O Lado B do A

Não há como explicar o sentimento. São segundos em silêncio. O silêncio é carregado de sentimento. Geralmente quando teu mundo vem ao chão. E em câmera lenta, durante o silêncio, você desaba. É o ficar sem reação. Só seu coração sentiu. É um sofrimento que não se explica. Só se aplica. Por isso tantas traduções foram deixadas para trás. O que vem do coração não se explica. É sentimento. Seja ele como for. Sempre bom, vem de onde está o seu tesouro. Não importa a forma que vem, mas sim o que proporciona. Isso é puro sentimento; é sentimento de verdade . E quando de verdade te faz rir durante o choro. Sem causar-lhes dor. Abra-se, sentimento demais não se dispensa. Poucos sentirão. Eu estou quase pronta.

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Talvez seja a última vez que você pare pra me ouvir. Pode ser a última vez que encare a cor viva que tem esses seus olhos. Não te falei sobre eles na noite passada? Não deu tempo... Eu descobri todas as suas mentiras. E não foi numa mesa de bar. A real é que eu não sei porque eu ainda insisto em te ensinar a viver. Te falei sobre todas as coisas que você não conhecia. Te apresentei melodias. Te dei de presente algumas palavras. Te ensinei a escrever. Mesmo longe eu fiz questão de me certificar de que todas as minhas cartas chegariam até você. Te falei sobre sonhos. Fiz com que você participasse de alguns deles. Te levei pra almoçar. Te busquei no trabalho. Parei na rua quando te encontrei longe de casa. Aconselhei sobre todas as besteiras que você vinha fazendo. Foi um alerta. E você riu. Mostrei o ângulo preferido da sua virada. Conseguimos o abraço mais apertado. E o tempo entre um e outro era a cosquinha da saudade. Cada vez mais forte. Traçamos um plano. E ficou certo de que ele nã...

Saí. Quando voltei não vi ninguém. Passaram por aqui e deixaram rastros. Nunca um crime perfeito. Parece que colocaram o mesmo filme de domingo a tarde pra rodar nessa sexta a noite. Um pouco mais acelerado, talvez. Mas tudo assim, de surpresa. Algumas coisas acontecem até com os mais preparados. Como nós. Acordei num vazio. Me dividiram ao meio. E nada parece preencher. Não falo nada. Não sinto nada. Só essa dor que se propaga no vácuo. Tô dopada de tristeza. Mas é tempo de acordar e renovar as forças. E isso já me foi dado. É como se eu viesse ao mundo nesse momento. Existem coisas a se descobrir. Preencher esse tal vazio é me abastecer com as novas coisas que virão. E isso não inclui você. Nem essa sua mania besta de chegar sem avisar, tirar meu sono e me levar pra lugares incríveis. Sentirei a sua falta, meu corpo clamará pela tua presença e, talvez, eu precise ficar mais longe. Ainda que sozinha, pra te esquecer. Essa não será a primeira vez. Os nossos caminhos estão cruzados, por...

acho que o nosso lance é esse lance de não ter lance nenhum .

Puro na essência, perdido na loucura. Tão carente quando fala, no seu jeito ou postura. Dentro da sua insanidade procurando a sua cura. Porque tudo o que você viver pode soar como mentira. Causar dor, trazer angústia. Algo que não precisa. Mas te corrói. O amor é livre pra ser vivido e no mínimo correspondido. Ninguém ama sozinho.

A culpa é sua de tudo estar assim. Não, não quero fugir das minhas responsabilidades. Mas a culpa é sua. E só sua. Foi você que inventou essa história toda de ficar longe. É da sua cabeça esse lance de "estou dando um tempo pra mim" Quem foi que disse que esses são seus verdadeiros amigos? Pára. Tem tanta gente do teu lado, querendo te pegar no colo que você não tá enxergando. Amanhã pode ser tarde demais. Foi o que eu li na parede em que você escreve. Nela me deixou alguns recados. Ligou dizendo que voltava. Mas quem disse que essa pessoa aí é você? Pára. Chega de mentiras. Um dia elas serviram de charme, truque, ou sei lá o que. Hoje elas correm pro lado do fim. Correm juntas com o fim. Deram as mãos. Eu não queria ter dito tudo isso na tua cara. Te faria chorar. Mas vi tua lousa em branco e fiz questão de te escrever. Parei. Saudades.

Um dia eu te olhei e você não era ninguém Pisquei e era você do meu lado. Parei pra ver e já era alguém em minha vida. Esses com cargos que as outras pessoas nomeiam para facilitar e dizer: minha melhor amiga, meu conto de fadas, minha aventura. Meu namorado. Quem é você? Fui eu quem te escolhi. Te vi de longe e foi a dedo. Eu só senti. E de novo eu vi e já era impossível viver sem você. Tenho muita coisa pra contar, mas só pra você vou dizer. Você não parou pra escutar. Olhei de novo e deu as costas pra mim. Pisquei e o tempo passou. Te olhei de novo e você já passou. Não sei mais. Foi bom, mas voltar atrás? Hoje eu te vi de longe. Quanta diferença faz. Quem você é hoje não me faz mais feliz. É que passou, mas o que vem... vai vir pra ficar. Nos encontraremos.

e eu vou dormir querendo mais de você.

Sabe assim quando os dias são cinzas e tudo lá fora é gelado? Isso me lembra você. E quando o sol tenta sair de trás das nuvens e se encontra com as folhas caídas ao chão? Isso me lembra você. O cheiro da terra depois da chuva que deixa levemente molhada a grama onde olho de longe o chão mesclar com céu. Isso também me lembra você.

I E ele parece recordar de algo e, ao mesmo tempo que não lembra, parece fazer questão de não lembrar. Fazemos parte da mesma história, passa a bola, são dois os lados e uma só lateral. Todo mundo deseja o que não tem. E eu só quero você. II Se eu soubesse explicar talvez te fizesse entender, a vida é mais completa agora. Nos encontramos.

Deixei o 31 passar, dei um passo adiante e olhei pra trás. Me coloquei de frente ao passado. Ainda não havia feito a digestão. Então vivi mais dois dias e sentei pra contar parte do que me fez completa. Cada dia de 2010 dá um livro. E o engraçado é que pra falar do ano que passou, falo ainda de outros anos. Como se os acontecimentos fossem unidos ininterruptamente. Todos os outros anos foi um preparo, por que 2010 foi realização . E o começo de tudo é num olhar. Desajeitado, meio perdido, meio confuso. Nada lúcido, como pede o carnaval. Um Querubim perdido no salão. Aquele olhar mudou a minha vida. E a minha história começa aqui. Eu preciso te agradecer, mais uma vez. Mas, de volta ao ano de 2010... foi um ano livre, onde encontrei o amor que rege a vida e nos dá todos os momentos inesquecíveis. A música. Os sorrisos. O completo. Quantas mudanças em meio ao caos, quantas glórias. Em 2010 todos os arrepios me fizeram chorar compulsivamente. Sozinha ou na frente de todos. Ao seus pés. Na...