6.6.13

Singelo Dormir

Quarto escuro que me ausenta da visão de tua figura. Duas cobertas. Seis travesseiros.
A gente se enrosca, mas agora é diferente.
Eu velo o acalmar da tua respiração até que eu me acalme também.
Seu sopro profundo e êxtase involuntários do seu corpo não me assustam, apenas me trazem, com clareza, a segurança de que esta noite tu dormirás.
Em meus braços, um singelo dormir.

Seco

Cavei um buraco em meu coração, preenchi com terra nova que sustenta fortes raízes.
Vomito fumaça preta. Eu não rego, porque regar é pranto E eu não quero chorar.
Eu não quero chorar.

Mas terra mal cuidada é terra podre. Apodrecido está o meu peito. Apodrecido está o meu coração.
Mas eu não quero e eu não vou chorar.
Eu não vou chorar.
Lágrimas não te comovem. Palavras não te comovem mais.

Seco também está o seu coração.
Vazio preenchido com fumaça.
Que vira cinza. E vira toco. E joga fora.

___

Meia luz, meio sol, meio você.
Frio.
Meio cigarro que queima e o vento sopra espalhando a dor que a fumaça tira do meu peito.
Arde. E não passa. E nada esquenta.
Inverno sem você.

___

Eu vago, não vivo.
Eu não gostava, mas Caetano me fez entender:
"você não me ensinou a te esquecer".
Quanto tempo mais?