27.5.12

As palavras choram à um velho diário.
O escrivão é o meu velho e cansado coração.
De testemunhas, caneta e papel.

Choramos um sentimento dolorido, machucado, corrompido pelo tempo - pelo tempo? - sagaz e completamente delirante. Marcado por chegadas e despedidas.
Algumas partidas, alguns, puderam conferir de perto.
Porém, nem um outro notou meu coração se partir.

21.5.12

Quando a gente lê III

"Teria por ai um lugarzinho? Um lugar qualquer, me ajeito em todo 2m² pra te ter pra sempre! Sabe aquele potinho do qual você fala? Serve! Pode ser! Corre pegar ele, antes que sua cabeça mude e você não me queira na sua estante ou em cima do seu piano. Pode ser na caixinha de música também, para poder abrir quando quiser lembrar; eu danço aquela coisa ridícula na ponta do pé pra te ver sorrir.

Me pendura na bolsa, cuja a qual, você jamais desgruda ou deixa alguém tocar. Estou sujeita a tudo pra te ter por perto.

E, naquele dia, você sentou e sua mão de dedos compridos e unha bem feita deslizava sobre o piano como se fosse cetim, e eu ali sentado como um dois de paus maravilhado, às vezes servindo até como peso de papel ou como encosto pra sua cabeça e valeta pras suas lágrimas.

Era a tardezinha, o sol estava pra se pôr e, a uma hora dessas, o céu estaria fazendo um show. Você sentou no piano como de costume, o tom era pesado, seus dedos apertavam as teclas de tal forma; sua raiva era grande e você se quer me deu o sorriso de sempre antes de começar, você não percebeu, mas o piano tremeu.

Você tinha total atenção em mim e naquele dia aquela musica não era pra mim, aquelas lágrimas não eram minhas e até o seu perfume era outro.  Quebrei!"

Parte II

Tudo isso ainda é pouco.
Quase um nada pro que há de vir.
Não farei como das outras vezes, você me ensinou a encarar de frente, ainda que doa.

Faz 10 graus e a minha blusa é meia manga.
O vento invade e faz um corredor, fica mais forte e os meus cabelos não saem do lugar.
Quero cantar e não tenho voz.

Você realmente merece alguém que faça canções com melodias melhores que as minhas,
merece alguém que te leve pra jantar, te coloque pra dormir, alguém que faça isso todos os dias, que caia na rotina e, ainda assim, não perca o brilho nos olhos.
Alguém que a cada dia te acorde com um novo adjetivo, que te surpreenda numa terça à tarde com flores ou qualquer gentileza nas palavras.
Simples e leve, como o cair das folhas secas num dia cinza de outono.
Tudo bem, isso te colore. E te encanta.
E você se pega sorrindo no espelho, sem querer. Sem saber de onde vem.
Não cabe explicação.

Sigo feliz por você.
Apenas.
Por você.

Parte I

Pago com dor o preço de um crime pelo qual fui mentor.
Hoje, depois de meses, me fez falta o teu boa noite.
Não são necessárias as suas desculpas, já tem "coisas" demais por aqui, mas posso notar, ou melhor, sentir. Nos piores dias não faltou você. Hoje, algumas das suas atitudes, fizeram com que eu me perdesse.

São seis da manhã de um dia corrido. E (in)completo. Assim, entre parênteses.
Eu não quero dormir pra não compartilhar das revelações que meus sonhos trazem. Como ontem.
Como naquele dia em que eu te disse um mar de coisas e você respondeu dizendo "besteira, pára de pensar".
Talvez eu não saiba nada do mar, mas sei do que me é revelado.

"As coisas acontecerão exatamente do jeito em que eu disse que elas aconteceriam"
"Complexo"
Silêncio.

Hoje eu pedi colo de mãe logo cedo.
É mais macio para chorar.

17.5.12

Como Sempre

- Eu gosto de você mais perto
- De novo esse mesmo assunto?
- Talvez, é que eu queria entender algumas coisas te fazendo algumas perguntas, mesmo sabendo tais respostas.
- Eu não sei responder as suas perguntas, não sou bom com essas coisas.
- Só me diz se o que eu ando pensando é certo ou errado, não tem problema dizer que pra você curtição tem fim, que sei lá, é aquela fase que voltou, mas que vai passar, que vai rolar e qualquer hora você liga querendo me ver, diz um "qualquer coisa".
- Calma! Agora você me confundiu!
- Bem vindo!
- Deixa ser como sempre foi. É só isso que eu quero dizer. Do nosso jeito. Não entende errado se me faltarem as palavras. Ainda estou aqui. Cadê você?

Perto e longe. Vem e vai.
Confusão.
Queria te falar que aquela última troca de olhares congelou meu coração.
Como sempre.

14.5.12

De olhos fechados

I'm lost.
São os dizeres do quadro na parede do meu quarto. Que exala o álcool preso à mim durante a noite passada. E talvez de todas as outras noites também, o cheiro está forte. Meu cabelo fede a cigarro e eu acordei na mesma posição em que deitei. Apaguei. Não consigo lembrar de todas as coisas. Cheiro festa. Preciso ir ao banheiro, mas evito qualquer contato com o mundo ao abrir aquela porta. Por aqui é tudo escuro, a começar pelos meus olhos borrados de preto. Já é meio dia e eu não quero acordar. Minha cabeça carrega o peso de todas as culpas.

Um trago,
um gole,
fumaça e prazer;
Um spray pra esquecer,
um foda-se pro mundo,
me deixem morrer.

***

Não importa se lá fora é dia ou noite, eu não quero sair.
Não ligo se faz calor ou frio, a minha temperatura deve ser sempre a mesma.
Eu não sinto nada.
É isso! Eu tô pronto pra ir embora.
Pronto pra encarar todas as coisas que um mundo sem você pode oferecer.
Ar puro, antes que suas falas quebrem os efeitos das minhas.
Quero encarar esse azul do ceu que paira em minha janela e não esse vento forte
que sopra esfriando a alma e me faz um ser nenhum.

***
Eu saí de casa pra você.
Usando a roupa que você queria, o perfume
que você queria e maquiagem.
Cheguei na hora e trazendo as pessoas que você queria.
Eu fui pra ver você.
Estacionei na primeira fila.
Quando acabou, eu fui pra casa. Dormir.
E, de novo, o meu pedido ao pé d'ouvido foi o mesmo:
"não me decepciona".
Não pode ser verdade.
Risquei (mais) esse dia!

***

Inspirações ocultas me levam a te querer.
Menina dos olhos, na boca só o teu sorriso,
dona de si, num tamanho único cabível em qualquer frágil carícia.
Mais um gole e eu me embriago em você.
And I will...