, ou se apenas se esconde atrás do tempo. E mesmo assim, eu falo. Porque há palavras que não cabem no peito, e há silêncios que gritam mais alto do que qualquer som.
Não sei o que fomos pra você. Talvez um capítulo leve, talvez só uma história breve. 
Pra mim, fomos livro. Não daqueles que se lê por curiosidade, mas os que se vive linha por linha, com a alma aberta e as mãos trêmulas. 
E mesmo que o final tenha chegado sem aviso, ainda releio nossas páginas em silêncio.
Você, talvez, já o tenha fechado e guardado na estante, ou pior, talvez tenha lido tudo enquanto eu ainda tentava entender a primeira frase. 
O seu livro preferido? Eu não li.
E talvez por isso, mesmo agora a história ainda vibra em mim.

Há noites em que sua ausência ocupa o quarto todo, e manhãs em que seu nome acorda comigo, como um trecho sublinhado que nunca saiu da minha cabeça. Não te peço que volte.  Não quero metades, nem culpa, nem curiosidade. Mas se aí dentro ainda vive um parágrafo com meu nome que você sinta. Sinta como quem encontra uma dedicatória esquecida entre as páginas. Como quem abre um livro ao acaso e se vê ali, inteiro.

Se for pra nos reencontrarmos, que o tempo seja poesia e não pressa. Se não for, que minha alma te liberte com doçura. Com amor. E que, de algum jeito, mesmo sem palavras, mesmo sem saber, você entenda que eu fui amor mesmo no silêncio. E se um dia, entre livros antigos ou memórias soltas, você encontrar um título que te faça lembrar de nós, quero que saiba que  algumas histórias não têm ponto final, apenas uma vírgula que a alma nunca quis apagar.