Quão pequenos nos tornamos quando contemplamos a imensidão do mundo em cima da pedra mais alta? Muito, eu penso. E, ainda assim, sinto-me entrelaçado nesse todo. Do alto da montanha, meus olhos alcançam uma linha infinita. Vejo as sombras das nuvens dançarem sobre o chão, como pinceladas vivas. Que maravilha. Estou tão elevado que quase toco os dedos de Deus. Por instantes, esqueço o medo e a ansiedade da subida. Apenas respiro, quase sem ar. Na descida, a paisagem se mistura com vestígios do que foi. Restos que carregam melancolia, ausência, dor, e, mesmo assim irradiam estranha formosura. Nesse instante, entre tantas vertigens de sentir, tudo encontra sentido, pois quando ergo o olhar, o horizonte se torna moldura de um passado inesquecível. Até onde sua visão se estende? O amor também é assim. Um coração em escombros ainda guarda seu encanto, transbordando lembranças que não se explicam. Como quando você partiu, mas o espaço que habitou em mim permaneceu; gasto. Silencioso, aberto ao vento e paradoxalmente belo em sua fratura.
porque todo mundo guarda um segredo.