O Lado B do A

Era cedo ainda quando ela me acordou com uma mensagem dizendo que viria passar o dia comigo. Chegaria em duas horas. Dei um salto da cama, tomei banho, preparei um café forte — não só pra acordar, mas pra perfumar a casa. O tempo ideal pra ter o espaço só pra mim. Me fiz bonito, exercitei a respiração e esperei o tempo passar. Para um ansioso, você pode imaginar o desafio. E então ele chegou. E me trouxe ela, pontual. Coisa de britânico. Quer dizer... enfim. Abri a porta com um sorriso largo. Mal podia acreditar: ela estava em casa. Um abraço longo, apertado, seguido de um beijo molhado de bom dia. — Não vai me convidar pra entrar? — ela pergunta. — You are already in! — Shoes off? — Clothes too. She laughed. Outro beijo. Ela vestida dela mesma. Olhar pra ela dentro da minha casa era como ter a sensação de que ela era minha. E só minha. — Vem, vou te mostrar tudo. Tour pela cozinha e sala. Mãos dadas. Downstairs. Chuveiro e cama. — Aqui onde tudo acontece? — ela pergunta co...

I sip reality in bitter shots, chased by dreams that burn like liquor. Each swallow was a revolt against the ache that moved in before I even had a name for it. My chest stays tight, and I am in a room with no windows. Anxiety doesn't knock; it lives here, unpacking bags into my breath, tapping its fingers on my ribs when I try to sleep. So I reach. For something, or someone, anyone who feels like silence in the storm of my thoughts. Drugs, drinks, touches, lies, all the same brand of escape. I don’t want joy. I just want less. Love? It’s a needle, too. Different syringe, same blood. I crave someone the way the sick crave a cure, forgetting some medicines kill you if you take too much. But I take it anyway— I always take it anyway. I don’t fall in love. I vanish into it. I let them drown me, softly, with hands I mistake for salvation. They hold me until I confuse their leaving with something I deserved. And when they’re gone, because they always go, I don’t just break. I return...

Escrevo sem saber se me ouve, se me sente, ou se apenas se esconde atrás do tempo. E  mesmo assim, eu falo.  Porque há palavras que não cabem no peito,  e há silêncios que gritam mais alto do que qualquer som. Não sei o que fomos pra você.  Talvez um capítulo leve, talvez só uma história breve.  Pra mim, fomos livro.  Não daqueles que se lê por curiosidade,  mas os que se vive linha por linha,  com a alma aberta e as mãos trêmulas.  E mesmo que o final tenha chegado sem aviso,  ainda releio nossas páginas em silêncio. Você, talvez, já o tenha fechado e guardado na estante, o u pior, talvez tenha lido tudo enquanto eu ainda tentava entender a primeira frase.  O s eu livro preferido? Eu n ã o li . E talvez por isso, mesmo agora  a história ainda vibra em mim. Há noites em que sua ausência ocupa o quarto todo,  e manhãs em que seu nome acorda comigo,  como um trecho sublinhado que nunca saiu da minha cabeça.  Não te...

E o que eu faço com a falta que a sua falta faz? Eu grito em acordes menores o refrão da musica que casualmente encontrei traduzindo o que na época não podia traduzir. E repito, incansavelmente, o trecho que diz que não quero fechar os olhos com medo de sentir demais a sua falta. Enquanto isso, repriso a cena na minha mente: a música ecoando, você nos meus braços, nas escadas de um lugar frio e mal iluminado, onde ninguém nos vê e nós nos sentimos. As batidas dos nossos corações se alinham. O choro ameaça vir, mas para na garganta. Toda a emoção daquele instante transborda pelos meus dedos e escorre pelas cordas do violão. Cada acorde é um mantra que repito na esperança de te esquecer. Mas o choro vem. A cena se repete. Dessa vez, sem você.

“When I utter those words, 'I don't know,' it dances on the air, far more complex than it seems. There was a time I walked in certainty, where life's path felt settled and assured. I believed in the existence of others along this journey, yet never took the time to bridge our worlds, to weave our stories together.  When I whisper my uncertainty, it stems from a place I never dreamed existed—the depths of my heart, where feelings intertwine like vines, ensnaring me between two souls. I never imagined how effortlessly I could be swept away by her, caught in the thorns of love.  If only the choice were so clear-cut.  You think I should leap fearlessly or relinquish you to the winds of fate, but I've wrestled with this battle countless times—in the silent corridors of my mind, in the tender chambers of my heart.  At times, it feels right, an embrace of possibilities, yet in the blink of an eye, the clarity fades into shadows again. And oh, how piercing it is to listen t...

To write is often to reopen wounds, to face the ache of memory and feel again what once whispered in the dark. Perhaps that’s why some poets turned to opium: to numb the pain just enough to hear the truth more clearly. They didn’t run from feeling; they distilled it, drugged just enough to choose the right words, turning torment into beauty, sorrow into verse. Art, after all, demands a toll. And memory never comes without its ghosts. Now, as I write my own book, I’ve chosen to face the past with my eyes closed — not to escape, but to relive. Not with opium, but with you .  You are the presence I breathe in.  And in every memory I revisit, it’s your shadow I find shaping the story.  You are the pulse behind every page.

...between the boy who had always been there, warm and familiar, and me, a sudden spark in a dim corridor. Her heart, a compass constantly spinning, never quite pointed home. And that was enough to begin something we never quite finished. It wasn’t love. Not at first. It was a spark—the kind that catches if the wind’s just right. We told ourselves it was innocent. It wasn’t. The truth was, we both wanted to be seen. To be chosen. To be the reason someone turned around. She drifted between us like someone chasing her own reflection in a broken mirror—wanting him, wanting me, wanting no one at all. And when the wanting dried up, she stood in the stillness, trying to remember who she was before she bent herself to fit into someone else’s hands. Lisbon was where it all came undone. Not loudly. Quietly. The kind of unravelling that feels like a confession. The truth, the ache, the thing neither of us could name. Her voice was a murmur against the chill air as she sat near the river, and her...