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A falta é o não haver. E haver vem de existir. Mas que confuso tudo isso se torna quando, no silêncio dos meus dias, é justamente você quem mais se faz presente. A ausência pesa, ocupa, grita baixinho nos cantos onde sua voz costumava morar.
Saudade é palavra pequena para o universo que carrego no peito. É solidão acompanhada. É o eco de uma presença que insiste em continuar mesmo depois da partida. Ela vem sorrateira, se espalha pela casa, deita comigo, caminha lado a lado. Não dói como uma ferida aberta, mas arde como uma memória viva que insiste em se repetir. E como arde. 
É estranha essa saudade. Não pede licença. Rodeia meus dias e minhas noites. É a alegria em lembrar dos momentos bons; é o vazio de não poder revivê-los. É lembrar do riso, da conversa, dos olhares e, ao mesmo tempo, entender que tudo virou lembrança.
Talvez o mais bonito, e mais cruel, talvez, da saudade seja essa dualidade: ao mesmo tempo em que consola, machuca. Não existe palavra em nenhum idioma que consiga traduzir o que ela realmente é. Só se sente. Só se vive. Só se carrega. E eu sigo, convivendo com essa ausência tão cheia de nós.